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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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CRÉDITO

Taxas cobradas dos consumidores e das empresas são muito maiores que a Selic, que o BC aumentou para 25,5%

Juro de empréstimo pessoal chega a 100%

DA REPORTAGEM LOCAL

As taxas de juros pagas por empresas e nos empréstimos pessoais seguem em alta. Levantamento feito pelo Procon no mês passado mostra que os juros cobrados pelas instituições financeiras continuam muito superiores à taxa básica (Selic), atualmente em 25,5% ao ano.
Nos empréstimos pessoais, a taxa média em janeiro praticada pelos bancos ficou em 5,95% ao mês, o que dá uma taxa média anual de 99,98%. No ano passado, a taxa de juros média mensal foi de 5,62%. Em 2001, essa média mensal era de 4,85%.
Para pessoa jurídica, a diferença entre as taxas praticadas pelo mercado e a Selic também é bastante expressiva.
No caso de desconto de duplicatas, o custo médio para uma empresa realizar a operação em janeiro era de 64,03% anuais, como mostram dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Em dezembro, a taxa média cobrada pela operação era de 63,46% ao ano. Para capital de giro, uma empresa paga atualmente juros médios de 59,55%, contra 59% anuais em dezembro do ano passado.
Com as sucessivas elevações da Selic desde outubro, as chances de as instituições financeiras reduzirem os juros praticamente desapareceram.
Mensalmente, o Copom (Comitê de Política Monetária, formado pelo presidente e pelos diretores do Banco Central) se reúne e define a Selic. Essa taxa serve de referência para o mercado e é utilizada como parâmetro nas operações de empréstimos interbancários. Assim, acaba tendo influência sobre os juros de toda a economia. A elevação da Selic normalmente tem como resultado a alta dos juros de empréstimos a pessoas físicas e jurídicas.
O consumidor se depara com taxas elevadíssimas também quando opta por um crediário no comércio. As taxas nesse tipo de operação saltaram, na média, para 117,02% ao ano após o último aumento da Selic, em janeiro. Em dezembro, estavam em 116,29%.
O cheque especial é outro problema para as pessoas que necessitam utilizar o serviço. As taxas médias cobradas estão em 220,06% ao ano.
As instituições financeiras alegam que a inadimplência é uma das principais razões para os altos juros. A possibilidade de calote exigiria a cobrança de taxas mais elevadas como forma de compensação. Os altos custos das operações também servem de justificativa para as taxas permanecerem elevadas. O repasse da alta da Selic para as outras taxas não costuma ser percentualmente equivalente. Se a Selic aumenta um ponto percentual, as outras taxas acabam subindo percentualmente mais.


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