São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2005

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BALANÇOS

Resultado líquido atinge R$ 1,14 bi até março; banco eleva provisões diante de maior risco de inadimplência nos empréstimos

Itaú amplia lucro em 30% no 1º trimestre

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Itaú Holding Financeira, campeão do ranking de lucros do setor bancário no ano passado, conseguiu aumentar em 30,2% seus ganhos no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2004. O lucro líquido acumulado até março totalizou R$ 1,141 bilhão, contra R$ 876 milhões em março de 2004. No ano passado inteiro, o Itaú lucrou R$ 3,7 bilhões.
A rentabilidade anualizada (lucro líquido sobre o patrimônio líquido consolidado), de 35,1%, também melhorou em relação a março do ano passado, quando ficou em 31,2%. Esse indicador superou até o registrado no quarto trimestre de 2004, que ficou em 32,9%.
O motor dos ganhos do Itaú foi o crescimento das operações de crédito, segundo o diretor-executivo de controladoria do banco, Silvio de Carvalho. "O primeiro trimestre deste ano foi marcado por uma atividade econômica mais intensa do que a registrada no início de 2004. Isso nos permitiu expandir em 27,4% a carteira de crédito em relação aos níveis do primeiro trimestre do ano passado", afirma Carvalho.
No final de março, a carteira de crédito do Itaú (mais fianças, avais e garantias) totalizava R$ 57 bilhões, enquanto em março de 2004 era de R$ 44,7 bilhões. O foco em um mercado de "maiores margens e maiores riscos", que é o segmento de pessoas físicas e pequenas e médias empresas, segundo Carvalho, levou o Itaú a aumentar suas provisões para créditos de liquidação duvidosa.
O provisionamento saltou de R$ 363 milhões em março do ano passado para R$ 756 milhões em março deste ano. "Achamos prudente aumentar as provisões, pois no final de março e no início de abril piorou um pouco a inadimplência", diz Carvalho.
O índice de inadimplência, que no final do primeiro trimestre estava em 2,9% (percentual de operações vencidas há mais de 60 dias e não pagas), pode estar chegando aos 3,2%, se considerados dados mais recentes, de abril, segundo o executivo. "Esse índice não é preocupante, em junho de 2003 a inadimplência chegou a 4,7%", afirma Carvalho. De lá para cá, segundo ele, a economia foi melhorando e as pessoas passaram a pagar as dívidas e voltaram a emprestar mais.
O executivo diz que "não enxerga uma desaceleração na demanda por financiamentos". O segmento mais aquecido é o de empréstimos a pessoas físicas, que cresceu 13,7% desde o final do ano. Por isso, o Itaú mantém sua projeção feita no início do ano de um crescimento de 20% a 25% na carteira de crédito neste ano.
O crescimento da carteira de crédito do Itaú impulsionou as receitas com essas operações e o lucro do banco, segundo Gustavo Pedreira, analista financeiro da ABM Risk. Elas cresceram 34,1% no primeiro trimestre em comparação com igual período do ano passado, totalizando R$ 3,1 bilhões. "O resultado do banco está em linha com sua estratégia de fortalecer sua atuação na área de crédito", diz Pedreira.

Serviços
Para Carlos Daniel Coradi, presidente da EFC (Engenheiros Financeiros & Consultores), "não é bem por aí". Ele diz que o Itaú teve um desempenho excepcional, que "fará inveja ao Bradesco", mas o que mais contribuiu para o crescimento do lucro foram as receitas com tarifas.
Essas receitas cresceram 27,7%, saltando de R$ 1,4 bilhão no primeiro trimestre de 2004 para R$ 1,7 bilhão neste ano. "O Itaú bateu recorde em tarifas no ano passado, seja pelo aumento do número de clientes, seja porque subiu suas taxas de serviços", diz Coradi.
Segundo cálculo da ABM Risk, as receitas com tarifas corresponderam a 187,9% das despesas com pessoal no primeiro trimestre. "Isso significa que, com o que ganha com tarifas, o Itaú pode pagar quase duas vezes o valor de sua folha de salários", diz Pedreira.


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