São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2005

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MAPA DA RIQUEZA

PIBs per capita que mais cresceram estão em municípios que produzem e refinam óleo

Pequenas cidades têm renda de país rico com o petróleo

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O avanço da indústria do petróleo fez com que os maiores crescimentos nominais do PIB dos municípios com grande peso na produção nacional e as melhores colocações no ranking do PIB per capita ficassem com cidades que produzem, refinam ou processam óleo e derivados.
São Francisco do Conde (BA), onde está a segunda maior refinaria do país, tinha o maior PIB per capita: R$ 273.140 em 2002. Instalada na cidade de apenas 28 mil habitantes, a Relan (Refinaria Landulfo Alves) foi ampliada, o que também fez crescer a economia local e, conseqüentemente, o PIB per capita.
Na seqüência das maiores cifras, aparecem Triunfo (R$ 163.348), sede do pólo petroquímico do Rio Grande do Sul, e Quissamã (R$ 137.463), cidade produtora de petróleo do Norte Fluminense, com apenas 14 mil habitantes.
Também estão na lista dos dez maiores PIBs per capita do país as vizinhas Carapebus (RJ), Rio das Ostras (RJ) e o balneário turístico de Armação de Búzios (RJ). Todas recebem royalties pela produção da bacia de Campos, de onde sai quase 90% do petróleo brasileiro. Paulínia (SP), sede da maior refinaria do país, está na relação.
Como o cálculo do PIB per capita considera apenas a população residente, as cifras dessas cidades podem ser infladas por atividades produtivas cujos trabalhadores moram em outros municípios.
Além disso, PIB per capita alto nem sempre é sinônimo de qualidade de vida. Carapebus, por exemplo, tinha IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,74 em 2000, menor do que o do país (0,766) e o do Estado do Rio (0,807). O mesmo ocorria com Quissamã. Só Paulínia e Triunfo superavam a média nacional. O IDH leva em conta, além da renda, expectativa de vida e educação.

Impulso da produção
Os números da Petrobras indicam o dinamismo do setor: a produção nacional de petróleo cresceu 32% de 1999 a 2002. Na bacia de Campos, a expansão foi ainda maior: 42%. Dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) mostram que o pagamento de royalties aumentou 223%, injetando na economia brasileira R$ 3,2 bilhões em 2002.
Tais resultados impulsionaram o PIB de muitas cidades. Das 23 que contribuem com ao menos 0,5% do PIB nacional, os seis maiores crescimentos nominais do PIB (indicador que não desconta a inflação e, portanto, não mede isoladamente o volume produzido) de 2001 a 2002 estavam relacionados ao setor.
É o caso de Macaé (RJ) e Campos dos Goytacazes (RJ), onde as expansões de 48,2% e de 34,2%, respectivamente, foram alavancadas pela maior produção da bacia de Campos.
O aumento da capacidade de refino e de processamento de produtos petroquímicos elevou o PIB de São Francisco do Conde (BA), Camaçari (BA) e Duque de Caxias -altas de 24,2%, 17,3% e 16,5%, respectivamente.
O crescimento do PIB, porém, também não indica melhora nas condições de vida. Duque de Caxias e Macaé, por exemplo, tinham, em 2000, IDHs mais baixos (0,753 e 0,79) do que o do Estado do Rio (0,807).
No caso de Manaus, o benefício é por causa do pagamento de royalties pela produção de gás em Urucu. Todas essas cidades registraram crescimentos maiores do que o PIB do país, cuja expansão, em termos nominais, foi de 12,3% em 2002.
Entre os maiores PIBs per capita, a principal exceção da lista era Porto Real (RJ), que aparece na quarta posição. Nesse caso, o impulso ocorreu por causa da instalação da indústria automobilística na cidade, liderada pela fábrica da Peugeot-Citroën.


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