São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2000

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PRIVATIZAÇÃO
Decisão de data da venda do banco sai dois dias após pleito municipal
Banespa vai a leilão em 20 de novembro por R$ 1,85 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois dias após a realização do primeiro turno das eleições municipais, o Banco Central definiu ontem a data de realização do leilão do Banespa e o seu preço mínimo. O banco será vendido no dia 20 de novembro por, pelo menos, R$ 1,85 bilhão.
Quem comprar o banco terá de fazer o pagamento à vista, até o dia 27 de novembro.
As decisões foram tomadas em reunião extraordinária do CMN (Conselho Monetário Nacional), ocorrida ontem no Rio de Janeiro. Os detalhes sobre a venda devem estar no edital de pri3vatização, que deve ser publicado hoje no "Diário Oficial" da União.
A Folha apurou que o BC teme que os adversários da privatização do banco voltem a tentar barrar o negócio na Justiça.
Conforme antecipado pela Folha, o edital de venda do Banespa só está sendo publicado após o primeiro turno das eleições para prefeitos e vereadores.
A Folha apurou que o governo decidiu segurar o edital para evitar que o processo de privatização atrapalhasse o desempenho do candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, que não foi para o segundo turno.
Em tese, o edital poderia ter saído desde fins de julho, quando foi derrubada a última liminar que impedia a venda do Banespa. Há um mês, quando questionado sobre a demora na publicação do edital, o diretor de Finanças Públicas do BC, Carlos Eduardo de Freitas, limitou-se a dizer que havia "questões operacionais".

Duas avaliações
Foram feitas duas avaliações. Uma foi conduzida pelo Banco Fator, contratado pelo BC, que concluiu que o banco vale R$ 5,843 bilhões. Outra foi realizada pela Booz-Allen, contratada pelo Estado de São Paulo, que chegou a uma cifra de R$ 5,674 bilhões.
Inicialmente, uma das avaliações havia sido fixada em R$ 4,6 bilhões, mas o número foi corrigido após recomendação do TCU (Tribunal de Contas da União).
Serão colocados à venda 33% do capital social da instituição, que estão sob controle do governo federal. Os empregados do banco também terão direito a comprar, em ações, o equivalente a R$ 97,383 milhões. Os funcionários poderá efetuar o pagamento até o dia 22 de dezembro.
O governo já marcou outras três datas para o leilão, a primeira delas em 16 de maio passado, mas a venda não se concretizou devido a liminares obtidas pelo Ministério Público e pelo sindicato dos bancários de São Paulo.
No início de abril, foram selecionados para participar do leilão quatro bancos nacionais (Bradesco, Itaú, Unibanco e Safra) e cinco instituições financeiras estrangeiras (Santander, Citibank, BankBoston, BBVA e HSBC).
Embora o BC tenha adiado a publicação do edital para depois das eleições, não houve prejuízo algum ao processo de venda do Banespa. Logo após cair a última liminar que impedia a venda do banco, o BC abriu aos interessados a sala com informações estratégicas do Banespa.

Novo desenho
Analistas do mercado bancário consideram que a venda do Banespa deverá definir o novo desenho do setor. Para o Unibanco, o Bradesco e o Itaú, a aquisição do banco paulista é considerada estratégica para assegurar uma posição representativa no mercado. A compra do Banespa por um banco estrangeiro significaria a entrada de um novo concorrente no mercado com peso suficiente para ameaçar a liderança dos três bancos privados nacionais.
A Folha procurou a assessoria de imprensa do Banco Central para comentar a demora na divulgação do edital e a coincidência com a passagem das eleições. Até o fechamento dessa edição, o Banco Central não havia se pronunciado.



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