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Fretes têm peso no déficit de serviços
da Sucursal do Rio
O projeto do governo de dobrar
as exportações até 2002 pode agravar ainda mais o déficit nas operações de frete para o Brasil, que alcançou US$ 4,2 bilhões no ano passado. O item foi um dos principais
responsáveis pelo resultado negativo de US$ 30,6 bilhões na balança
de serviços em 1998.
O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), Marcus Vinícius Pratini de
Moraes, alerta que o desequilíbrio
pode tomar proporções ainda
maiores com a criação da nova sobretaxa.
Segundo Pratini de Moraes, o déficit pode chegar a US$ 12 bilhões,
neutralizando qualquer estratégia
do governo para ajustar o balanço
das transações correntes.
"O governo se preocupa muito
com o déficit de US$ 6,4 bilhões da
balança comercial no ano passado.
Mas o resultado negativo dos fretes sozinho já é muito próximo
desse valor", afirma.
A AEB calcula que a sobretaxa
vai elevar em 2% a 6% os preços
dos produtos exportados, diminuindo a competitividade da mercadoria brasileira no exterior. Pratini destaca que grande parcela do
ganho obtido pelos exportadores
com a desvalorização cambial em
fevereiro vem sendo consumido
pela elevação dos fretes.
"À medida que surgem custos
adicionais, as exportações são desestimuladas. Não há taxa de câmbio que cubra esse tipo de elevação
arbitrária", afirmou.
Segundo ele, a sobretaxa vai diminuir ainda mais receitas, que
atualmente estão 6% menores do
que há três anos por conta da queda do preço no mercado internacional dos principais produtos exportados pelo Brasil. Ele cita como
exemplo o preço da soja, que hoje é
o menor dos últimos 23 anos.
Pratini diz que a AEB entregou
ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio um dossiê
sobre os 12 setores que mais sofreram com a elevação dos fretes.
A Associação Brasileira de Celulose e Papel chegou a enviar uma
carta à AEB afirmando que o setor
encontrou dificuldades para manter o volume de exportação para os
Estados Unidos após o aumento
dos fretes. As exportações do setor
representam para o país um ingresso de US$ 2 bilhões por ano.
Pratini argumenta que a falta de
uma política nacional de apoio à
navegação comercial vem contribuindo para agravar o problema
do déficit nas operações de frete.
Ele lembra que o Brasil já foi o
terceiro maior produtor de navios
do mundo, mas, com a abertura do
setor às empresas estrangeiras,
perdeu espaço. Isso acaba contribuindo para alimentar o déficit comercial, pois obriga o país a enviar
dólares para o exterior para pagar
essas operações.
(MC)
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