São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2004

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GOVERNO

Nomeação de vice-presidente gera descontentamento do ministro Furlan

Mantega troca comando e diz querer BNDES mais ágil

ANDRÉ SOLIANI
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Guido Mantega, vai aproveitar a troca de comando da instituição para reestruturar as funções da diretoria. O objetivo é dar mais agilidade para o banco. Demian Fiocca, seu assessor direto no Ministério do Planejamento, será o novo vice-presidente da instituição.
A escolha de Fiocca não agradou ao ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que fez chegar ao Palácio do Planalto seu descontentamento. Apesar disso, ele não vai comprar briga com Mantega porque avalia que o escolhido para função tem de ser alguém de inteira confiança de Mantega, transferido do Ministério do Planejamento para o lugar de Carlos Lessa no BNDES.
Apesar da derrota pontual, Furlan manteve dois diretores de sua confiança que já estavam no banco -Roberto Thimótheo da Costa e Maurício Borges Lemos- e nomeou Armando Mariante de Carvalho, que estava na presidência do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
Segundo assessores próximos ao ministro, ele também participou da escolha de Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank, para compor a diretoria.
Dos seis diretores (incluindo o vice-presidente) apenas Lemos -nome indicado por Furlan no início do governo- e Costa permaneceram. Os outros quatro foram trocados. Ainda não foi definida a área de cada diretor, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Além do vice-presidente, Mantega também decidiu levar para a diretoria do banco Antonio Barros de Castro, que foi presidente do BNDES entre 1992 e 1993. Castro e Fiocca eram colaboradores de Mantega no Ministério do Planejamento.
O novo vice-presidente ocupou duas secretarias do Ministério do Planejamento durante a gestão de Mantega. Em 2003, ele foi o secretário de Assuntos Internacionais. Neste ano, assumiu a chefia da Assessoria Econômica. Como chefe da assessoria, Fiocca coordenou a elaboração e as negociações do projeto de lei das PPPs (Parceiras Público-Privadas). Castro, por sua vez, era assessor especial de Mantega.

Mudança
Segundo Mantega, a principal missão da nova diretoria do BNDES é aprovar a liberação de recursos com mais rapidez.
"O que muda é que nós vamos procurar agilizar as operações do banco. Nós acreditamos que o banco poderia ser mais rápido na liberação de crédito", disse o ex-ministro.
Um das razões que levaram Carlos Lessa a ter de deixar a presidência do BNDES foram as críticas, que partiram muitas vezes do próprio Furlan, em relação às dificuldades que os empresários enfrentavam para conseguir dinheiro do banco.
Mas pesou também para saída de Lessa o fato de Furlan o considerar muito independente e incapaz de se subordinar às diretrizes estabelecidas por ele. Desde a posse de Lessa, ele o ministro não se entenderam. Lessa também criticou a política econômica, o que gerou atritos com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Acertada a saída de Lessa, Furlan chegou a pensar que conseguiria colocar na presidência do BNDES um nome de sua inteira confiança. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, acabou indicando Mantega para poder abrir espaço nos ministérios para uma reforma. Furlan considerou positiva a indicação do então ministro.
Na troca, ficou acertado que Furlan teria a prerrogativa de escolher o novo vice-presidente. Assessores do ministro chegaram a dizer que o novo vice-presidente seria "um gerentão da inteira confiança dele", responsável em tocar o dia a dia do banco. Prevaleceu no final um nome de Mantega.
"O Fiocca, que é nossa companheiro de dois anos, está no ritmo do jogo", disse ontem Furlan, que, de público, considerou boas as escolhas do presidente do BNDES.


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