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MERCADO TENSO
BC bloqueia conta de pessoas físicas por dois meses; dívidas em dólar serão convertidas para rublos
Rússia confisca depósitos de seis bancos
das agências internacionais
Os russos voltaram ontem a temer a perda de
suas economias
guardadas em
bancos, pela segunda vez em
seis anos, depois
que o banco central congelou os
depósitos das seis maiores instituições privadas do país por dois
meses.
O confisco, anunciado na noite
de quarta-feira, bloqueia as contas
de pessoas físicas dos maiores
bancos de depósitos -Inkombank, Most Bank, Mosbiznesbank, Menatep, Promstroybrank e
SBS-Agro. A maioria deles tem
problemas de liquidez.
Segundo o banco central, o confisco tem a função de proteger os
depósitos dos clientes contra uma
possível crise bancária, evitando
que um excesso de retiradas torne
os bancos insolventes. A medida
atinge milhões de pessoas. Somente no Inkombank, são 500 mil
contas, com um valor estimado
em US$ 1 bilhão.
Os clientes poderão optar por
transferir seus depósitos para o estatal Sberbank. Mesmo assim, não
terão acesso ao dinheiro até 15 de
novembro. Os depósitos no Sberbank são garantidos pelo governo.
As instituições afetadas protestaram contra essa medida, dizendo
que o BC trabalha pelo fim dos
bancos comerciais.
"O que o banco central fez foi
uma microrrevolução. Para eles,
só é necessário um banco: o Sberbank", afirmou o primeiro-vice-presidente do Most Bank, Aleksander Poliakov.
Além disso, as contas em dólar
-permitidas na Rússia- serão
convertidas em rublos, pela taxa
da semana passada, de 9,3 por dólar. Isso, na prática, significa uma
perda para os depositantes, já que
a moeda russa não pára de desvalorizar. Desde a semana passada, a
queda superou os 40%.
Ontem, primeiro dia em que o
rublo foi vendido depois da suspensão dos negócios em 27 de
agosto, a moeda foi cotada oficialmente a 13,4608 por dólar, uma
queda de 4,8% em relação aos
12,82 da véspera.
No mercado interbancário, que
envolve transações entre bancos,
as negociações foram feitas por
um valor de até 18 rublos por dólar.
Situação difícil
O congelamento dos depósitos
coloca os russos em uma situação
difícil. O rendimento médio mensal das famílias é de 861 rublos, o
equivalente a cerca de US$ 64 pelo
câmbio de ontem, enquanto os
preços vêm disparando em razão
da queda da moeda.
"Eles nos derrubaram", afirmou a aposentada Antonina Petrovna, 62, depois que funcionários do Most Bank contaram-lhe
que não poderia tirar seu dinheiro.
"Se eu transferir meu dinheiro
para o Sberbank, vou perder a metade", disse a médica aposentada
Galina Zubova, que tem três contas no Inkombank, entre elas uma
em dólar, no valor de US$ 9.000.
Em 1992, o governo russo já havia confiscado os depósitos bancários dos russos. Naquela época,
com uma inflação anual acima dos
2.000%, isso significou na prática
a perda de quase todo o dinheiro
poupado.
O anúncio do confisco das contas derrubou a abalada Bolsa russa. O índice RTS, o mais importante do mercado, caiu 6,4%, a
61,43 pontos. Com isso, atingiu
seu pior nível em pontos, pela segunda vez em duas semanas.
Com o agravamento da situação,
o primeiro-ministro interino,
Viktor Tchernomirdin, declarou
que fará hoje o anúncio de "medidas drásticas" para combater a
crise financeira russa. Não foi divulgado que tipo de medidas seriam tomadas.
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