São Paulo, domingo, 04 de dezembro de 2005

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VAREJO

Aumento na renda e estabilidade nos índices de desemprego em 2005 levam consumidores aos shoppings, aponta pesquisa

Comércio de rua perde preferência em SP

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na geografia do comércio varejista de São Paulo, o maior do Brasil, ruas como a 24 de Maio, Silva Telles e 12 de Outubro perderam neste ano a preferência do consumidor que mora na capital.
Marco do consumo popular, que fervilha às vésperas do Natal, a rua 25 de Março sofreu um aumento na rejeição dos seus fregueses em duas regiões da cidade: nas zonas sul e norte.
A região mantém, porém, o posto de um dos melhores locais para compras regulares de roupas para os consumidores das regiões central, oeste e leste da cidade de São Paulo.
No outro extremo da capital, para um público que paga caro pelos seus desejos de consumo, os shoppings Iguatemi e Morumbi voltaram a ocupar a liderança do mercado em 2005.
Esses são os centros de compras com a melhor nota numa seleção de 24 atributos definida por especialistas em varejo.
Essas conclusões fazem parte de um levantamento de cerca de 750 páginas obtido com exclusividade pela Folha com a consultoria Toledo & Associados, especializada em planejamento de shoppings.
O levantamento foi realizado nos meses de outubro e novembro com 2.100 pessoas em cada uma das cinco regiões da capital paulista -leste, oeste, norte, sul e centro.
Na avaliação do consumidor entrevistado, o fato de os pontos-de-venda de roupas, por exemplo, na rua Teodoro Sampaio, terem os preços mais baixos que os dos shoppings -nove em dez entrevistados crêem nisso- não faz a freqüência às lojas de rua subir.
Se 41% dos moradores da zona oeste iam à Teodoro Sampaio regularmente em 2004, essa taxa caiu para 34% em 2005.
Nessa mesma linha de raciocínio, a rua Oriente, com venda de itens de cama mesa e banho, e a 24 de Maio, com comércio de roupas, perderam a preferência também, segundo o levantamento.
Na região central da cidade, em oito ruas pesquisadas, quatro apresentaram redução na taxa de consumidores que dizem ir a esses locais regularmente.
Duas ruas tiveram um aumento na taxa de clientes que as freqüentam com regularidade: a rua Maria Marcolina, forte em vestuário e itens para casa, e a rua José Paulino, fenômeno de vendas para a classe média, que "descobriu" o lugar anos atrás.

Renda e desemprego
Na avaliação de Francisco José de Toledo, diretor-geral da Toledo & Associados, indicadores econômicos mais saudáveis, como a leve subida na renda real do trabalhador neste ano -cresceu 1,6% em 12 meses- e a estabilidade nos índice de desemprego, acabam contribuindo para uma demanda maior em determinados shoppings em detrimento das lojas de rua.
"A boa localização, o mix de lojas e a segurança que esses locais proporcionam ao consumidor levam à migração de clientes. Mas isso não quer dizer que as lojas de rua vão acabar", afirma José de Toledo. "Há regiões e bolsos que o shopping center não atinge", diz o diretor.
Segundo análise de Marcos Romiti, diretor da Intermart/Austin Consultores Associados, nos EUA, cerca de 53% do comércio não-automotivo é feitos nesses grandes centros de compras.
No Brasil a taxa está em 19% -bem inferior à dos EUA. "Se atingirmos a marca de 25%, 26%, já será espetacular. E, mesmo assim, ainda será inferior aos EUA, o que mostra que há espaço para crescimento", afirma Romiti.

Formigueiro humano
Uma eventual resistência em aceitar os dados das pesquisas -basta uma visita ao comércio popular aos sábados e vê-se uma movimentação grande- pode ser explicada pelo fato de o estudo ter levantado dados com moradores das regiões analisadas. E parte dos clientes que lotam as ruas é de fora de São Paulo.
Nos shopping centers, os dados do levantamento da Toledo, intitulado "My Shopping", mostram que a preferência do consumidor na hora da compra sofreu algumas alterações.
Pelo critério dos técnicos -que definiram 24 atributos, com pesos diferentes, como localização, acesso, tamanho do estacionamento-, o Shopping Center Penha perdeu a primeira posição neste ano para o ABC Plaza Shopping na zona leste.
Ao consumidor, foi questionado na pesquisa qual o shopping que ele mais freqüenta. Em relação a qual local ele escolhe para fazer compras, a resposta foi a mesma.

Morumbi e Daslu
Já nas regiões sul e oeste da capital paulista, os eleitos foram os shoppings Morumbi e Iguatemi, respectivamente.
O primeiro retornou à posição de líder do segmento ao obter 8,36 pontos numa escala de zero a dez -em 2004, foi o segundo colocado e perdeu para o Shopping Interlagos.
No caso do Iguatemi, o centro de compras pulou da quarta posição no ano passado, quando obteve 8,12 pontos, para a primeira colocação novamente, com 8,28 pontos em 2005.
O shopping volta à liderança na região em que atua no ano em que a Daslu foi alvo de um desgaste em sua imagem na mídia, após investigação no local, comandada pela Polícia Federal.


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