São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2004

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Vendas maiores devem dar lucro a argentinos

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

O governo argentino espera exportar mais carne, soja e farinhas de origem vegetal por conta do aparecimento do mal da vaca louca nos Estados Unidos.
Segundo o secretário de Agricultura, Miguel Campos, a Argentina está em uma situação "altamente favorável" para aproveitar as consequências da crise sanitária americana.
"O primeiro impacto, sem dúvida, vai ser um aumento de ingressos no país por incrementos nos preços e na demanda de produtos derivados da soja", explicou.
Cálculos extra-oficiais apontam que esses ingressos extras poderiam variar de US$ 500 milhões a US$ 2 bilhões, mas a secretaria prefere esperar a evolução dos mercados antes de fazer uma projeção.
Na visão do governo, o país poderá, com esses ganhos eventuais, compensar perdas ocorridas por conta da redução no consumo e da menor confiança dos consumidores no produto.
A Argentina é o primeiro exportador mundial de farinha de soja e o terceiro exportador desse tipo de grão. Para o secretário, a grande vantagem da Argentina é que o sistema de produção do país é de base pastoril.
"O nível de uso de rações que possam conter farinha de carne é muito menor. Hoje a Argentina, junto possivelmente com o Brasil, é o país que tem menos riscos", disse.
Segundo Campos, existe ainda a possibilidade de que a Argentina possa vir a atender parte da demanda dos mercados que deixaram de comprar dos Estados Unidos.

Maior controle
O presidente da Sociedade Rural Argentina, Luciano Miguens, concorda. Ele avaliou que, com o fechamento de mercados à carne procedente dos Estados Unidos, "indubitavelmente vai ficar uma demanda que a Argentina, como país produtor, de alguma maneira teria possibilidades de assumir".
Oitavo exportador mundial de carne, a Argentina exportou, entre janeiro e novembro de 2003, mais de 275 mil toneladas do produto por US$ 573,8 milhões.
Antes da divulgação do caso de vaca louca nos Estados Unidos, a expectativa oficial era de um aumento no volume de exportações para 350 mil toneladas do produto neste ano.
Na opinião de Miguens, isso não significa que a Argentina terá maior acesso ao mercado interno americano. Isso porque os EUA devem adotar medidas extremas de controle sobre os países de onde eles importam carne.
"O mercado americano agora fechará suas portas à importação e é um mercado que vamos perder."



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