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SOCORRO
Após reunir-se ontem com o diretor-gerente do Fundo, Rodrigo Rato, ministro Palocci não descartou novo entendimento
Governo já admite renovar acordo com o FMI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) já não descarta
uma renovação do atual acordo
com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Apesar de, no ano passado, Palocci ter anunciado o atual entendimento como o último a ser
acertado com o FMI, agora o ministro já admite a possibilidade de
uma prorrogação.
"Não é necessário tomar decisões futuras com tanta antecedência", afirmou Palocci, após se reunir com o diretor-gerente do FMI,
Rodrigo Rato, em Brasília. O dirigente do Fundo também esteve
reunido com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ontem à tarde
no Palácio do Planalto.
Rato não quis comentar a possibilidade de uma renovação do
acordo e afirmou que essa decisão
cabe ao governo do Brasil.
"A partir de março [de 2005], é
o governo brasileiro que terá de
apresentar sua visão da relação
com o Fundo. Acredito que as relações continuarão sendo naturais e positivas", disse.
O atual acordo acaba no final
deste ano, mas o cumprimento
das metas acertadas com o FMI
será verificado em março de 2005.
Caso tenham sido cumpridas, a
instituição vai liberar a última
parcela da atual linha de crédito
colocada à disposição do Brasil.
Linha para emergência
No encontro, além da possibilidade de renovação do acordo,
discutiu-se a criação de uma linha
de crédito emergencial que, ao
contrário dos instrumentos já
existentes, permita um socorro
mais rápido para países em dificuldades.
A idéia é facilitar a concessão de
ajuda a países que, apesar de seguirem as recomendações do
FMI, acabam enfrentando crises
financeiras.
Em novembro de 2003, ao
anunciar o atual acordo com o
Fundo, Palocci foi incisivo ao afirmar que seria o último de uma série de entendimentos fechados
desde 1998.
"Devemos preparar a política
econômica do Brasil para encerrar o acordo com o Fundo. Ele será encerrado com a extensão do
atual acordo por mais um ano",
afirmou Palocci na época.
O entendimento fechado no
ano passado deu ao Brasil acesso a
uma linha de crédito de aproximadamente US$ 30 bilhões, sendo que o governo optou por não
tomar emprestado nenhuma das
parcelas liberadas.
Até março do ano que vem, o
FMI ainda deve liberar aproximadamente US$ 3 bilhões ao país.
Sem saque
Palocci afirmou que a idéia do
governo, ao negociar o atual acordo, era justamente não sacar nenhuma das parcelas, para que o
programa com o FMI pudesse ser
encerrado neste ano. Porém, ressalta que a decisão final ainda não
foi tomada. "O futuro nós vamos
discutir no futuro, no momento
adequado", disse.
O ministro também sinalizou
que, mesmo que o acordo seja
prorrogado, ele não deve ser feito
nos moldes da nova linha de crédito proposta ao FMI.
"Nós continuamos postulando
isso, não como um programa para o Brasil, mas como um instrumento que deve ser criado para
ser disponibilizado pelo Fundo
aos seus membros", afirmou o
ministro.
Rato confirmou os estudos que
estão sendo conduzidos pelo FMI
sobre o assunto, mas disse que
ainda não há decisão sobre o tema. "Não existe um consenso entre os membros do Fundo sobre
essa questão; o que existe é um debate sobre isso", afirmou.
De acordo com Rato, a idéia é
facilitar o auxílio a países que passem por "dificuldades momentâneas" para equilibrar suas contas
externas -em caso, por exemplo,
de uma queda no fluxo internacional de capitais, ou mesmo na
ocorrência de desastres naturais.
Os juros cobrados nessa nova linha emergencial também poderiam ser mais baixos do que os
praticados nos atuais programas
do FMI, que variam de 4% a 7%
ao ano.
Atualmente, a maioria dos programas oferecidos pelo FMI condiciona a liberação de recursos ao
cumprimento, por parte dos países em dificuldades, de metas específicas -como metas para a inflação e para o superávit primário
(economia do setor público para
o pagamento de juros).
O ajuste fiscal mantido até hoje
pelo governo brasileiro foi adotado em 1998, ainda durante o primeiro mandato do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, por
exigência do Fundo.
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