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MAPA DA RIQUEZA
PIBs per capita que mais cresceram estão em municípios que produzem e refinam óleo
Pequenas cidades têm renda de país rico com o petróleo
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O avanço da indústria do petróleo fez com que os maiores crescimentos nominais do PIB dos municípios com grande peso na produção nacional e as melhores colocações no ranking do PIB per
capita ficassem com cidades que
produzem, refinam ou processam
óleo e derivados.
São Francisco do Conde (BA),
onde está a segunda maior refinaria do país, tinha o maior PIB per
capita: R$ 273.140 em 2002. Instalada na cidade de apenas 28 mil
habitantes, a Relan (Refinaria
Landulfo Alves) foi ampliada, o
que também fez crescer a economia local e, conseqüentemente, o
PIB per capita.
Na seqüência das maiores cifras, aparecem Triunfo (R$
163.348), sede do pólo petroquímico do Rio Grande do Sul, e
Quissamã (R$ 137.463), cidade
produtora de petróleo do Norte
Fluminense, com apenas 14 mil
habitantes.
Também estão na lista dos dez
maiores PIBs per capita do país as
vizinhas Carapebus (RJ), Rio das
Ostras (RJ) e o balneário turístico
de Armação de Búzios (RJ). Todas recebem royalties pela produção da bacia de Campos, de onde
sai quase 90% do petróleo brasileiro. Paulínia (SP), sede da maior
refinaria do país, está na relação.
Como o cálculo do PIB per capita considera apenas a população
residente, as cifras dessas cidades
podem ser infladas por atividades
produtivas cujos trabalhadores
moram em outros municípios.
Além disso, PIB per capita alto
nem sempre é sinônimo de qualidade de vida. Carapebus, por
exemplo, tinha IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) de
0,74 em 2000, menor do que o do
país (0,766) e o do Estado do Rio
(0,807). O mesmo ocorria com
Quissamã. Só Paulínia e Triunfo
superavam a média nacional. O
IDH leva em conta, além da renda, expectativa de vida e educação.
Impulso da produção
Os números da Petrobras indicam o dinamismo do setor: a produção nacional de petróleo cresceu 32% de 1999 a 2002. Na bacia
de Campos, a expansão foi ainda
maior: 42%. Dados da ANP
(Agência Nacional do Petróleo)
mostram que o pagamento de royalties aumentou 223%, injetando
na economia brasileira R$ 3,2 bilhões em 2002.
Tais resultados impulsionaram
o PIB de muitas cidades. Das 23
que contribuem com ao menos
0,5% do PIB nacional, os seis
maiores crescimentos nominais
do PIB (indicador que não desconta a inflação e, portanto, não
mede isoladamente o volume
produzido) de 2001 a 2002 estavam relacionados ao setor.
É o caso de Macaé (RJ) e Campos dos Goytacazes (RJ), onde as
expansões de 48,2% e de 34,2%,
respectivamente, foram alavancadas pela maior produção da bacia
de Campos.
O aumento da capacidade de refino e de processamento de produtos petroquímicos elevou o PIB
de São Francisco do Conde (BA),
Camaçari (BA) e Duque de Caxias
-altas de 24,2%, 17,3% e 16,5%,
respectivamente.
O crescimento do PIB, porém,
também não indica melhora nas
condições de vida. Duque de Caxias e Macaé, por exemplo, tinham, em 2000, IDHs mais baixos
(0,753 e 0,79) do que o do Estado
do Rio (0,807).
No caso de Manaus, o benefício
é por causa do pagamento de royalties pela produção de gás em
Urucu. Todas essas cidades registraram crescimentos maiores do
que o PIB do país, cuja expansão,
em termos nominais, foi de 12,3%
em 2002.
Entre os maiores PIBs per capita, a principal exceção da lista era
Porto Real (RJ), que aparece na
quarta posição. Nesse caso, o impulso ocorreu por causa da instalação da indústria automobilística
na cidade, liderada pela fábrica da
Peugeot-Citroën.
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