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Receita cai e Bolsa altera preço e tarifa
Desconto progressivo favorece aplicador que gira grandes contratos na BM&F
Na Bovespa, mudanças vão beneficiar estrangeiro e investidor com menos de
R$ 300 mil; corretoras apontam alta de custos
TONI SCIARRETTA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à crise, a BM&FBovespa decidiu alterar sua política de preços e tarifas para estimular os negócios, melhorar a
receita e fazer frente à concorrência da Bolsa de Nova York,
que tem custos menores.
Os negócios da antiga BM&F,
com futuros e commodities, terão descontos progressivos,
que beneficiarão o investidor
que gira grandes volumes, já
partir do dia 16. Mas punirá os
que fazem pequenas operações
de hedge [proteção].
Na antiga Bovespa, enquanto
o percentual dos emolumentos
[comissão da Bolsa] terá redução, aumentará o custo de serviços, como custódia de ações,
transmissão de dados, licença
de softwares, entre outros.
Considerando as taxas de negociação e liquidação, haverá redução de 0,0350% para
0,0335% no percentual cobrado sobre as operações. A mudança vigora apenas a partir de
6 de abril.
A novidade causou polêmica
no mercado e motivou protesto
de algumas corretoras. Os dois
maiores beneficiados serão os
estrangeiros e o investidor pessoa física com volume de até
R$ 300 mil. Para ambos, não
sobe o valor de custódia. "Eles
ainda terão o benefício da redução do emolumento", diz Carlos Kawall, diretor de relação
com investidores da Bolsa.
Kawall admite que a diminuição no volume negociado levou à queda na receita da Bolsa
e das corretoras. "Infelizmente
[a queda nos volumes], tem impactado diretamente na receita
[da Bolsa]", disse.
A crise derrubou o preço das
ações e fez com que o volume financeiro caísse na Bovespa. No
mês passado, foram movimentados R$ 75,5 bilhões, cifra 40%
inferior à registrada em janeiro
de 2008. O número de negócios
cresceu 27,8% no período.
Como os preços vão demorar
para subir e reaquecer o volume movimentado, a BM&FBovespa quer estimular o número
de operações feitas em pregão,
como forma de compensar o
mau momento do mercado.
Kawall afirma que a Bolsa
procura migrar seu mix de receita para um menor peso nos
emolumentos e um maior na
receita de serviços como custódia, transmissão de dados etc.
Com a saída contínua, desde
junho do ano passado, dos estrangeiros do pregão da Bovespa, a participação do investidor
pessoa física passou a ganhar
mais relevância para os negócios do mercado doméstico.
"Por mais que haja uma barateamento de custo na terceira
casa [decimal], a instituição de
tarifas e a mudança de política
de cobrança aumentam nossos
custos", diz Marcus Eduardo de
Rosa, da Planner. "Para a corretora, não tem impacto nenhum
porque é repassado tudo ao
cliente", disse Robson Queiroz,
da corretora SLW.
Ex-presidente da Bovespa e
fundador da BM&F, Eduardo
Rocha Azevedo, da Convenção,
diz que sempre há "chiadeira"
nos períodos de crise. "A Bolsa
podia melhorar o atendimento
ao corretor, mas tem de dar lucro para pagar ao acionista."
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