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CONJUNTURA
Nos últimos dois anos, atividade industrial de SP teve crescimento; Fiesp diz que INA deve cair 1% neste ano
Indústria prevê pior ano desde desvalorização
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAl
A indústria paulista vai encolher
no mínimo 1% neste ano. Se confirmado, será o pior resultado
desde 1999, ano da maxidesvalorização do real.
A projeção foi feita ontem pela
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo), a partir
dos dados do INA (Indicador do
Nível de Atividade). No mês de
agosto, a atividade recuou 6,8%
comparada com igual mês do ano
passado. O que significa o mais
fraco desempenho para este mês
desde a queda de 3,76%, justamente em 1999 -quando a atividade industrial recuou 4,21%. Em
2001, mesmo com o apagão, a indústria cresceu 2,55% no Estado.
Como em São Paulo está cerca
de metade das indústrias do país,
a Fiesp prevê que o crescimento
do setor será nulo neste ano.
Nos oito primeiros meses de
2002, a indústria paulista acumulou queda de produção de 3,2%
em relação a iguais meses de 2001.
Em agosto do ano passado, por
exemplo, em pleno racionamento, ainda encontrara fôlego para
crescer 0,67% sobre 2000.
""A situação está tão complicada
que, se fecharmos com o ano com
queda de 1%, podemos nos dar
por satisfeitos", disse Clarice Messer, diretora do departamento de
pesquisas da Fiesp. Em janeiro, a
previsão era que a indústria no
Estado iria crescer 2,5%.
De acordo com Clarice, a queda
de 6,8% na atividade industrial
em agosto deve-se em grande parte ao fato de que fora um mês de
desova de estoques. Isso porque,
segundo ela, como julho fora um
mês de vendas muito fracas, em
agosto as indústrias atenderam a
pedidos com o que haviam estocado. ""Agosto concentrou a
maior quantidade de acerto de estoques [que deveria ocorrer de julho a outubro". Quem tinha produto estocado desovou, porque
estocar também é custo", disse.
A pesquisa mensal para o INA
considera a atividade em 11 diferentes setores da indústria. Em
agosto, os que apresentaram pior
desempenho foram material elétrico e eletrônico, com queda de
6,1% em relação a julho. A comparação anual revela uma queda
brutal: 33% em agosto contra o
mesmo mês de 2001. No acumulado do ano, o tombo soma 21,3%.
A explicação é dada pela grande
diminuição de encomendas provocada pela crise no setor de telefonia e pelo mau desempenho
também na indústria civil, grande
compradora de material elétrico.
O segundo setor com piores números é o de transporte. Em agosto, houve queda de 10,4% em relação a mesmo mês de 2001. No
ano, o recuo chega a 7,1%. ""O desempenho da indústria automobilística (que dificilmente alcançará a mesma produção de 2001)
dá uma dimensão das dificuldades nesse setor", disse Messer.
Por fim, o setor de mecânica registrou atividade 4,5% no mês,
também em relação a agosto de
2001. A razão é simples: uma pesquisa da Fiesp demonstrou que,
das empresas que estão fazendo
cortes, pelo menos 50% são de investimentos na compra de máquinas e equipamentos.
Os três únicos setores com resultado positivo no ano são alimentício (alta de 2,7%), químico
(4,2%) e móveis (1,4%).
Expectativa
Segundo Clarice, o INA do mês
de setembro deve apresentar tímidos sinais de melhora na atividade, principalmente nas indústrias ligadas à exportação ou à
substituição de importações -o
que incluiria maquinário e têxtil.
No caso de outubro, ela qualificou como ""o mês da ansiedade"
por conta das eleições. ""Com ou
sem segundo turno, é muito improvável que as empresas façam
grandes negociações. Restariam
os dois últimos meses do ano para
minimizar os resultados. Não esperem muito. Milagre não vai
acontecer", completou.
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