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MERCADO FINANCEIRO
Moeda não fechava abaixo de R$ 2,50 desde maio de 2002; autoridade monetária volta a cancelar leilão
Dólar cai a R$ 2,49, e investidor aguarda BC
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar desceu abaixo dos R$
2,50 e reacendeu no mercado as
especulações quanto à possibilidade de o Banco Central voltar a
intervir no câmbio. Depois de
perder 1,42% de seu valor apenas
nos últimos dois dias, o dólar fechou a R$ 2,493 ontem.
Desde 21 de maio de 2002,
quando encerrou as operações a
R$ 2,482, o dólar não acabava o
dia vendido por menos de R$
2,50.
À falta de novidades, tanto no
cenário externo quanto no interno, o dólar continuou derretendo.
O aumento dos juros anunciado
pelo banco central dos EUA ficou
dentro do previsto. E a entrada de
recursos no mercado de câmbio
seguiu consistente.
Sérgio Goldenstein, ex-chefe do
Departamento de Mercado Aberto do BC, avalia que a autoridade
monetária não está preocupada
com o preço do dólar.
"O BC pode voltar em breve a
realizar compras de dólares no
mercado à vista, mas visando a
ampliação das reservas, e não o
patamar do dólar", diz Goldenstein, atualmente estrategista da
ARX Capital Management.
Em março, o BC começou a
cancelar os leilões semanais de
"swap cambial reverso". Esses
contratos tendiam a pressionar
um pouco o dólar, por terem um
efeito técnico similar à compra de
moeda no mercado futuro.
Ontem, o BC anunciou que não
realizará leilão de "swap reverso"
nesta semana.
A autoridade monetária também deixou de comprar dólares
no mercado à vista, prática que
havia retomado no começo de dezembro passado.
Com o BC fora do mercado, a
moeda americana voltou a perder
mais fortemente terreno diante
do real, especialmente nas últimas
semanas.
Futuro
Mas, segundo o último boletim
Focus elaborado pelo Banco Central, a expectativa das instituições
financeiras é a de que o dólar esteja a R$ 2,60 no fim deste mês e em
R$ 2,75 no fim de 2005. Ou seja, se
ninguém aposta em uma disparada do dólar, a previsão é que o real
se deprecie um pouco daqui para
a frente.
Apesar da reclamação de segmentos do setor exportador em
relação aos impactos negativos do
real forte nas vendas ao exterior, a
balança comercial de abril registrou mais um recorde e indicou
que a queda do dólar ainda não
prejudicou o comércio com o
mercado externo.
Emergentes atrativos
Segundo a consultoria GRC Visão, o fato de o banco central
americano ter mantido "as expectativas de elevação gradual dos juros" mantém o cenário de curto
prazo "de valorização do real". Isso porque a decisão do BC dos
EUA aumenta a probabilidade de
que os investidores globais mantenham seu apetite por ativos de
risco, como os brasileiros.
Os altos juros praticados no
Brasil têm atraído capital estrangeiro ao país e ajudado a derrubar
o valor do dólar, pelo menos desde o fim do ano passado. E ainda
há dúvidas no mercado se o Copom (Comitê de Política Monetária) concluiu ou não o processo de
reajuste da taxa básica de juros,
hoje em 19,50%.
Mas, se o Banco Central voltar a
atuar no mercado de câmbio, a
moeda poderá "testar novamente
o patamar dos R$ 2,60", avalia a
consultoria GRC.
Ontem, o risco-país brasileiro
recuou 2,6%, para os 444 pontos.
O movimento reflete a valorização dos títulos da dívida brasileira
lá fora.
A Bolsa de Valores de São Paulo
fechou praticamente estável. O
destaque negativo ficou por conta
das ações de empresas do setor de
energia elétrica, com operadores
especulando com a possibilidade
de haver alterações nos indicadores que balizam seus reajustes.
A ação ON (ordinária, com direito a voto) da Light perdeu
5,59%, a maior baixa entre os papéis mais negociados. Em seguida
ficou o papel ON da Eletrobrás,
que amargou desvalorização de
4,77% no pregão de ontem.
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