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VIZINHO EM CRISE
Diretor diz que investimentos no país dependem de reajuste
Petrobras quer aumento na Argentina
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
A brasileira Petrobras também
está na lista das empresas que pedem reajuste das tarifas dos serviços públicos argentinos, entre eles
o gás, área em que atua a estatal.
Os preços estão congelados desde o fim da paridade cambial entre peso e dólar, em janeiro de
2002. Na época, o governo temia
que a desvalorização cambial provocasse uma hiperinflação. Por isso, optou pelo congelamento.
O diretor-geral da Petrobras
Energia, nome de atuação da estatal brasileira na Argentina, Alberto Guimarães, afirmou que o reajuste das tarifas é uma das variáveis que vão pesar na decisão sobre novos investimentos no país.
"Para os estudos que estamos
fazendo, não é preciso um reajuste das tarifas. Mas, para investir
dinheiro novo, sim. Necessitamos
de sinais positivos do governo",
disse Guimarães ao jornal "La Nación". "Entendo que é uma situação complexa e que o governo
precisa ter o seu tempo, mas o gás,
como o petróleo e a nafta, é commodity [com preço cotado no
mercado internacional]."
Em outubro de 2002, a Petrobras comprou por US$ 1,2 bilhão
a Perez Companc, empresa com
forte atuação nos setores de petróleo e gás no país vizinho. A
aquisição ajudou a ampliar em
7% a produção desses produtos
pela Petrobras em maio.
Analistas do setor estimam que
a defasagem no preço do gás na
Argentina em relação ao praticado no mercado internacional supere os 60%. O reajuste que as
empresas pedem, ainda segundo
esses analistas, é de cerca de 30%.
Ontem, a matriz espanhola da
Telefónica deu início a um processo judicial contra a Argentina
para pressionar o governo a reajustar as tarifas de telefonia. A empresa se somou a outras 15 companhias estrangeiras que atuam
nos setores de gás, energia, telefonia e água que pedem o fim do
congelamento dos preços.
Kirchner criou ontem uma comissão que irá assumir as negociações com as empresas que fornecem serviços públicos no país.
A comissão terá poderes de agência regulatória e ficará encarregada de analisar os pedidos de reajuste das tarifas.
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, respondeu também à pressão. "No momento,
não está em vista a análise de reajustes", disse. "Os contratos serão
analisados de acordo com o impacto sobre a economia, a qualidade dos serviços e o cumprimento dos planos de investimentos,
das normas de segurança e a rentabilidade."
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