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PREÇOS
Estimativa para a taxa em SP em 2002, que era de 4,5%, sobe para 5,5%
Dólar e comida fazem Fipe prever inflação anual maior
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O cenário inflacionário mudou
nas últimas semanas. A forte desvalorização do real, a quebra das
safras agrícolas nos principais
países produtores -como Estados Unidos e Canadá- e a elevação dos preços dos alimentos,
tanto no mercado interno como
no externo, imprimiram novo ritmo à taxa.
A soma desses fatores fez com
que a inflação do mês passado no
município de São Paulo contrariasse a tendência dos últimos
anos, quando a taxa de setembro
sempre ficava bem abaixo da de
agosto.
Essa mudança de cenário fez
com que o coordenador do Índice
de Preços ao Consumidor da Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas), Heron do Carmo,
reavaliasse a previsão de inflação
para este ano.
A Fipe, que trabalhava com a
previsão de 4,5% para 2002, mudou as estimativas para 5,5%.
A Fipe refez a previsão porque
Heron prevê novos reajustes de
preços para os combustíveis e para o gás de cozinha após as eleições. Os reajustes desses dois
itens podem ser ainda mais elevados se os Estados Unidos atacarem o Iraque.
Heron acredita que os reajustes
nos preços dos combustíveis e do
gás virão aos poucos. Quando a
Petrobras terminar o repasse dos
30% estimados de defasagem, a
inflação estará 0,9% mais elevada
só por conta desses itens.
Em setembro
A inflação do mês passado, prevista inicialmente em 0,30% pela
Fipe, foi de 0,76%. Em agosto, os
preços tinham subido 1,01%. Em
2001, a inflação recuou de 1,15%
em agosto para 0,32% no mês seguinte.
Heron diz que a taxa de inflação
só ficou fora das previsões devido
aos alimentos. Apenas cinco itens
do setor de alimentos foram responsáveis por 25% da taxa de inflação do mês passado. Os maiores aumentos foram para frango
(8%), arroz (6%) e óleo de soja
(11%).
Os preços dos alimentos não devem ceder nos próximos meses.
Tradicionalmente, o Brasil vive
um período de entressafra no segundo semestre, mas a pressão
nos preços neste ano foi agravada
pelos problemas no abastecimento externo.
A quebra de safra de trigo nos
Estados Unidos, no Canadá e na
Austrália provocou alta de 80%
nos preços em dólares no mercado externo. O consumidor sentiu
essa alta no bolso porque os preços do pãozinho acumulam alta
de 21%.
Outro item que vem pesando no
bolso dos consumidores é o óleo
de soja. A alta acumulada neste
ano é de 31%, apesar da safra recorde no Brasil.
A quebra de produção nos Estados Unidos e a forte demanda pelo produto nos demais países
não-produtores forçaram a elevação também nos preços internos.
Os preços do trigo e da soja foram
esquentados, ainda, pela alta do
dólar.
A desvalorização do real tornou
as importações de trigo mais caras, mas favoreceu também as exportações de soja. A queda do real
favoreceu também as exportações
de milho, elevando os preços internos e pressionando os custos
na produção de carnes.
A alta do dólar foi responsável,
ainda, pela elevação dos preços
dos artigos de higiene e de beleza,
que ficaram 0,90% mais caros no
mês passado. No mesmo período,
os produtos de limpeza, que contêm componentes importados,
subiram 1%.
A inflação só não foi mais aquecida porque as tarifas públicas estão deixando de pressionar o índice. Em agosto, os custos com a
manutenção do domicílio subiram 2,94%, devido à alta das tarifas públicas a partir de julho. Em
setembro, o aumento no setor de
manutenção do domicílio recuou
para 1,59%.
As tarifas públicas subiram, em
média, 2,23% no mês passado,
com destaque para a alta de 6,19%
de água e esgoto.
Política
Heron acredita que, independentemente do candidato a presidente que for eleito, as taxas de inflação não devem sofrer grandes
mudanças. Os programas dos
candidatos são semelhantes, diz o
economista.
Para este mês a Fipe prevê de inflação de 0,60%. Em novembro e
dezembro, a taxa ficará em 0,50%
por mês. Neste ano, a inflação
acumulada é de 3,82% e, nos últimos 12 meses, de 5,49%. Desde o
início do Real, a Fipe registra inflação de 108% -taxa média
mensal de 0,75%.
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