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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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CRISE NO AR

Ministro Furlan diz que empresa fará em breve anúncio importante

Varig prepara acordo com credores

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Varig deve anunciar nos próximos dias um acordo com seus credores, que passariam a coordenar a administração da companhia aérea.
A Folha apurou que as grandes empresas de leasing iniciaram fortes pressões para retomar as aeronaves que alugam para a Varig, cerca de 50 aviões de sua frota de 108 aeronaves.
O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) disse ontem que "nesta semana a Varig fará um anúncio importante". Furlan, um dos interlocutores do governo com as empresas aéreas, fez a afirmação ao ser questionado sobre a crise da empresa.
O ministro afirmou que o anúncio sobre a Varig seria feito pela própria empresa e se recusou a dar qualquer outro detalhe. Ele se limitou a comentar que voou de Varig nesta semana.
Na segunda-feira passada, o ministro da Defesa, José Viegas, que também participa das conversas com a companhia aérea, afirmou que o governo não vai ajudar individualmente nenhuma empresa em dificuldades.
O arresto de um Boeing 777-200 na semana passada, em Paris, pela empresa ILFC (ligada ao grupo de seguros AIG, que está comprando cerca de 20% da companhia aérea Gol) foi apenas um sinal do que as companhias de leasing de aviões estão dispostas a fazer contra a Varig.
O objetivo dessas empresas é recuperar as aeronaves aos poucos. Sem elas, evidentemente, a companhia aérea deixaria de operar.

Retomada de negociações
O acordo a ser anunciado pela Varig nos próximos dias visa evitar que as empresas de leasing continuem pressionando para recuperar as aeronaves que foram alugadas para a companhia.
A Fundação Ruben Berta, que possui 87% do capital da Varig, estaria disposta a abrir mão do controle da empresa aérea.
O acordo que deve anunciar é praticamente uma retomada daquele que vinha sendo negociado até o dia 22 de novembro do ano passado.
Naquele dia, o presidente da Fundação Ruben Berta, Yutaka Imagawa, surpreendeu o mercado ao desistir do acordo que vinha sendo negociado há meses com os credores e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Ele disse na época que o acordo era prejudicial à empresa.
A Varig deve atualmente cerca de US$ 750 milhões para credores como a Boeing, BR Distribuidora, Banco do Brasil e Infraero.
O entendimento que estava sendo intermediado pelo BNDES previa transformar parte da dívida que os credores têm a receber em ações da companhia. O objetivo da Varig era conseguir recursos de credores e investidores, em um total de US$ 500 milhões.
A Folha procurou no final da tarde de ontem o presidente da Varig, Manuel Guedes, e outros executivos da companhia para comentar o novo acordo que estaria para ser anunciado. Eles não foram localizados.
Questionado sobre a situação da Varig, o ministro da Defesa disse na segunda-feira passada esperar por uma "solução empresarial". O presidente da Varig tem afirmado que quatro investidores (dois europeus e dois americanos) estariam dispostos a investir na companhia aérea.


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