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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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APAGÃO

Vendas caem 1,95% no ano passado em relação a 2001, período do racionamento, e ficam abaixo das de 1994

Eletrônicos têm o pior resultado do Real

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

As vendas do produtos eletroeletrônicos em 2002 ficaram abaixo das de 2001, ano da crise da Argentina e do racionamento de energia.
De acordo com números da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), as vendas de produtos eletroeletrônicos da indústria para o varejo somaram 31 milhões de unidades em 2002, o que representa uma queda de 1,95% em relação ao ano anterior.
O resultado das vendas internas de eletroeletrônicos no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso foi o pior desde a criação do Plano Real, em 1994, o mesmo ano em que a Eletros começou a fazer a pesquisa. "As vendas de eletroeletrônicos voltaram ao período pré-Real", diz Paulo Saab, presidente da Eletros.
Os números de 2002 frustraram as expectativas do setor. Até ser conhecido o número de dezembro, a Eletros ainda acreditava na possibilidade de um pequeno crescimento das vendas no ano passado em relação a 2001.
O resultado das vendas até novembro indicava a possibilidade de um crescimento até superior a 1%. A expectativa positiva foi por água abaixo com o desempenho altamente negativo registrado em dezembro.
No último mês de 2002, as vendas despencaram 32,96% em relação a novembro e 14,54% em comparação ao mesmo mês de 2001. Os números mostram que o Natal de 2002 foi o mais fraco dos últimos anos.
O desempenho dos produtos eletrônicos no ano passado foi negativo em todos os setores. As vendas dos produtos da linha branca (geladeira, fogão, microondas, máquina de lavar e secar roupa) caíram 2,65% em comparação a 2001; os da linha marrom (TVs e aparelhos de som), 0,83%, e os portáteis (utensílios domésticos, eletroportáteis, bicicletas, telefonia e informática), 2,31%.
De acordo com Paulo Saab, vários fatores podem explicar o fato de o ano de 2002 ter sido o pior para a indústria eletroeletrônica desde a criação do Real. Entre eles, citou a instabilidade na economia gerada pelas eleições presidenciais, a alta do dólar, os juros estratosféricos e a falta de crédito bancário.
Nessa lista, Saab inclui também o fator psicológico gerado pelo aumento significativo do desemprego no ano passado. Segundo ele, "hoje as pessoas preferem não consumir pelo medo de perder o emprego".
Para Saab, "está na hora de o novo governo não só olhar para o social mas também de começar a dar atenção para a produção". Isso porque, afirma ele, a indústria pode ser um dos caminhos para melhorar a desigualdade social do país, com a geração de empregos e a contribuição de impostos. "Agora é a hora da produção."
Há cerca de duas semanas, Paulo Saab levou ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, uma proposta de política industrial para o setor. No documento, a Eletros apresenta propostas para o aumento da exportação do setor, otimização da produção e definição de uma política de componentes para o país.
Apesar do desempenho altamente negativo do ano passado, Saab diz que o setor não irá frear seus investimentos.
A indústria, segundo ele, mantém seus planos de investimentos para todas as áreas, principalmente para as mais novas, como a da TV digital.


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