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São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2003

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Sem reforma, disputa continua

DA REPORTAGEM LOCAL

A batalha fiscal que ocorre entre os Estados brasileiros não deve terminar enquanto o governo Lula não fizer a reforma tributária. "O erro está na Constituição [artigo 155, inciso II", que deixa a cargo do Estado a competência para legislar sobre o ICMS", diz José Ruben Marone, sócio do escritório Gandra Martins.
A guerra fiscal só vai acabar, diz, quando o governo federalizar o ICMS -isto é, quando o imposto for igual em todos os Estados. "A reforma tributária poderá corrigir as distorções que existem hoje. O que acontece é que cada Estado concede benefício fiscal para incentivar sua indústria."
Para ele, se a Bombril fez lobby para o governo estadual liberar a indústria paulista do pagamento de ICMS, foi uma atitude plenamente aceitável. "Se a empresa se compromete a aumentar o emprego e a produzir mais, é até salutar ter benefício fiscal."
"O incentivo fiscal é correto e recomendável desde que desonere setores que têm interesse social, para incentivar a economia. Estaria errado se o incentivo fosse dado a apenas uma empresa, o que fere o princípio da livre concorrência", diz Marone.
Na sua análise, quanto menos tributo, mais barato o produto. "Se é mais barato, vende mais e, lá na frente, isso pode até resultar no aumento de arrecadação de imposto. Muitos setores precisam de incentivo porque o imposto é elevado no Brasil. Agora, todo benefício fiscal tem de ser acompanhado de benefício social."
Para o advogado Romualdo Galvão Dias, os Estados que perderam investimentos criaram o temor de uma guerra fiscal, que, na prática, não existe. "Se houvesse, haveria um processo de desindustrialização e êxodo enormes. Os Estados mais pobres usam mecanismos de política fiscal para se desenvolverem."
No caso da Bombril, Dias afirma que não há perda de receita para o Estado. "O varejo paga [o ICMS" no lugar da indústria. O que o Estado deveria fazer? Esperar a indústria quebrar?" Para ele, é legítima a política fiscal goiana.
A assessoria da Secretaria Estadual da Indústria e do Comércio de Goiás informa que não há renúncia fiscal no projeto Produzir, mas sim financiamento. O programa prevê pagamento de cerca de 30% de ICMS. O restante é financiado em até 15 anos, com juros mensais de 0,2% e sem correção monetária. (FF e CR)

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