São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

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COMÉRCIO

Lagos, do Chile, quer interação com o Mercosul

FABRICIO VIEIRA
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

Um dos principais defensores da liberalização comercial na Apec, o presidente chileno, Ricardo Lagos, também tem se mostrado favorável a uma maior interação do país com o Mercosul.
Para Lagos, "o Chile está oferecendo à região sua experiência na Apec e a potencialidade que os vínculos com ela podem trazer".
A Apec (sigla em inglês para Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) reúne 21 países, entre esses Estados Unidos, Japão e China. Por parte dos latino-americanos, estão na Apec Peru, Chile e México. A Apec representa um bloco de mais de 2,5 bilhões de consumidores e quase 50% do comércio global.
Nas reuniões que tiveram há cerca de dez dias, na capital chilena, Lagos e Lula deram grande importância à discussão de temas relacionados ao fortalecimento da integração regional. Ambos os mandatários se comprometeram a reimpulsionar o projeto IIRSA (Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana).
O IIRSA surgiu na Cúpula de Presidentes Latino-Americanos de 2000, em Brasília. Desde então, tem-se estudado formas de financiar as propostas apresentadas no projeto, com custo estimado em US$ 2,26 bilhões.
No encontro entre Lula e Lagos, ambos se comprometeram a levar propostas novas, com maior possibilidade de serem concretizadas, na 3ª Cúpula de Presidentes Latino-Americanos, marcada para dezembro, no Peru.
Para Lagos, a materialização da IIRSA permitiria uma adequada vinculação entre o Atlântico e o Pacífico, o que facilitaria a participação dos países sul-americanos nos mercados globais.
Dentre os projetos da IIRSA que afetam o Chile e o Brasil conjuntamente está um que visa a reativação e ampliação de linhas férreas para que se possa ligar o porto chileno de Antofagasta com o porto de Santos, com passagem pela Bolívia.
O economista chileno Mario Modiano, da consultoria Desarrollo, afirma que "o desenvolvimento desses projetos de infra-estrutura, somado a uma maior integração comercial do Mercosul com a Apec, beneficiaria muito os países sul-americanos". "Espero que esses projetos realmente comecem a sair do papel em breve", diz Modiano.
"Em novembro, os condutores da nova ebulição de desenvolvimento que tem acontecido em torno do Pacífico estarão mais perto dessa parte da região sul do planeta. O encontro da cúpula da Apec será no Chile, mas eles estarão atentos a toda a região e muitos deles irão ao encontro de nossos vizinhos", diz Lagos.
O Chile sediará em novembro a reunião de cúpula da Apec, onde são aguardadas as presenças dos presidentes dos EUA, da China e do Japão.
Em seu discurso de abertura na 11ª Reunião de Ministros de Finanças da Apec, encerrada ontem, Lagos deu destaque à importância de as 21 economias que formam a Apec trabalharem juntas na OMC (Organização Mundial do Comércio) para fomentar o livre comércio.


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