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ENERGIA
Senado aprovou texto, mas falta votar destaques
Novo modelo para o setor elétrico beneficia geradora que já existia
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado aprovou ontem o novo modelo do setor elétrico. Houve modificações no texto para beneficiar empresas de geração de
energia já instaladas no país, mas
que estavam sem contrato para
vender sua produção devido à
queda de consumo provocada pelo racionamento (junho de 2001 a
fevereiro de 2002).
Na próxima terça-feira serão
votados aproximadamente 15
destaques - partes do texto votadas separadamente e que alteram
pontos do que foi aprovado ontem. No mesmo dia será votada a
medida provisória que cria a nova
estatal (EPE - Empresa de Pesquisa Energética) que fará o planejamento do setor.
Como houve modificações, as
medidas provisórias terão que ser
apreciadas novamente pela Câmara antes da sanção presidencial. A Câmara, no entanto, só poderá suprimir ou aprovar as modificações feitas pelo Senado.
As geradoras de energia que entraram em operação a partir de janeiro de 2000 poderão participar
nos leilões de venda de energia
"nova". O prazo anterior previa
que apenas as usinas em operação
a partir de janeiro de 2003 pudessem participar desses leilões.
A energia chamada de "nova" é
a produzida por usinas que acabaram de ser construídas. Dessa
forma, essa energia tem preços
mais altos, porque é preciso remunerar o investimento feito para a construção da usina.
No novo modelo, o governo
ofereceu condições mais interessantes nos leilões de energia "nova", com o objetivo de atrair investidores privados e garantir o
aumento da oferta de energia.
Mas como já havia usinas construídas ou quase terminadas sem
contrato, por causa da redução do
consumo, foi feita uma alteração
para permitir que essas usinas
possam vender energia com as
mesmas regras oferecidas para
novas usinas. Essa modificação só
vale até 2006.
Ontem os investidores privados
que acompanharam o processo
de votação continuaram reticentes em relação à capacidade do
novo modelo de atrair investimentos. "Antes estava o caos. O
Senado fez melhorias importantes, mas ainda não dá para dizer
que haverá investimentos", disse
Cláudio Salles, presidente da
Cbiee (Câmara Brasileira dos Investidores em Energia Elétrica).
Em fevereiro, as principais associações de investidores privados
em energia elétrica publicaram
anúncio informando que, se o
país crescer 3,5% ao ano, serão
necessários R$ 20 bilhões por ano
para manter a oferta de energia.
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