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GOVERNO
Nomeação de vice-presidente gera descontentamento do ministro Furlan
Mantega troca comando e
diz querer BNDES mais ágil
ANDRÉ SOLIANI
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Guido Mantega, vai aproveitar a troca de comando da instituição para reestruturar as funções da diretoria. O
objetivo é dar mais agilidade para
o banco. Demian Fiocca, seu assessor direto no Ministério do
Planejamento, será o novo vice-presidente da instituição.
A escolha de Fiocca não agradou ao ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan,
que fez chegar ao Palácio do Planalto seu descontentamento.
Apesar disso, ele não vai comprar
briga com Mantega porque avalia
que o escolhido para função tem
de ser alguém de inteira confiança
de Mantega, transferido do Ministério do Planejamento para o
lugar de Carlos Lessa no BNDES.
Apesar da derrota pontual, Furlan manteve dois diretores de sua
confiança que já estavam no banco -Roberto Thimótheo da Costa e Maurício Borges Lemos- e
nomeou Armando Mariante de
Carvalho, que estava na presidência do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial).
Segundo assessores próximos
ao ministro, ele também participou da escolha de Carlos Kawall,
economista-chefe do Citibank,
para compor a diretoria.
Dos seis diretores (incluindo o
vice-presidente) apenas Lemos
-nome indicado por Furlan no
início do governo- e Costa permaneceram. Os outros quatro foram trocados. Ainda não foi definida a área de cada diretor, o que
deve ocorrer nos próximos dias.
Além do vice-presidente, Mantega também decidiu levar para a
diretoria do banco Antonio Barros de Castro, que foi presidente
do BNDES entre 1992 e 1993. Castro e Fiocca eram colaboradores
de Mantega no Ministério do Planejamento.
O novo vice-presidente ocupou
duas secretarias do Ministério do
Planejamento durante a gestão de
Mantega. Em 2003, ele foi o secretário de Assuntos Internacionais.
Neste ano, assumiu a chefia da
Assessoria Econômica. Como
chefe da assessoria, Fiocca coordenou a elaboração e as negociações do projeto de lei das PPPs
(Parceiras Público-Privadas).
Castro, por sua vez, era assessor
especial de Mantega.
Mudança
Segundo Mantega, a principal
missão da nova diretoria do
BNDES é aprovar a liberação de
recursos com mais rapidez.
"O que muda é que nós vamos
procurar agilizar as operações do
banco. Nós acreditamos que o
banco poderia ser mais rápido na
liberação de crédito", disse o ex-ministro.
Um das razões que levaram
Carlos Lessa a ter de deixar a presidência do BNDES foram as críticas, que partiram muitas vezes do
próprio Furlan, em relação às dificuldades que os empresários enfrentavam para conseguir dinheiro do banco.
Mas pesou também para saída
de Lessa o fato de Furlan o considerar muito independente e incapaz de se subordinar às diretrizes
estabelecidas por ele. Desde a posse de Lessa, ele o ministro não se
entenderam. Lessa também criticou a política econômica, o que
gerou atritos com o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Acertada a saída de Lessa, Furlan chegou a pensar que conseguiria colocar na presidência do
BNDES um nome de sua inteira
confiança. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, acabou indicando Mantega para poder abrir espaço nos ministérios
para uma reforma. Furlan considerou positiva a indicação do então ministro.
Na troca, ficou acertado que
Furlan teria a prerrogativa de escolher o novo vice-presidente. Assessores do ministro chegaram a
dizer que o novo vice-presidente
seria "um gerentão da inteira confiança dele", responsável em tocar
o dia a dia do banco. Prevaleceu
no final um nome de Mantega.
"O Fiocca, que é nossa companheiro de dois anos, está no ritmo
do jogo", disse ontem Furlan, que,
de público, considerou boas as escolhas do presidente do BNDES.
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