UOL


São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIZINHO EM CRISE

Diretor diz que investimentos no país dependem de reajuste

Petrobras quer aumento na Argentina

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

A brasileira Petrobras também está na lista das empresas que pedem reajuste das tarifas dos serviços públicos argentinos, entre eles o gás, área em que atua a estatal.
Os preços estão congelados desde o fim da paridade cambial entre peso e dólar, em janeiro de 2002. Na época, o governo temia que a desvalorização cambial provocasse uma hiperinflação. Por isso, optou pelo congelamento.
O diretor-geral da Petrobras Energia, nome de atuação da estatal brasileira na Argentina, Alberto Guimarães, afirmou que o reajuste das tarifas é uma das variáveis que vão pesar na decisão sobre novos investimentos no país.
"Para os estudos que estamos fazendo, não é preciso um reajuste das tarifas. Mas, para investir dinheiro novo, sim. Necessitamos de sinais positivos do governo", disse Guimarães ao jornal "La Nación". "Entendo que é uma situação complexa e que o governo precisa ter o seu tempo, mas o gás, como o petróleo e a nafta, é commodity [com preço cotado no mercado internacional]."
Em outubro de 2002, a Petrobras comprou por US$ 1,2 bilhão a Perez Companc, empresa com forte atuação nos setores de petróleo e gás no país vizinho. A aquisição ajudou a ampliar em 7% a produção desses produtos pela Petrobras em maio.
Analistas do setor estimam que a defasagem no preço do gás na Argentina em relação ao praticado no mercado internacional supere os 60%. O reajuste que as empresas pedem, ainda segundo esses analistas, é de cerca de 30%.
Ontem, a matriz espanhola da Telefónica deu início a um processo judicial contra a Argentina para pressionar o governo a reajustar as tarifas de telefonia. A empresa se somou a outras 15 companhias estrangeiras que atuam nos setores de gás, energia, telefonia e água que pedem o fim do congelamento dos preços.
Kirchner criou ontem uma comissão que irá assumir as negociações com as empresas que fornecem serviços públicos no país. A comissão terá poderes de agência regulatória e ficará encarregada de analisar os pedidos de reajuste das tarifas.
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, respondeu também à pressão. "No momento, não está em vista a análise de reajustes", disse. "Os contratos serão analisados de acordo com o impacto sobre a economia, a qualidade dos serviços e o cumprimento dos planos de investimentos, das normas de segurança e a rentabilidade."


Texto Anterior: Anúncio do reajuste pega empresa de surpresa
Próximo Texto: Para FMI, reforma tributária tem de sair até setembro
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.