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São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003

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CONSUMO

Pesquisa apura mais pessoas em situação financeira pior que há um ano

1/3 da classe média se acha pobre

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um terço dos paulistanos (33%) que pertence à classe alta se considera pobre. E mais de 40% daqueles que têm menor poder de consumo e renda (classes C e D) acham que são brasileiros de classe média. Além disso, aumentou o número de pessoas, entre os vários estratos sociais, que acredita estar num situação financeira mais delicada do que há um ano.
Os dados fazem parte do cruzamento de duas pesquisas sobre o consumo no país. Uma delas foi elaborada pela empresa Unilever, em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas). O outro levantamento é do Target Group Index, banco de dados do Ibope, divulgado ontem.
Na análise de economistas, tanto para os mais abastados como para os menos, há uma série de dificuldades para se determinar a que classe se pertence. Na crise, a situação piora.
"A classificação depende do ambiente em que se vive. Quem se enxerga de uma forma melhor perante os conhecidos acha que ganha bastante e vive bem. O oposto também é verdadeiro", diz Richard Dubois, diretor da Trevisan Consultores.
"Existem dados objetivos, como renda e nível educacional. O problema é que há uma série de pontos subjetivos que torna a classificação nebulosa", diz ele.
Na avaliação da direção da Unilever, a forte retração na demanda -resultado do aumento do desemprego e da disparada da inflação- atingiu em larga escala a classe de maior poder aquisitivo. Por isso, ela passou a se sentir mais pobre.
Enquanto isso, a classe de menor poder de compra ainda almeja ser classe média. E mesmo na crise, ela se esforça para se parecer, e consumir, como classe média. Pelo seu esforço, acaba se "vendo" como classe média.
Segundo esse levantamento da Unilever e Fundação Getúlio Vargas, somente 28% das pessoas ouvidas -foram 600 entrevistados em São Paulo-afirmam que o formato da pirâmide social no Brasil é triangular.
Ou seja, uma base ampla, com muito pobres, e o topo estreito, com poucos ricos. Cerca de 6% acreditam que há a mesma quantidade de ricos, pobres e classe média no país.
A pesquisa teve participação do antropólogo Roberto da Matta, que elaborou 85 frases para o entrevistado se classificar como pobre, rico ou classe média.

Mais na pior
Outra pesquisa, do Ibope, mostra que cresceu o número de pessoas em situação econômica mais grave do que há um ano.
Entre os ouvidos, 33,3% afirmam estar com mais problemas financeiros hoje, sendo que no ano passado, 29% afirmavam o mesmo. O levantamento é feito há quatro anos e essa é a maior taxa de insatisfeitos desde que o trabalho começou a ser feito, em 2000.
Outros 33,5% afirmam que estão satisfeitos e em melhor situação financeira. A taxa é próxima àquela de pessoas com problemas econômicos (33,3%).
O restante acredita que a sua condição econômica permanece estável. Foram entrevistados 56,6 mil pessoas em 11 regiões metropolitanas do país.
O dado mais recente sobre renda do trabalhador no país mostra que em maio houve queda de 14,7% da renda em relação ao mesmo mês de 2002.


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