São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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CONJUNTURA

Nos últimos dois anos, atividade industrial de SP teve crescimento; Fiesp diz que INA deve cair 1% neste ano

Indústria prevê pior ano desde desvalorização

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAl

A indústria paulista vai encolher no mínimo 1% neste ano. Se confirmado, será o pior resultado desde 1999, ano da maxidesvalorização do real.
A projeção foi feita ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a partir dos dados do INA (Indicador do Nível de Atividade). No mês de agosto, a atividade recuou 6,8% comparada com igual mês do ano passado. O que significa o mais fraco desempenho para este mês desde a queda de 3,76%, justamente em 1999 -quando a atividade industrial recuou 4,21%. Em 2001, mesmo com o apagão, a indústria cresceu 2,55% no Estado.
Como em São Paulo está cerca de metade das indústrias do país, a Fiesp prevê que o crescimento do setor será nulo neste ano.
Nos oito primeiros meses de 2002, a indústria paulista acumulou queda de produção de 3,2% em relação a iguais meses de 2001. Em agosto do ano passado, por exemplo, em pleno racionamento, ainda encontrara fôlego para crescer 0,67% sobre 2000.
""A situação está tão complicada que, se fecharmos com o ano com queda de 1%, podemos nos dar por satisfeitos", disse Clarice Messer, diretora do departamento de pesquisas da Fiesp. Em janeiro, a previsão era que a indústria no Estado iria crescer 2,5%.
De acordo com Clarice, a queda de 6,8% na atividade industrial em agosto deve-se em grande parte ao fato de que fora um mês de desova de estoques. Isso porque, segundo ela, como julho fora um mês de vendas muito fracas, em agosto as indústrias atenderam a pedidos com o que haviam estocado. ""Agosto concentrou a maior quantidade de acerto de estoques [que deveria ocorrer de julho a outubro". Quem tinha produto estocado desovou, porque estocar também é custo", disse.
A pesquisa mensal para o INA considera a atividade em 11 diferentes setores da indústria. Em agosto, os que apresentaram pior desempenho foram material elétrico e eletrônico, com queda de 6,1% em relação a julho. A comparação anual revela uma queda brutal: 33% em agosto contra o mesmo mês de 2001. No acumulado do ano, o tombo soma 21,3%. A explicação é dada pela grande diminuição de encomendas provocada pela crise no setor de telefonia e pelo mau desempenho também na indústria civil, grande compradora de material elétrico.
O segundo setor com piores números é o de transporte. Em agosto, houve queda de 10,4% em relação a mesmo mês de 2001. No ano, o recuo chega a 7,1%. ""O desempenho da indústria automobilística (que dificilmente alcançará a mesma produção de 2001) dá uma dimensão das dificuldades nesse setor", disse Messer.
Por fim, o setor de mecânica registrou atividade 4,5% no mês, também em relação a agosto de 2001. A razão é simples: uma pesquisa da Fiesp demonstrou que, das empresas que estão fazendo cortes, pelo menos 50% são de investimentos na compra de máquinas e equipamentos.
Os três únicos setores com resultado positivo no ano são alimentício (alta de 2,7%), químico (4,2%) e móveis (1,4%).

Expectativa
Segundo Clarice, o INA do mês de setembro deve apresentar tímidos sinais de melhora na atividade, principalmente nas indústrias ligadas à exportação ou à substituição de importações -o que incluiria maquinário e têxtil.
No caso de outubro, ela qualificou como ""o mês da ansiedade" por conta das eleições. ""Com ou sem segundo turno, é muito improvável que as empresas façam grandes negociações. Restariam os dois últimos meses do ano para minimizar os resultados. Não esperem muito. Milagre não vai acontecer", completou.


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