São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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Pacote malaio eleva ações em 6,27%

das agências internacionais

A Bolsa de Kuala Lumpur, na Malásia, subiu ontem 6,27% sob o efeito das medidas que estabelecem um câmbio fixo e controlam a saída de capitais do país, anunciadas na terça-feira.
As ações que tiveram maiores ganhos no pregão de ontem foram as de empresas que pertencem a familiares do primeiro-ministro, Mahathir Mohamad.
Investidores avaliaram que a decisão de demitir o ministro das Finanças, Anwar Ibrahim, deverá fortalecer Mahathir no poder. Apesar da alta de ontem, o mercado acionário ainda acumula 46% de perdas neste ano.
Analistas afirmaram ontem, porém, que o pacote malaio e a demissão do ministro devem desencorajar os investimentos no país, provocar inflação e criar um mercado negro que prejudicará a recuperação da economia.
Ontem, o secretário do Tesouro norte-americano, Robert Rubin, fez críticas às restrições impostas ao câmbio. As medidas, segundo ele, não devem levar ao crescimento e à estabilidade da economia do país.
Sustentar a cotação
A cotação fixa de 3,80 ringgits por dólar está sendo considerada insustentável por economistas. "A curto prazo, o governo poderá sustentar a cotação. Mas, com o tempo, a moeda vai se enfraquecer", disse Bill Belchere, chefe de pesquisa econômica do Merril Lynch em Cingapura.
Economistas reclamam que, até agora, o primeiro-ministro não disse em quais fundamentos está baseado o valor fixo de 3,80 ringgits por dólar.
Daniel Lian, chefe de mercados asiáticos do ANZ Investment Bank em Cingapura, afirma, no entanto, que o ringgit está fixado em um nível "realista".
Chiang Yao Chye, chefe de pesquisa para Ásia-Pacífico do CIBC em Cingapura, afirma que o governo só poderá sustentar o câmbio atual por poucos meses. Até lá, deve adotar medidas que possam reestruturar e recapitalizar seu setor bancário.
Analistas em Tóquio disseram ontem que o controle cambial imposto pelo governo malaio deve cortar investimentos diretos do exterior e afetar a credibilidade internacional do país.
"As condições econômicas da Malásia podem piorar se o ringgit for alvo de um novo ataque especulativo", afirmou Daisuke Hiratsuka, gerente-adjunto do Instituto de Economias em Desenvolvimento.
Ontem, o banco central estendeu o prazo aos bancos para saldarem seus contratos em ringgits. Os bancos têm até quarta-feira (dia 9) para liquidar as transações em ringgits feitas até 31 de agosto. O prazo anterior era até hoje.
As mudanças anunciadas pelo governo malaio e a saída do ministro das Finanças tiveram forte repercussão ontem nos mercados acionários da região (leia texto nesta página).



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