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TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
China e Brasil voltam a atrair investimento global
GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
O clima está pesado nos
EUA por conta do medo
da recessão. Férias forçadas e
perda de benefícios pipocam em
todos os setores. "Startup" (empresa nova que aposta em tecnologias emergentes) já é quase
sinônimo de palavrão. Ainda assim, o garimpo de filões empresariais promissores continua de
vento em popa entre analistas.
A garimpagem ocorre em
duas frentes: na própria economia norte-americana e na economia mundial. A revista "Red
Herring", especializada em negócios de alta tecnologia, dá vários exemplos nas duas frentes
(www.redherring.com). Nos
EUA, setores de ponta fazem rápidos ajustes nos seus modelos
de produção. Um exemplo é o
"outsourcing" (terceirização)
no setor de eletrônica.
As empresas transferem as atividades de montagem para terceiros (as EMS ou companhias
de "electronic manufacturing
service"). Empresas como Ericsson e Nokia reduzem custos para enfrentar o desaquecimento
da economia por meio de contratos que beneficiam as empresas de EMS. Ao menos em tese,
as duas pontas saem ganhando,
pois quem terceiriza reduz custos e quem recebe as novas encomendas torna-se fornecedor
em escalas crescentes.
Para alguns analistas, isso pode significar que, ao contrário
das "startups", outros grupos de
empresas de alta tecnologia podem até sair mais fortes do ajuste recessivo. Eles já recomendam a compra de ações dessas
empresas, envolvidas em processes de reengenharia de seus
processos produtivos.
Na prática, há uma redução ou
cancelamento de investimentos
em novas fábricas, pois os fabricantes de equipamentos montam os novos sistemas por meio
da contratação de terceiros.
Ou seja, é um ajuste que pode
até piorar as tendências recessivas da economia como um todo,
mas que favorece algumas empresas e oferece oportunidades
de ganho para os investidores
que, no mercado acionário, consigam identificar essas empresas
com agilidade para se reorganizar e continuar inovando.
De outro lado, como já previa
no início do século o mais célebre economista da inovação tecnológica, Joseph A. Schumpeter,
o capitalismo confirma a tendência de concentração do poder econômico e apropriação da
inovação pelas grandes empresas, apesar de no início a dinâmica ter sido maior em "startups" menores. Na hora da crise,
saem fortalecidas as empresas
capazes de ampliar suas escalas
e reduzir custos sem sacrificar
sua capacidade de lançar produtos e tecnologias inovadoras.
Já no plano internacional as
análises favorecem países como
a China e o Brasil que, num momento de desaquecimento no
centro da economia mundial,
ainda oferecem mercados cujas
possibilidades de crescimento
atraem os investidores.
No caso de setores de alta tecnologia, os mercados emergentes continuam associados a taxas de retorno mais elevadas.
Claro que uma forte recessão
nos EUA levaria de cambulhada
emergentes de todos os portes e
latitudes. Mas um pouso suave
pode tornar os investimentos de
novo interessantes na periferia
emergente.
A "Red Herring" cita China e
Brasil como candidatos a avançar entre as preferências de investidores e empresas de alta
tecnologia nos próximos anos.
No caso brasileiro, a perspectiva de consolidação do mercado
de telecomunicações é vista como uma senha para a entrada de
mais investimentos externos.
O importante, nesse contexto,
é o governo não atrapalhar, sacrificando o crescimento com
uma política de juros altos demais.
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