São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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CASA DE FERREIRO

Sindicalista, da Força, vai sair do acordo

"Meu dinheiro não fica com o governo"

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, disse ontem que o acordo feito com o governo para pagamento das perdas do FGTS é vantajoso, mas vai optar por receber o dinheiro por meio da decisão da Justiça Federal de São Paulo. "O governo não vai ficar com o meu dinheiro", disse.

Folha - A Força Sindical rompeu o acordo para o pagamento dos expurgos do FGTS?
Paulo Pereira da Silva -
Não, de forma nenhuma. O que aconteceu foi que tivemos uma decisão da Justiça que mandou pagar a correção referente a um processo do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. A decisão beneficia 350 mil metalúrgicos. Mas o acordo [com o governo" continua sendo vantajoso porque beneficia 60 milhões de brasileiros. Beneficia inclusive 42 milhões quem não entraram na Justiça.

Folha - Mas, se o acordo do FGTS é vantajoso, por que os metalúrgicos devem seguir, como orienta a central, a Justiça?
Paulinho -
Não podemos enfrentar uma decisão judicial. Além do mais ela é favorável aos metalúrgicos. Se ela [a decisão" é contra, você reage, mas, se é favorável, não dá. É uma decisão para 350 mil pessoas. A nossa orientação é para quem era metalúrgico em 1990 levar seus documentos ao sindicato [rua do Carmo, 171, em São Paulo" para que sua sentença seja executada. Eu fiz isso ontem [anteontem".

Folha - Por que o senhor vai optar pela decisão da Justiça se o acordo negociado entre a Força e o governo, como o senhor declarou antes, é vantajoso?
Paulinho -
Em 90, eu era secretário-geral do sindicato, sou metalúrgico, portanto, tenho direito. Vou acatar a decisão da Justiça primeiro porque não sou louco de descumprir decisão judicial. Segundo, porque a decisão da Justiça é mais favorável, já que prevê correção de 0,5% ao mês, enquanto o acordo não prevê pagamento de correção monetária. Não vou deixar meu dinheiro com o governo. Dinheiro tem de pôr no bolso o mais rápido possível.

Folha - Quanto o senhor vai receber?
Paulinho -
Eu tinha direito a R$ 2.753. Incluindo juros e correção monetária determinados pela Justiça dá R$ 4.184. Mas não sei quando vou receber.

Folha - O senhor, como presidente da Força, vai receber o dinheiro, mas orienta os trabalhadores a aderirem ao acordo?
Paulinho -
A Justiça mandou executar o meu processo, não o meu, quer dizer, o dos metalúrgicos. O processo está em nome do Medeiros [deputado federal Luiz Antonio de Medeiros", que na época era presidente do sindicato dos metalúrgicos. A Justiça mandou executar o dessa categoria. Gostaria que todos os trabalhadores do Brasil estivessem na mesma situação dos metalúrgicos, mas infelizmente nem todo mundo abriu processo. E, mesmo para aqueles que abriram, a decisão da Justiça é lenta, demora.

Folha - Qual a orientação da Força para os metalúrgicos beneficiados por essa decisão?
Paulinho -
Para quem tem até R$ 1.000 [a receber", é vantajoso continuar no acordo e receber em junho, como está previsto. É vantagem porque são 350 mil pessoas e, pelas nossas contas, a Justiça não consegue fazer mais de 5.000 execuções por mês por falta de condições operacionais. Ou seja, vai demorar para que se consiga pagar todo mundo.



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