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Ganhos com petróleo
engordam o Tesouro
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vem sendo cauteloso
em relação à política de preços
dos combustíveis porque o setor
do petróleo vem contribuindo de
maneira expressiva com as metas
fiscais por meio de impostos, dividendos e royalties.
Nesta semana, o governo anunciou que os preços da gasolina seriam reduzidos, mas depois voltou atrás para avaliar melhor as
cotações internacionais. A combinação de dólar, preço e produção
mais altos tem elevado os lucros
da Petrobras e, por consequência,
engordado como nunca os cofres
do Tesouro Nacional.
Neste ano, segundo a Receita, só
em royalties de petróleo entraram
R$ 4,859 bilhões até maio, ou
161,2% a mais que no mesmo período do ano passado, quando foi
arrecadado R$ 1,860 bilhão.
Os royalties são participações
do governo federal e dos Estados e
municípios na exploração do petróleo que é feita pelas concessionárias. Os preços domésticos dos
derivados de petróleo não têm
impacto direto sobre essas participações, mas afetam a rentabilidade do setor.
Os técnicos do governo estão
prevendo que a arrecadação de
2003 com os royalties poderá superar o total de R$ 8,5 bilhões que
havia sido previsto pelo Ministério do Planejamento em fevereiro.
Uma redução precipitada dos
preços dos derivados de petróleo
poderia afetar os lucros da Petrobras e diminuir os dividendos pagos pela empresa ao Tesouro e os
impostos arrecadados por causa
desse ganho.
Neste ano, até o dia 5 de maio, já
foram pagos R$ 942,3 milhões em
dividendos. Em todo o ano de
2002 o Tesouro recebeu R$ 1 bilhão. A Receita Federal vem computando como "arrecadação atípica" cerca de R$ 2 bilhões em
Imposto de Renda e Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido pagos pela Petrobras neste ano.
O Ministério do Planejamento
ainda prevê o pagamento de R$
242 milhões pelas concessionárias
ao Tesouro Nacional como aluguel das áreas de prospecção.
Para o governo federal, o dinheiro do petróleo tem sido uma
ajuda importante -compensa
em parte uma queda na arrecadação dos tributos administrados
pela Receita.
Entre janeiro e maio, a arrecadação desses tributos caiu mais de
11% em relação a 2002, se levado
em conta o IGP, e está empatada
na comparação com o IPCA.
Superávit
Os lucros da Petrobras fazem
parte das metas fiscais acertadas
pelo governo federal com o FMI.
No mês passado, a empresa divulgou que seu lucro alcançou R$
5,545 bilhões no primeiro trimestre do ano. Esse valor foi 540% superior ao obtido no mesmo período do ano passado.
Mas, de acordo com o BC, a distribuição de dividendos fez com
que o conjunto das estatais apresentasse prejuízo até maio deste
ano. No lugar de cobrir perdas de
empresas deficitárias, parte dos
lucros das companhias sadias foi
distribuído aos acionistas.
O governo negociou com o FMI
esperando que as estatais lucrassem R$ 11,2 bilhões em 2003.
O acordo com o FMI traz uma
meta de superávit primário (receitas maiores que despesas, exceto pagamentos de juros) para todo o setor público (governo federal, Estados, municípios e estatais). Para este ano, a meta é economizar 4,25% do PIB (Produto
Interno Bruto), o equivalente a R$
68 bilhões.
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