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Especialista critica
a sistemática atual
da Sucursal de Brasília
O novo sistema de aposentadorias escolhido pelo governo é criticado por integrantes do grupo de
trabalho que estudou o assunto,
coordenado pelo economista André Lara Resende, ex-presidente
do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
""O sistema apenas varre o problema para debaixo do tapete. O
governo continua empurrando
com a barriga", avalia Francisco de
Oliveira, um dos principais estudiosos do tema no Brasil, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), órgão
vinculado ao Ministério da Fazenda.
Integrante do grupo de trabalho,
ele insiste que a capitalização escritural apenas mantém oculta a
enorme dívida previdenciária do
país, sem sanear o sistema nem
criar um novo mecanismo privado
de investimentos. ""É uma tolice",
reclamou.
Oliveira defende um modelo de
capitalização misto, que manteria
contribuições obrigatórias para o
sistema público até a faixa de três
salários mínimos (hoje equivalentes a R$ 408). A partir daí, o trabalhador teria a opção de contribuir
para o segurador público ou para
um segurador privado. Acima de
dez salários mínimos (R$ 1.360), a
gestão de fundos caberia exclusivamente a seguradoras privadas e
a contribuição seria opcional.
O pagamento dos atuais aposentados, assim como o reconhecimento dos direitos dos trabalhadores que contribuem para o INSS,
seria feito mediante a emissão de
títulos públicos pelo Tesouro com
prazo de vencimento de 30 anos, a
serem absorvidos pelas seguradoras privadas.
A emissão de títulos, que significa o aumento da dívida pública, é o
principal obstáculo imposto pela
proposta, avalia o Ministério da
Previdência.
Segundo Oliveira, a proposta exigiria uma ""ampla campanha" de
esclarecimento da comunidade financeira internacional para atenuar o impacto do crescimento da
dívida. ""Não se trata de uma dívida
nova, mas apenas do reconhecimento de uma dívida que já existe", insiste.
A despesa seria paga com a ajuda
de parte das contribuições patronais: até o teto de dez salários mínimos, uma fatia da contribuição
patronal seria repassada diretamente ao salário do trabalhador; o
restante (a diferença dos 20% pagos atualmente sobre a folha de salários) funcionaria como uma
""contribuição solidária" para o pagamento do estoque de aposentados.
A regra básica do modelo é traduzida assim: ""pagou, levou, não
pagou, não levou". Mas, diferentemente do sistema de capitalização
escritural escolhido pelo governo,
as alíquotas da contribuição variariam de acordo com o benefício
projetado por cada trabalhador. O
segurador privado recolheria uma
alíquota padrão de 15%.
O Instituto Atlântico, que presta
serviços ao PFL, encomendou ao
Datafolha pesquisa nas regiões
metropolitanas de São Paulo, Salvador e Fortaleza sobre a segunda
etapa da reforma da Previdência.
Cerca de 70% dos entrevistados
optariam pela previdência privada.
Como alternativa ao aumento da
dívida pública que o novo sistema
geraria, o presidente do instituto,
Paulo Rabello de Castro, propõe
que os custos de transição sejam
bancados pela CPMF, o imposto
do cheque que voltou recentemente a ser cobrado.
(MS)
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