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Cota de conteúdo nacional é atacada pela TV paga
Para programadores, assinatura ficará mais cara
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A criação de cotas obrigatórias para programação nacional
na TV paga, prevista no projeto
de lei 29, em discussão na Câmara, abriu nova guerra no setor, já estremecido pela aquisição de operadoras de TV a cabo
pelas companhias telefônicas.
Os programadores estrangeiros entregaram ontem ao deputado federal Jorge Bittar (PT-RJ), relator do projeto, estudo
sobre o impacto econômico das
cotas. A previsão deles é que
haja aumento de até 144% na
assinatura mensal dos pacotes
básicos. O estudo foi feito a pedido da Associação Brasileira
de Programadores de TV por
Assinatura, que representa
Discovery, ESPN, Fox, HBO,
MGM, Nickelodeon e Turner.
Foi calculado o impacto sobre os preços de dois pacotes
básicos da Sky. O primeiro iria
de R$ 88,90 para R$ 196,48
(144,1% de alta), e o segundo, de
R$ 134,90 a R$ 228,51 (82,6%).
O encarecimento, segundo o
estudo, reduzirá a base de assinantes atuais, de 5,8 milhões
para 3,92 milhões em 2010,
mesmo com as teles sendo liberadas para oferecer TV a cabo.
O projeto propõe a criação
três tipos de cotas, que se sobrepõem. A primeira determina que os canais pagos ocupem
ao menos 10% de seu horário
com conteúdo nacional de produtoras independentes. A segunda, que 50% dos canais de
""espaço qualificado" -excetuando jornalísticos, religiosos,
propaganda comercial, propaganda política, eventos esportivos, televendas e horário eleitoral- devem ser de conteúdo
nacional, sendo 25% de produtores independentes. A terceira
cota é sobre o empacotamento
de canais: metade precisaria de
programadores brasileiros
(30% independentes).
O projeto também limita o
tempo de veiculação de publicidade na TV paga e cria a possibilidade de radiodifusores serem remunerados pela transmissão dos canais da TV aberta.
O projeto dá prazo de quatro
anos para adaptação. As cotas
devem ser cumpridas à proporção de 25% ao ano. Segundo o
estudo, serão necessários R$
3,3 bilhões de investimentos,
nos quatro anos, para produzir
conteúdo nacional para cumprir as cotas.
O projeto enfrenta oposição
da ABTA (Associação Brasileira
de Televisão por Assinatura) e
dos programadores internacionais. A ABTA colocará no ar, na
próxima semana, sua segunda
campanha contra as cotas.
""Precisamos de conteúdo nacional, mas as cotas são um retrocesso medieval. Elas inviabilizam a diversidade de canais,
encarecem a assinatura e fracassaram em todos os países",
afirma o diretor-executivo da
ABTA, Alexandre Annenberg.
A Sky Brasil, segundo seu
presidente, Luiz Eduardo Baptista, terá que eliminar metade
de seus canais estrangeiros para atender à cota de 50% de canais brasileiros. A alternativa,
diz ele, seria incluir 15 novos
canais de conteúdo nacional, o
que considera inviável.
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