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PREÇOS
São Paulo registra a maior queda mensal de preços desde 1953, mas economista a relaciona ao processo de estabilização, e não à crise atual
Agosto fecha com deflação de 1%, apura Fipe
MAURO ZAFALON
da Redação
Os preços continuam surpreendendo em São Paulo. Os dados divulgados ontem pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostraram deflação de 1%
no mês passado, a maior queda
mensal de preços desde maio de
1953.
Com mais essa taxa de deflação,
a quarta neste ano, os preços acumulam queda de 0,61% nos oito
primeiros meses de 98. É a primeira vez desde 1939, quando começou a ser apurada a taxa de inflação na cidade de São Paulo, que
ocorre uma deflação nesse período.
Nos últimos 12 meses, a taxa
acumulada de evolução dos preços
é de apenas 0,73%, o menor percentual desde o período de novembro de 48 a outubro de 49,
quando os preços tinham caído
0,5%.
"A inflação brasileira é favorável e se compara à das economias
líderes", afirmou Heron do Carmo, coordenador do Índice de
Preços ao Consumidor da Fipe.
Para o economista da Fipe, o país
vive o melhor ano de inflação desde que se apura esse indicador de
preços.
A queda dos preços está acima
do esperado, mas não se deve às
dificuldades econômicas que afetam o país, diz Heron do Carmo.
Essa deflação não é preocupante e
se deve ao processo de estabilização da economia, diz ele.
A queda de ritmo da economia
após a crise de outubro do ano
passado também cooperou para o
aumento dessa deflação, mas com
pouca intensidade. No mês passado, por exemplo, os principais indicadores de nível de atividade já
indicaram maior ritmo da economia. Mesmo assim, a deflação
continuou, afirmou o economista.
A inflação vinha sendo cortada
pela metade anualmente desde o
início do Plano Real. Em 1998 a retração vai ser maior (a taxa deve
ficar em 1% , contra 4,8% em 97).
Essa queda maior da taxa é explicada pela ausência de fatores climáticos que complicassem o abastecimento de alimentos, diz o economista da Fipe. Os maiores problemas ficaram para feijão e arroz.
No caso do feijão os preços já estão
voltando ao normal.
A queda de preços foi maior neste ano, ainda, porque o governo
diminuiu muito o ritmo de alta
das tarifas públicas em relação aos
anos anteriores. No caso dos combustíveis, até reduziu os preços.
A tendência de queda foi generalizada em agosto, com alta apenas
nos custos de habitação (0,05%).
O aluguel, que integra esse item,
teve queda de 0,23% no mês passado.
No acumulado dos últimos 12
meses a taxa do aluguel também é
negativa (-0,88%), contrastando
com a alta recorde de 572,33% em
todo o período do Plano Real. O
aumento anterior, entretanto, tem
a ver com a queda atual, já que a
fase é de estabilização.
A maior queda ficou com vestuário, que caiu 3,49%. Já no acumulado do ano, apenas os setores
de saúde (1,49%) e de educação
(4,67%) tiveram aumento. A inflação acumulada no Plano Real recuou para 67,07% até agosto, contra 68,75% até julho.
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