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PÓS-MÁXI
Indústria de tecelagem e de confecções é pega de surpresa e espera maior recuperação só no segundo semestre
Têxteis ainda esperam ganho com câmbio
da Reportagem Local
A indústria têxtil e de vestuário
não conseguiu extrair grandes benefícios da mudança no câmbio no
primeiro semestre do ano. "O setor ficou confuso com a desvalorização do real até maio e só deve
apresentar crescimento a partir de
agosto", prevê Paulo Skaf, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil).
Apenas os segmentos de índigo e
de cama, mesa e banho, tradicionais exportadores, aproveitaram a
vantagem cambial sobre os importados, avalia Marcelo Prado, diretor do Iemi (Instituto de Estudos e
Marketing Industrial).
Ainda assim, a indústria de índigo enfrenta um processo na Argentina, que impôs sanções contra
o produto brasileiro, acusando os
fornecedores de vendê-lo abaixo
do preço de custo.
O segmento de cama, mesa e banho está indo bem, segundo Prado, porque é forte exportador para
Mercosul, Europa e EUA e também porque diminuiu a pressão
por descontos por parte dos compradores externos.
Para poder se beneficiar do câmbio, a indústria precisa gerar excedentes, ter preços competitivos e
fazer um esforço para vender para
outros países. "Dependendo do caso, ou a empresa não tem excedente ou não tem preço competitivo
para partir para o esforço de vendas, que leva mais tempo, é uma
coisa de longo prazo", diz Prado.
"E gerar excedente demanda investimento, que precisa de ambiente de estabilidade, difícil no
Brasil."
De um modo geral, no curto prazo a mudança no câmbio elevou os
custos e restringiu a entrada de
mercadorias têxteis que não são
produzidas no país.
No médio prazo, Marcelo Prado
prevê uma melhora na balança comercial do setor, mas não necessariamente um superávit. "Isso vai
depender da oferta de fibras, como
a de algodão (50% são importadas
e respondem por 70% do tecido
utilizado no país) e as sintéticas."
No total, o país importa 35% das fibras que consome.
No longo prazo, os benefícios do
câmbio dependerão do esforço de
vendas de outros produtos, além
de índigo e cama, mesa e banho.
No mundo, o Brasil é o oitavo
maior produtor de fios e tecidos e o
terceiro em malhas. Mas, no comércio exterior, sua participação é
marginal -está em 17º lugar no
ranking das importações e no 20º
das exportações de têxteis.
A indústria têxtil faturou US$ 21
bilhões no ano passado, segundo a
Abit. Somando as vendas de vestuário, o valor chega a US$ 37 bilhões, de acordo com a consultoria
Gherzi. As exportações do setor
somaram US$ 1,1 bilhão em 98, e a
meta da Abit é elevar esse valor a
US$ 4 bilhões ao ano até 2002.
No momento, o preocupa o setor
é a proteção dada às fibras sintéticas -o Imposto de Importação
sobre essas fibras é de 19%, em média. "Isso tira a competitividade da
confecção, que agrega valor ao
produto", diz Prado.
(LR)
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