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PRIVATIZAÇÃO
Decisão de data da venda do banco sai dois dias após pleito municipal
Banespa vai a leilão em 20 de novembro por R$ 1,85 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois dias após a realização do
primeiro turno das eleições municipais, o Banco Central definiu
ontem a data de realização do leilão do Banespa e o seu preço mínimo. O banco será vendido no
dia 20 de novembro por, pelo menos, R$ 1,85 bilhão.
Quem comprar o banco terá de
fazer o pagamento à vista, até o
dia 27 de novembro.
As decisões foram tomadas em
reunião extraordinária do CMN
(Conselho Monetário Nacional),
ocorrida ontem no Rio de Janeiro.
Os detalhes sobre a venda devem
estar no edital de pri3vatização,
que deve ser publicado hoje no
"Diário Oficial" da União.
A Folha apurou que o BC teme
que os adversários da privatização do banco voltem a tentar barrar o negócio na Justiça.
Conforme antecipado pela Folha, o edital de venda do Banespa
só está sendo publicado após o
primeiro turno das eleições para
prefeitos e vereadores.
A Folha apurou que o governo
decidiu segurar o edital para evitar que o processo de privatização
atrapalhasse o desempenho do
candidato do PSDB à Prefeitura
de São Paulo, Geraldo Alckmin,
que não foi para o segundo turno.
Em tese, o edital poderia ter saído desde fins de julho, quando foi
derrubada a última liminar que
impedia a venda do Banespa. Há
um mês, quando questionado sobre a demora na publicação do
edital, o diretor de Finanças Públicas do BC, Carlos Eduardo de
Freitas, limitou-se a dizer que havia "questões operacionais".
Duas avaliações
Foram feitas duas avaliações.
Uma foi conduzida pelo Banco
Fator, contratado pelo BC, que
concluiu que o banco vale R$
5,843 bilhões. Outra foi realizada
pela Booz-Allen, contratada pelo
Estado de São Paulo, que chegou a
uma cifra de R$ 5,674 bilhões.
Inicialmente, uma das avaliações havia sido fixada em R$ 4,6
bilhões, mas o número foi corrigido após recomendação do TCU
(Tribunal de Contas da União).
Serão colocados à venda 33% do
capital social da instituição, que
estão sob controle do governo federal. Os empregados do banco
também terão direito a comprar,
em ações, o equivalente a R$
97,383 milhões. Os funcionários
poderá efetuar o pagamento até o
dia 22 de dezembro.
O governo já marcou outras três
datas para o leilão, a primeira delas em 16 de maio passado, mas a
venda não se concretizou devido
a liminares obtidas pelo Ministério Público e pelo sindicato dos
bancários de São Paulo.
No início de abril, foram selecionados para participar do leilão
quatro bancos nacionais (Bradesco, Itaú, Unibanco e Safra) e cinco
instituições financeiras estrangeiras (Santander, Citibank, BankBoston, BBVA e HSBC).
Embora o BC tenha adiado a
publicação do edital para depois
das eleições, não houve prejuízo
algum ao processo de venda do
Banespa. Logo após cair a última
liminar que impedia a venda do
banco, o BC abriu aos interessados a sala com informações estratégicas do Banespa.
Novo desenho
Analistas do mercado bancário
consideram que a venda do Banespa deverá definir o novo desenho do setor. Para o Unibanco, o
Bradesco e o Itaú, a aquisição do
banco paulista é considerada estratégica para assegurar uma posição representativa no mercado.
A compra do Banespa por um
banco estrangeiro significaria a
entrada de um novo concorrente
no mercado com peso suficiente
para ameaçar a liderança dos três
bancos privados nacionais.
A Folha procurou a assessoria
de imprensa do Banco Central para comentar a demora na divulgação do edital e a coincidência com
a passagem das eleições. Até o fechamento dessa edição, o Banco
Central não havia se pronunciado.
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