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Problema ocorre em diversas operações
DA REPORTAGEM LOCAL
Os ex-operadores acusados no
caso Santander alegam inocência.
Se são culpados ou não, a Justiça
dirá. O fato, porém, é que fraudes
como essa são comuns e dificilmente chegam ao conhecimento
das autoridades e do público.
Como explica o dono de uma
conceituada corretora, essas fraudes permeiam não só as operações de "swap" como várias outras negociações, "principalmente as realizadas nas mesas de câmbio dos bancos". Não é incomum,
diz ele, ver demissões de equipes
inteiras de câmbio de uma só vez.
Como diariamente o mercado
financeiro brasileiro negocia centenas de milhares de reais em títulos e contratos financeiros e os
preços deles oscilam durante o
dia, uma "mordidinha" ali e outra
lá tornaram-se prática comum.
Tudo acontece de forma muito
natural. Vamos supor uma corretora que precise comprar dólares
para o seu cliente. Ela liga para um
banco e diz: preciso de US$ 50 milhões. O banco responde: vendo
pela cotação de R$ 2,43. A corretora argumenta: meu cliente aceita pagar R$ 2,44. Fecha-se a operação por R$ 2,43, mas cobra-se
do cliente R$ 2,44. A diferença vai
para os "negociadores".
Essas operações não vêm a público porque, além de ser difícil o
rastreamento, não raramente envolvem gente de primeiro escalão.
Outro motivo para o acobertamento, explica um consultor, é
que a direção das instituições financeiras teme que o caso, tornando-se público, manche a sua
imagem e afugente os clientes. "A
instituição prefere demitir os funcionários e deixar o caso no esquecimento. Embora não conheça os detalhes da fraude do Santander, a atitude do banco me parece bastante corajosa e louvável",
diz esse consultor. Um ex-operador de mercado concorda: "Casos
como esse tornam-se conhecidos
entre as instituições, mas nunca
perante ao público."
Resta saber se essa coragem vai
resultar em alguma coisa. Como
diz o diretor de uma instituição financeira: "Ninguém no mercado
tem interesse de que uma fraude
desse tipo seja divulgada. Acredito que o caso Santander não será
elucidado. Vão abafar tudo."
(IC)
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