São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2005

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MERCADO FINANCEIRO

Moeda não fechava abaixo de R$ 2,50 desde maio de 2002; autoridade monetária volta a cancelar leilão

Dólar cai a R$ 2,49, e investidor aguarda BC

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar desceu abaixo dos R$ 2,50 e reacendeu no mercado as especulações quanto à possibilidade de o Banco Central voltar a intervir no câmbio. Depois de perder 1,42% de seu valor apenas nos últimos dois dias, o dólar fechou a R$ 2,493 ontem.
Desde 21 de maio de 2002, quando encerrou as operações a R$ 2,482, o dólar não acabava o dia vendido por menos de R$ 2,50.
À falta de novidades, tanto no cenário externo quanto no interno, o dólar continuou derretendo. O aumento dos juros anunciado pelo banco central dos EUA ficou dentro do previsto. E a entrada de recursos no mercado de câmbio seguiu consistente.
Sérgio Goldenstein, ex-chefe do Departamento de Mercado Aberto do BC, avalia que a autoridade monetária não está preocupada com o preço do dólar.
"O BC pode voltar em breve a realizar compras de dólares no mercado à vista, mas visando a ampliação das reservas, e não o patamar do dólar", diz Goldenstein, atualmente estrategista da ARX Capital Management.
Em março, o BC começou a cancelar os leilões semanais de "swap cambial reverso". Esses contratos tendiam a pressionar um pouco o dólar, por terem um efeito técnico similar à compra de moeda no mercado futuro.
Ontem, o BC anunciou que não realizará leilão de "swap reverso" nesta semana.
A autoridade monetária também deixou de comprar dólares no mercado à vista, prática que havia retomado no começo de dezembro passado.
Com o BC fora do mercado, a moeda americana voltou a perder mais fortemente terreno diante do real, especialmente nas últimas semanas.

Futuro
Mas, segundo o último boletim Focus elaborado pelo Banco Central, a expectativa das instituições financeiras é a de que o dólar esteja a R$ 2,60 no fim deste mês e em R$ 2,75 no fim de 2005. Ou seja, se ninguém aposta em uma disparada do dólar, a previsão é que o real se deprecie um pouco daqui para a frente.
Apesar da reclamação de segmentos do setor exportador em relação aos impactos negativos do real forte nas vendas ao exterior, a balança comercial de abril registrou mais um recorde e indicou que a queda do dólar ainda não prejudicou o comércio com o mercado externo.

Emergentes atrativos
Segundo a consultoria GRC Visão, o fato de o banco central americano ter mantido "as expectativas de elevação gradual dos juros" mantém o cenário de curto prazo "de valorização do real". Isso porque a decisão do BC dos EUA aumenta a probabilidade de que os investidores globais mantenham seu apetite por ativos de risco, como os brasileiros.
Os altos juros praticados no Brasil têm atraído capital estrangeiro ao país e ajudado a derrubar o valor do dólar, pelo menos desde o fim do ano passado. E ainda há dúvidas no mercado se o Copom (Comitê de Política Monetária) concluiu ou não o processo de reajuste da taxa básica de juros, hoje em 19,50%.
Mas, se o Banco Central voltar a atuar no mercado de câmbio, a moeda poderá "testar novamente o patamar dos R$ 2,60", avalia a consultoria GRC.
Ontem, o risco-país brasileiro recuou 2,6%, para os 444 pontos. O movimento reflete a valorização dos títulos da dívida brasileira lá fora.
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou praticamente estável. O destaque negativo ficou por conta das ações de empresas do setor de energia elétrica, com operadores especulando com a possibilidade de haver alterações nos indicadores que balizam seus reajustes.
A ação ON (ordinária, com direito a voto) da Light perdeu 5,59%, a maior baixa entre os papéis mais negociados. Em seguida ficou o papel ON da Eletrobrás, que amargou desvalorização de 4,77% no pregão de ontem.


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