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Investimento ainda é de alto risco
DA REPORTAGEM LOCAL
Os altos ganhos proporcionados recentemente por ativos argentinos não significam que esses
investimentos estão livres de risco. Muito pelo contrário.
Segundo Silvina Martinez, diretora de crédito corporativo da
agência de classificação de risco
Standard & Poor's no país, a capacidade de pagamento das empresas argentinas continua combalida e as perspectivas de renegociação dessas dívidas permanecem distantes.
Apenas três empresas inadimplentes -Telecom Argentina,
Multicanal e Clisa (Compañía Latinoamericana de Infraestructura
& Servicios)- apresentaram, até
agora, propostas aos seus credores para reestruturar suas dívidas.
De forma geral, pedem uma redução em torno de 50% do valor devido e outras condições de pagamento, como prazos mais longos.
"As negociações estão apenas
começando e as respostas dos credores ainda não têm sido muito
positivas", diz Martinez. A S&P
classifica em geral os investimentos em papéis privados argentinos
como bastante arriscados.
O problema da maior parte das
empresas argentinas é o chamado
"descasamento" entre receitas e
despesas provocado pelo fim da
paridade cambial e a brutal desvalorização do peso.
Muitas empresas -como as
que detêm concessão de serviços
públicos- tinham receitas e dívidas em dólares. Agora, faturam
em pesos, mas continuam com
dívidas na moeda americana.
Segundo Martinez, a pequena
recuperação dos indicadores industriais e a recente valorização
do peso diante do dólar, que chega a 10% neste ano, são os principais motivos para a volta de investidores arrojados ao país. O fato
de que algumas previsões feitas
logo depois do auge da crise, no
fim de 2001, para o país não terem
se realizado também contribui
para a volta de investidores.
Esperava-se, por exemplo, que a
Argentina mergulharia em hiperinflação e recessão por muitos
anos. O país, porém, está com a
inflação sob controle -em janeiro o índice de preços ao consumidor foi de 1,3%- e deverá crescer
algo entre 4% e 5% em 2003. Hoje,
as eleições, que acontecerão em
abril, são a principal fonte de incertezas no país.
(EF)
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