São Paulo, quinta-feira, 04 de maio de 2006

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Sindicato aprova plano contra cortes na Volks

DA REPORTAGEM LOCAL

Os funcionários da Volks em São Bernardo do Campo aprovaram um "plano de lutas" contra o anúncio de reestruturação feito pela montadora e prometem uma manifestação "longa" e de "resistência" envolvendo todos os trabalhadores do grupo no país.
As horas extras estão proibidas na fábrica do ABC paulista, segundo decisão de 10,5 mil trabalhadores que participaram de assembléia ontem. Com isso, o sindicato quer impedir que a empresa faça estoques e abasteça as revendedoras, com peças e veículos.
Só no ano passado, 700 mil horas extras foram feitas na unidade do ABC, de acordo com cálculos do Dieese. Estima-se que 500 empregos deixaram de ser criados por causa da jornada extra.
"A empresa quer cortar empregos e flexibilizar direitos dos trabalhadores, com terceirizações e projetos que pioram as condições de trabalho. Isso é inaceitável. Nossa ação não será isolada em apenas uma unidade. A partir de hoje [ontem], nenhuma hora extra será realizada. O trabalhador não vai ajudar a empresa", disse José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT).
Na avaliação dos sindicalistas, a VW quer se reestruturar mundialmente "à custa" dos trabalhadores. "Na Alemanha, anunciou 20 mil demissões. Na Espanha, quer fechar a fábrica de Navarra e agora, no Brasil, quer demitir 5.773 empregados nos próximos dois anos?", questiona.
No ABC, a empresa quer demitir 3.672 empregados até 2008, segundo o sindicato. Os cortes devem ocorrer após novembro, quando vence o acordo de estabilidade fechado com a direção da empresa em 2002, na Alemanha.
Na ocasião, a VW alegava ter excedente de 3.933 operários -sendo 1.923 no ABC e os demais em Taubaté. O acordo foi negociado por Luiz Marinho, então presidente do sindicato e hoje ministro do Trabalho. Para evitar o corte dos "excedentes", foi aberto um voluntariado e criado o projeto Autovisão para realocar funcionários (eles poderiam estudar até 2006 ou ficar em casa, recebendo salário). (CLAUDIA ROLLI)

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