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APAGÃO
Vendas caem 1,95% no ano passado em relação a 2001, período do racionamento, e ficam abaixo das de 1994
Eletrônicos têm o pior resultado do Real
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
As vendas do produtos eletroeletrônicos em 2002 ficaram abaixo das de 2001, ano da crise da Argentina e do racionamento de
energia.
De acordo com números da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), as vendas de produtos
eletroeletrônicos da indústria para o varejo somaram 31 milhões
de unidades em 2002, o que representa uma queda de 1,95% em relação ao ano anterior.
O resultado das vendas internas
de eletroeletrônicos no último
ano do governo Fernando Henrique Cardoso foi o pior desde a
criação do Plano Real, em 1994, o
mesmo ano em que a Eletros começou a fazer a pesquisa. "As
vendas de eletroeletrônicos voltaram ao período pré-Real", diz
Paulo Saab, presidente da Eletros.
Os números de 2002 frustraram
as expectativas do setor. Até ser
conhecido o número de dezembro, a Eletros ainda acreditava na
possibilidade de um pequeno
crescimento das vendas no ano
passado em relação a 2001.
O resultado das vendas até novembro indicava a possibilidade
de um crescimento até superior a
1%. A expectativa positiva foi por
água abaixo com o desempenho
altamente negativo registrado em
dezembro.
No último mês de 2002, as vendas despencaram 32,96% em relação a novembro e 14,54% em
comparação ao mesmo mês de
2001. Os números mostram que o
Natal de 2002 foi o mais fraco dos
últimos anos.
O desempenho dos produtos
eletrônicos no ano passado foi negativo em todos os setores. As
vendas dos produtos da linha
branca (geladeira, fogão, microondas, máquina de lavar e secar roupa) caíram 2,65% em comparação a 2001; os da linha marrom (TVs e aparelhos de som),
0,83%, e os portáteis (utensílios
domésticos, eletroportáteis, bicicletas, telefonia e informática),
2,31%.
De acordo com Paulo Saab, vários fatores podem explicar o fato
de o ano de 2002 ter sido o pior
para a indústria eletroeletrônica
desde a criação do Real. Entre
eles, citou a instabilidade na economia gerada pelas eleições presidenciais, a alta do dólar, os juros
estratosféricos e a falta de crédito
bancário.
Nessa lista, Saab inclui também
o fator psicológico gerado pelo
aumento significativo do desemprego no ano passado. Segundo
ele, "hoje as pessoas preferem não
consumir pelo medo de perder o
emprego".
Para Saab, "está na hora de o
novo governo não só olhar para o
social mas também de começar a
dar atenção para a produção". Isso porque, afirma ele, a indústria
pode ser um dos caminhos para
melhorar a desigualdade social do
país, com a geração de empregos
e a contribuição de impostos.
"Agora é a hora da produção."
Há cerca de duas semanas, Paulo Saab levou ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan,
uma proposta de política industrial para o setor. No documento,
a Eletros apresenta propostas para o aumento da exportação do
setor, otimização da produção e
definição de uma política de componentes para o país.
Apesar do desempenho altamente negativo do ano passado,
Saab diz que o setor não irá frear
seus investimentos.
A indústria, segundo ele, mantém seus planos de investimentos
para todas as áreas, principalmente para as mais novas, como a
da TV digital.
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