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CONSUMO
Medo do desemprego e eleições assustam paulistanos, diz pesquisa da USP
Classe média de SP desiste de gastar
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Pouco mais de 78% dos paulistanos dizem que não pretendem
comprar nada hoje. A taxa é a segunda maior desde que a pesquisa de consumo do Provar (Programa de Administração de Varejo) da USP começou a ser feita, em
1999.
"Dificilmente esse número irá
ceder. No final de 2001, cerca de
28% não tinham intenção de
comprar. Estamos muito longe
disso", disse Cláudio Felisoni, diretor do instituto.
A estimativa é feita com base na
intenção de compra das pessoas
nos dois últimos meses, inclusive
em outubro. Em novembro, a estimativa do Provar é que essas taxas elevadas permaneçam como
estão. Foram ouvidas 400 pessoas
em São Paulo, das mais diferentes
classes econômicas.
O temor do desemprego, as más
notícias a respeito de alguns indicadores da economia brasileira e a
expectativa em torno das eleições
fizeram o consumidor pensar antes de colocar a mão no bolso,
conclui o levantamento.
Uma boa parte dos entrevistados (34,6%, a maior taxa da pesquisa) pertence à classe média
paulistana -tem renda mensal
superior a R$ 3.901. E 23,6% recebem de R$ 2.991 a R$ 3.900.
O trabalho mostra que, em
abril, quase 85% não pensavam
em abrir a carteira -a maior taxa
da pesquisa. Logo depois, em julho, a taxa caiu para 69,8%. Agora,
voltou a subir, para 78,1%.
E o pior: a intenção de gasto dos
paulistanos caiu em todos os setores. No caso da linha branca, o total de interessados em gastar caiu
de 7,1% em julho para 5,5% neste
mês. Nos eletrônicos, de 7,3% para 6,2%.
Nem o segmento de automóveis
-que ganhou do governo redução na cobrança do IPI, com a
consequente queda no preço dos
carros- conseguiu escapar: queda de 1% para 0,7%.
Inadimplência na berlinda
Há um cenário em formação
que pode ser explosivo para o varejo e para o consumidor. Dados
do Provar mostram que hoje 80%
dos paulistanos que pretendem
comprar eletrônicos usarão o crediário. Apenas 12% deles optam
pela operação à vista e 8%, pelo
cartão de crédito. No mesmo período de 2001, menos da metade
(41%) falava em comprar a prazo.
No caso das vendas de móveis,
86,7% dos clientes pretendem
usar o crediário. A taxa recorde é
verificada na linha branca (geladeiras e freezers, entre outros),
em que 91% prefere a operação
parcelada. As taxas são muito elevadas em relação à média de outros anos, e cria uma expectativa
de aumento da inadimplência entre as próprias redes varejistas ouvidas pela Folha.
No Ponto Frio, por exemplo,
71% das vendas no segundo trimestre do ano foram a prazo. No
Magazine Luiza, 63% dos eletrônicos são pagos em parcelas.
"Esse número de pessoas que
pretende comprar no crediário é
alto, pois 80% é uma taxa elevada.
Mas pode ser que chegue a isso
devido ao Natal", diz João Bosco,
gerente de compras do Magazine
Luiza.
A questão é como o consumidor pagará a dívida em 2003. O
número de pessoas com contas
em atraso cresceu 41,2% em setembro em relação a setembro de
2001 em São Paulo. A boa notícia é
que o total de pessoas que conseguiu limpar o nome também subiu (60,1%).
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