São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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Crise fará AL crescer pouco, diz Cepal

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A economia da Argentina sofrerá uma retração de 10% este ano, levando a produção da América Latina a crescer escassos 0,2%. Esta é a última versão das estimativas da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina), órgão das Nações Unidas, para o desempenho econômico da região em 2002. Para o Brasil, a previsão é de 2,2% positivos.
Em dezembro do ano passado, a Cepal estimava que a América Latina cresceria 1% este ano, com a Argentina caindo 7% e o Brasil crescendo os mesmos 2,2%.
Mesmo sem a Argentina, o crescimento da região previsto pela Cepal será de 1,7%, considerado "modesto e insuficiente" pelo secretário-executivo da instituição, o colombiano José Antonio Ocampo.
Segundo ele, nos últimos cinco anos a região cresceu a uma média de 1,5% ao ano, o que, considerado o crescimento populacional, representa uma estagnação.
A Cepal calcula que, para reduzir em 50%, até 2015, o total da população latino-americana abaixo da linha de pobreza, é preciso que os países da região cresçam a médias entre 3,8% e 4,5%.
Para que o desemprego seja eliminado, o crescimento populacional absorvido pelo mercado de trabalho e o aumento do desnível tecnológico entre a região e os países ricos estancado, a Cepal estima que a América Latina precisa crescer a longo prazo a uma média de 6% ao ano.
Ocampo, ministro da Fazenda da Colômbia de 1993 a 1997, disse que, mesmo sofrendo uma queda de 10% ao longo do ano, a economia da Argentina deverá fechar 2002 em crescimento, possivelmente entre 2% e 3% no último trimestre do ano.
Pelas projeções da Cepal, a República Dominicana, cuja economia esteve sempre entre as maiores taxas de crescimento regional ao longo dos últimos sete anos, deverá ter este ano o maior crescimento na América Latina, com uma taxa de 4%.
Depois da Argentina, o pior desempenho previsto pela Cepal deverá ser o do Uruguai, com queda de 2% provocada pelos problemas do país vizinho. Em dezembro, a Cepal previa crescimento zero para a economia uruguaia.

Alca
Ocampo disse que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) "pode ter um papel positivo" para a América Latina, desde que encontre uma forma de dar tratamento adequado aos diferentes e níveis de desenvolvimento dos países. Ele defende que a Alca crie um fundo, alimentado pelos países mais ricos, para tentar igualar os estágios de desenvolvimento do continente, a exemplo do que fez a União Européia.



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