São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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MERCADO TENSO
Equipe econômica avalia que só coordenação internacional permitirá ao Brasil escapar da tormenta
Governo espera saída global para a crise

do Conselho Editorial


A equipe econômica admite, nas suas avaliações mais reservadas, que o Brasil, por si só, não conseguirá escapar da crise. Isso equivale a dizer que o governo nada mais pode fazer, a não ser torcer para que haja alguma ação coordenada das grandes potências para acalmar os mercados.
Elevar juros para reduzir a margem para que bancos especulem é um lance insuficiente enquanto as únicas notícias que pipocam no cenário internacional são negativas, admite-se no governo.
O câmbio tornou-se o eixo central de todas as inquietações, mas a Folha ouviu ontem a avaliação de que os modelos existentes produzem resultados negativos:
1 - se o câmbio é rígido, há perda de reservas. O Brasil, embora seu câmbio não seja tão rígido quanto o da Argentina, por exemplo, enquadra-se nesse caso;
2 - se o câmbio é flexível, ocorrem desvalorizações, como vem acontecendo no México, onde o peso perdeu cerca de 25% desde a intensificação da crise.
A análise que remete uma eventual saída da crise apenas a uma coordenação internacional combina, à perfeição, com a forma pela qual o governo vê a crise.
Na visão do governo, as dificuldades brasileiras não se devem a uma percepção dos investidores de que há problemas sérios na economia do país, mas, sim, ao contágio da crise global. Mas o fato, reconhece, é que secou a fonte de recursos externos.
Nesse panorama, o único dado que a equipe vê como positivo é o fato de que boa parte do dinheiro que está saindo do Brasil toma o rumo dos IDUs (títulos da dívida brasileira de vencimento a mais curto prazo, ou seja, 2001). O investidor não estaria, pelos cálculos do governo, dando mostras de desconfiança na capacidade de o país pagar seus débitos. (CR)



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