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VAREJO
Aumento na renda e estabilidade nos índices de desemprego em 2005 levam consumidores aos shoppings, aponta pesquisa
Comércio de rua perde preferência em SP
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na geografia do comércio varejista de São Paulo, o maior do Brasil, ruas como a 24 de Maio, Silva
Telles e 12 de Outubro perderam
neste ano a preferência do consumidor que mora na capital.
Marco do consumo popular,
que fervilha às vésperas do Natal,
a rua 25 de Março sofreu um aumento na rejeição dos seus fregueses em duas regiões da cidade:
nas zonas sul e norte.
A região mantém, porém, o
posto de um dos melhores locais
para compras regulares de roupas
para os consumidores das regiões
central, oeste e leste da cidade de
São Paulo.
No outro extremo da capital,
para um público que paga caro
pelos seus desejos de consumo, os
shoppings Iguatemi e Morumbi
voltaram a ocupar a liderança do
mercado em 2005.
Esses são os centros de compras
com a melhor nota numa seleção
de 24 atributos definida por especialistas em varejo.
Essas conclusões fazem parte de
um levantamento de cerca de 750
páginas obtido com exclusividade
pela Folha com a consultoria Toledo & Associados, especializada
em planejamento de shoppings.
O levantamento foi realizado
nos meses de outubro e novembro com 2.100 pessoas em cada
uma das cinco regiões da capital
paulista -leste, oeste, norte, sul e
centro.
Na avaliação do consumidor
entrevistado, o fato de os pontos-de-venda de roupas, por exemplo,
na rua Teodoro Sampaio, terem
os preços mais baixos que os dos
shoppings -nove em dez entrevistados crêem nisso- não faz a
freqüência às lojas de rua subir.
Se 41% dos moradores da zona
oeste iam à Teodoro Sampaio regularmente em 2004, essa taxa
caiu para 34% em 2005.
Nessa mesma linha de raciocínio, a rua Oriente, com venda de
itens de cama mesa e banho, e a 24
de Maio, com comércio de roupas, perderam a preferência também, segundo o levantamento.
Na região central da cidade, em
oito ruas pesquisadas, quatro
apresentaram redução na taxa de
consumidores que dizem ir a esses locais regularmente.
Duas ruas tiveram um aumento
na taxa de clientes que as freqüentam com regularidade: a rua Maria Marcolina, forte em vestuário
e itens para casa, e a rua José Paulino, fenômeno de vendas para a
classe média, que "descobriu" o
lugar anos atrás.
Renda e desemprego
Na avaliação de Francisco José
de Toledo, diretor-geral da Toledo & Associados, indicadores
econômicos mais saudáveis, como a leve subida na renda real do
trabalhador neste ano -cresceu
1,6% em 12 meses- e a estabilidade nos índice de desemprego,
acabam contribuindo para uma
demanda maior em determinados shoppings em detrimento das
lojas de rua.
"A boa localização, o mix de lojas e a segurança que esses locais
proporcionam ao consumidor levam à migração de clientes. Mas
isso não quer dizer que as lojas de
rua vão acabar", afirma José de
Toledo. "Há regiões e bolsos que o
shopping center não atinge", diz o
diretor.
Segundo análise de Marcos Romiti, diretor da Intermart/Austin
Consultores Associados, nos
EUA, cerca de 53% do comércio
não-automotivo é feitos nesses
grandes centros de compras.
No Brasil a taxa está em 19%
-bem inferior à dos EUA. "Se
atingirmos a marca de 25%, 26%,
já será espetacular. E, mesmo assim, ainda será inferior aos EUA,
o que mostra que há espaço para
crescimento", afirma Romiti.
Formigueiro humano
Uma eventual resistência em
aceitar os dados das pesquisas
-basta uma visita ao comércio
popular aos sábados e vê-se uma
movimentação grande- pode
ser explicada pelo fato de o estudo
ter levantado dados com moradores das regiões analisadas. E parte
dos clientes que lotam as ruas é de
fora de São Paulo.
Nos shopping centers, os dados
do levantamento da Toledo, intitulado "My Shopping", mostram
que a preferência do consumidor
na hora da compra sofreu algumas alterações.
Pelo critério dos técnicos -que
definiram 24 atributos, com pesos
diferentes, como localização,
acesso, tamanho do estacionamento-, o Shopping Center Penha perdeu a primeira posição
neste ano para o ABC Plaza Shopping na zona leste.
Ao consumidor, foi questionado na pesquisa qual o shopping
que ele mais freqüenta. Em relação a qual local ele escolhe para
fazer compras, a resposta foi a
mesma.
Morumbi e Daslu
Já nas regiões sul e oeste da capital paulista, os eleitos foram os
shoppings Morumbi e Iguatemi,
respectivamente.
O primeiro retornou à posição
de líder do segmento ao obter 8,36
pontos numa escala de zero a dez
-em 2004, foi o segundo colocado e perdeu para o Shopping Interlagos.
No caso do Iguatemi, o centro
de compras pulou da quarta posição no ano passado, quando obteve 8,12 pontos, para a primeira colocação novamente, com 8,28
pontos em 2005.
O shopping volta à liderança na
região em que atua no ano em que
a Daslu foi alvo de um desgaste
em sua imagem na mídia, após investigação no local, comandada
pela Polícia Federal.
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