São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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RETOMADA?

Nível de atividade do setor no Estado sobe 1,8% em janeiro ante dezembro, impulsionado pelas empresas exportadoras

Indústria de SP volta a crescer após 2 meses

MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO

A indústria do Estado de São Paulo voltou a crescer em janeiro, depois de dois meses de queda, mas a recuperação ainda está associada à maior produção de setores voltados à exportação.
No primeiro mês do ano, o INA (Indicador do Nível de Atividade) do setor industrial paulista teve alta de 1,8% em relação ao mês anterior, sem ajuste sazonal (ajustado, ficou em 1,7%). Em dezembro, a queda havia sido de 14,6%, e, em novembro, de 7,1%.
"O número mostra uma tendência de recuperação discreta, sustentada pelo desempenho dos setores exportadores e dos que são ligados a eles. Os setores ligados ao mercado interno ainda estão paralisados", afirmou Cláudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), responsável pelo indicador.
Na comparação com janeiro de 2003, a produção subiu 3,3%, a maior alta para o mês desde 2001. Mas a Fiesp ressalva que a base de comparação é fraca, pois janeiro de 2003 teria sido um "mês atípico" devido às expectativas no início do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente.
Essa argumentação também foi utilizada pela federação para explicar o aumento de 15% nas vendas reais na mesma comparação. Em relação a dezembro do ano passado, o faturamento real no Estado aumentou 1,03%.
A expansão da indústria paulista foi puxada pelos setores têxtil e de materiais de transporte. O primeiro subiu 10,7% em relação a dezembro, e o segundo, 7,5%.
Na contramão, o setor químico registrou a maior queda, de 3,7%. Outro ramo importante, o de papel e papelão, considerado um dos "termômetros" da atividade econômica, teve a segunda maior redução no mês, de 1,1%.

Expectativas
No que diz respeito às expectativas para 2004, Vaz afirma que a instituição mantém a previsão para o crescimento da economia.
"Ainda acreditamos que o país crescerá 4% no ano, e a indústria, um pouco acima disso. Mas a manutenção da taxa de juros (Selic) pelo Banco Central em janeiro e fevereiro postergará de março/abril para maio/junho as intenções dos empresários de investir, contratar e repor os estoques."
No ano passado, a atividade da indústria de São Paulo cresceu 0,8%, número revisado ante o 1,2% divulgado em janeiro.
A previsão para a retomada da produção industrial, no entanto, não é compartilhada por analistas. De acordo com Juan Jensen, economista da consultoria Tendências, o "impacto das reduções na Selic entre junho e dezembro de 2003 [de 26,5% para 16,5% ao ano] ainda não foi repassado integralmente à economia".
Jensen afirma que já é possível detectar um desempenho melhor nos setores industriais que produzem bens duráveis e de capital, cujo consumo depende mais de crédito. Mas os setores de bens não-duráveis (alimentos) e semiduráveis (calçados e roupas), cujas vendas são mais dependentes de renda, "que não se recupera", ainda sofrem retração.
Segundo Jensen, a Tendências prevê que a atividade industrial medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 12 regiões do país fique negativa em 1% em janeiro -o dado será divulgado no dia 15.
"Os estoques estão baixos, em algum momento a indústria vai reagir. Fevereiro é um mês que tem complicações, como o Carnaval, então a recuperação poderá vir em março ou abril", afirma.


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