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CASA DE FERREIRO
Sindicalista, da Força, vai sair do acordo
"Meu dinheiro não fica com o governo"
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, disse
ontem que o acordo feito com
o governo para pagamento das
perdas do FGTS é vantajoso,
mas vai optar por receber o dinheiro por meio da decisão da
Justiça Federal de São Paulo.
"O governo não vai ficar com o
meu dinheiro", disse.
Folha - A Força Sindical rompeu o acordo para o pagamento
dos expurgos do FGTS?
Paulo Pereira da Silva - Não,
de forma nenhuma. O que
aconteceu foi que tivemos uma
decisão da Justiça que mandou
pagar a correção referente a um
processo do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. A decisão beneficia 350 mil metalúrgicos. Mas o acordo [com o governo" continua sendo vantajoso porque beneficia 60 milhões de brasileiros. Beneficia
inclusive 42 milhões quem não
entraram na Justiça.
Folha - Mas, se o acordo do
FGTS é vantajoso, por que os metalúrgicos devem seguir, como
orienta a central, a Justiça?
Paulinho - Não podemos enfrentar uma decisão judicial.
Além do mais ela é favorável
aos metalúrgicos. Se ela [a decisão" é contra, você reage, mas,
se é favorável, não dá. É uma
decisão para 350 mil pessoas. A
nossa orientação é para quem
era metalúrgico em 1990 levar
seus documentos ao sindicato
[rua do Carmo, 171, em São
Paulo" para que sua sentença
seja executada. Eu fiz isso ontem [anteontem".
Folha - Por que o senhor vai
optar pela decisão da Justiça se
o acordo negociado entre a Força e o governo, como o senhor
declarou antes, é vantajoso?
Paulinho - Em 90, eu era secretário-geral do sindicato, sou
metalúrgico, portanto, tenho
direito. Vou acatar a decisão da
Justiça primeiro porque não
sou louco de descumprir decisão judicial. Segundo, porque a
decisão da Justiça é mais favorável, já que prevê correção de
0,5% ao mês, enquanto o acordo não prevê pagamento de
correção monetária. Não vou
deixar meu dinheiro com o governo. Dinheiro tem de pôr no
bolso o mais rápido possível.
Folha - Quanto o senhor vai receber?
Paulinho - Eu tinha direito a
R$ 2.753. Incluindo juros e correção monetária determinados
pela Justiça dá R$ 4.184. Mas
não sei quando vou receber.
Folha - O senhor, como presidente da Força, vai receber o dinheiro, mas orienta os trabalhadores a aderirem ao acordo?
Paulinho - A Justiça mandou
executar o meu processo, não o
meu, quer dizer, o dos metalúrgicos. O processo está em nome do Medeiros [deputado federal Luiz Antonio de Medeiros", que na época era presidente do sindicato dos metalúrgicos. A Justiça mandou
executar o dessa categoria.
Gostaria que todos os trabalhadores do Brasil estivessem na
mesma situação dos metalúrgicos, mas infelizmente nem todo mundo abriu processo. E,
mesmo para aqueles que abriram, a decisão da Justiça é lenta, demora.
Folha - Qual a orientação da
Força para os metalúrgicos beneficiados por essa decisão?
Paulinho - Para quem tem até
R$ 1.000 [a receber", é vantajoso continuar no acordo e receber em junho, como está previsto. É vantagem porque são
350 mil pessoas e, pelas nossas
contas, a Justiça não consegue
fazer mais de 5.000 execuções
por mês por falta de condições
operacionais. Ou seja, vai demorar para que se consiga pagar todo mundo.
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