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MERCADO TENSO
Equipe econômica avalia que só coordenação internacional permitirá ao Brasil escapar da tormenta
Governo espera saída global para a crise
do Conselho Editorial
A equipe econômica admite,
nas suas avaliações mais reservadas, que o
Brasil, por si só,
não conseguirá
escapar da crise.
Isso equivale a dizer que o governo
nada mais pode fazer, a não ser
torcer para que haja alguma ação
coordenada das grandes potências
para acalmar os mercados.
Elevar juros para reduzir a margem para que bancos especulem é
um lance insuficiente enquanto as
únicas notícias que pipocam no
cenário internacional são negativas, admite-se no governo.
O câmbio tornou-se o eixo central de todas as inquietações, mas
a Folha ouviu ontem a avaliação
de que os modelos existentes produzem resultados negativos:
1 - se o câmbio é rígido, há perda
de reservas. O Brasil, embora seu
câmbio não seja tão rígido quanto
o da Argentina, por exemplo, enquadra-se nesse caso;
2 - se o câmbio é flexível, ocorrem desvalorizações, como vem
acontecendo no México, onde o
peso perdeu cerca de 25% desde a
intensificação da crise.
A análise que remete uma eventual saída da crise apenas a uma
coordenação internacional combina, à perfeição, com a forma pela qual o governo vê a crise.
Na visão do governo, as dificuldades brasileiras não se devem a
uma percepção dos investidores
de que há problemas sérios na
economia do país, mas, sim, ao
contágio da crise global. Mas o fato, reconhece, é que secou a fonte
de recursos externos.
Nesse panorama, o único dado
que a equipe vê como positivo é o
fato de que boa parte do dinheiro
que está saindo do Brasil toma o
rumo dos IDUs (títulos da dívida
brasileira de vencimento a mais
curto prazo, ou seja, 2001). O investidor não estaria, pelos cálculos
do governo, dando mostras de
desconfiança na capacidade de o
país pagar seus débitos.
(CR)
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