São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

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PREÇOS

Taxa de agosto foi de 0,99%, diz a Fipe; tendência é de queda até o fim do ano

SP tem a maior inflação em 18 meses

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação de agosto atingiu 0,99% na cidade de São Paulo, a maior taxa mensal dos últimos 18 meses, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Essa taxa não é novidade e já era esperada, tanto que a estimativa do coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, Paulo Picchetti, era de inflação de 1% para o mês passado.
O economista da Fipe disse que, com certeza, agosto foi o mês de maior pressão inflacionária deste ano. A partir de agora, a tendência é de inflação em queda.
Dois fatores cooperam para essa previsão de redução na taxa: a saída dos preços administrados (energia elétrica, telefone etc.) do índice e a menor pressão dos preços livres, principalmente dos alimentos "in natura" (tomate, cebola, batata etc.).
A inflação de agosto foi marcada por fortes reajustes de preços administrados. Apenas dois itens -energia elétrica e telefone- geraram inflação de 0,51% -pouco mais da metade do índice geral de 0,99%.
A pressão mais forte das tarifas públicas já passou, mas uma revisão do aumento dos telefones no ano passado vai garantir a presença dessas taxas, embora pequena, no índice até janeiro de 2005.

IPCA em vez do IGP
Os contratos determinavam reajuste pelo Índice Geral de Preços, da FGV, mas o aumento foi dado com base no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, que teve variação menor. A diferença entre esses dois índices vai ser reposta neste ano ano: 3,96% neste mês e mais 3,96% em novembro.
A inflação acumulada neste ano em São Paulo é de 4,40%, atingindo 6,67% nos últimos 12 meses. A pressão menor da inflação nos próximos meses vai permitir o recuo da taxa anual para 6%.
Para que a taxa fique nesse patamar, os aumentos de preços devem ficar por volta de 0,40% deste mês até dezembro. Para este mês a Fipe prevê 0,40%.

Gasolina preocupa
Um item, no entanto, ainda pode mudar essa previsão: a gasolina. Para o economista da Fipe, é difícil fazer uma previsão sobre esse item. Ele tem forte efeito sobre a inflação, mas é preciso saber "se [vai ter aumento], quando e de quanto será", diz Picchetti. "Sem esses detalhes, qualquer estimativa é especulativa."
Picchetti diz que, apesar dessa tendência de queda da inflação no curto prazo, há uma preocupação com o cumprimento da meta inflacionária em 2005. Essa preocupação vem principalmente dos preços administrados, que respondem por 30% do IPCA e que já têm pelo menos 2% de inflação garantida no próximo ano. Esses itens são reajustados pelos IGPs, que recebem forte pressão dos preços no atacado.
Sobre isso, as atas do Copom (Conselho de Política Monetária) já vêm alertando discretamente que poderão ser feitos ajustes na política monetária no futuro, diz o economista da Fipe.

Afinados com o PIB
Os dados atuais da inflação estão mais afinados com os do PIB (Produto Interno Bruto), que mostram evolução maior do consumo de bens relacionados ao consumo das famílias, como alimentos e vestuário. A Fipe também mostra reajuste de preços em ambos.
A recuperação econômica, no entanto, não deve pressionar as taxas de inflação. O PIB, apesar do aumento, caminha para o patamar que tinha em 2000. Além disso, os indicadores da indústria e do comércio que estão sendo divulgados neste semestre ainda mostram taxas com aumentos, mas em ritmo menor, diz Picchetti. Motivo: a base de comparação (os dados do segundo semestre de 2003) começa a ser maior.


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