|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PREÇOS
Taxa de agosto foi de 0,99%, diz a Fipe; tendência é de queda até o fim do ano
SP tem a maior inflação em 18 meses
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação de agosto atingiu
0,99% na cidade de São Paulo, a
maior taxa mensal dos últimos 18
meses, segundo a Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas). Essa taxa não é novidade e já
era esperada, tanto que a estimativa do coordenador do Índice de
Preços ao Consumidor da Fipe,
Paulo Picchetti, era de inflação de
1% para o mês passado.
O economista da Fipe disse que,
com certeza, agosto foi o mês de
maior pressão inflacionária deste
ano. A partir de agora, a tendência
é de inflação em queda.
Dois fatores cooperam para essa
previsão de redução na taxa: a saída dos preços administrados
(energia elétrica, telefone etc.) do
índice e a menor pressão dos preços livres, principalmente dos alimentos "in natura" (tomate, cebola, batata etc.).
A inflação de agosto foi marcada por fortes reajustes de preços
administrados. Apenas dois itens
-energia elétrica e telefone- geraram inflação de 0,51% -pouco
mais da metade do índice geral de
0,99%.
A pressão mais forte das tarifas
públicas já passou, mas uma revisão do aumento dos telefones no
ano passado vai garantir a presença dessas taxas, embora pequena,
no índice até janeiro de 2005.
IPCA em vez do IGP
Os contratos determinavam
reajuste pelo Índice Geral de Preços, da FGV, mas o aumento foi
dado com base no IPCA (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, que teve
variação menor. A diferença entre
esses dois índices vai ser reposta
neste ano ano: 3,96% neste mês e
mais 3,96% em novembro.
A inflação acumulada neste ano
em São Paulo é de 4,40%, atingindo 6,67% nos últimos 12 meses. A
pressão menor da inflação nos
próximos meses vai permitir o recuo da taxa anual para 6%.
Para que a taxa fique nesse patamar, os aumentos de preços devem ficar por volta de 0,40% deste
mês até dezembro. Para este mês
a Fipe prevê 0,40%.
Gasolina preocupa
Um item, no entanto, ainda pode mudar essa previsão: a gasolina. Para o economista da Fipe, é
difícil fazer uma previsão sobre
esse item. Ele tem forte efeito sobre a inflação, mas é preciso saber
"se [vai ter aumento], quando e
de quanto será", diz Picchetti.
"Sem esses detalhes, qualquer estimativa é especulativa."
Picchetti diz que, apesar dessa
tendência de queda da inflação no
curto prazo, há uma preocupação
com o cumprimento da meta inflacionária em 2005. Essa preocupação vem principalmente dos
preços administrados, que respondem por 30% do IPCA e que
já têm pelo menos 2% de inflação
garantida no próximo ano. Esses
itens são reajustados pelos IGPs,
que recebem forte pressão dos
preços no atacado.
Sobre isso, as atas do Copom
(Conselho de Política Monetária)
já vêm alertando discretamente
que poderão ser feitos ajustes na
política monetária no futuro, diz
o economista da Fipe.
Afinados com o PIB
Os dados atuais da inflação estão mais afinados com os do PIB
(Produto Interno Bruto), que
mostram evolução maior do consumo de bens relacionados ao
consumo das famílias, como alimentos e vestuário. A Fipe também mostra reajuste de preços em
ambos.
A recuperação econômica, no
entanto, não deve pressionar as
taxas de inflação. O PIB, apesar do
aumento, caminha para o patamar que tinha em 2000. Além disso, os indicadores da indústria e
do comércio que estão sendo divulgados neste semestre ainda
mostram taxas com aumentos,
mas em ritmo menor, diz Picchetti. Motivo: a base de comparação
(os dados do segundo semestre de
2003) começa a ser maior.
Texto Anterior: Opinião econômica - Gesner Oliveira: Regra de ouro nas Olimpíadas Próximo Texto: Luís Nassif: As PPPs e os fundos sociais Índice
|