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RETOMADA?
Nível de atividade do setor no Estado sobe 1,8% em janeiro ante dezembro, impulsionado pelas empresas exportadoras
Indústria de SP volta a crescer após 2 meses
MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO
A indústria do Estado de São
Paulo voltou a crescer em janeiro,
depois de dois meses de queda,
mas a recuperação ainda está associada à maior produção de setores voltados à exportação.
No primeiro mês do ano, o INA
(Indicador do Nível de Atividade)
do setor industrial paulista teve
alta de 1,8% em relação ao mês
anterior, sem ajuste sazonal (ajustado, ficou em 1,7%). Em dezembro, a queda havia sido de 14,6%,
e, em novembro, de 7,1%.
"O número mostra uma tendência de recuperação discreta,
sustentada pelo desempenho dos
setores exportadores e dos que
são ligados a eles. Os setores ligados ao mercado interno ainda estão paralisados", afirmou Cláudio
Vaz, diretor do Departamento de
Pesquisas e Estudos Econômicos
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), responsável pelo indicador.
Na comparação com janeiro de
2003, a produção subiu 3,3%, a
maior alta para o mês desde 2001.
Mas a Fiesp ressalva que a base de
comparação é fraca, pois janeiro
de 2003 teria sido um "mês atípico" devido às expectativas no início do mandato de Luiz Inácio
Lula da Silva como presidente.
Essa argumentação também foi
utilizada pela federação para explicar o aumento de 15% nas vendas reais na mesma comparação.
Em relação a dezembro do ano
passado, o faturamento real no
Estado aumentou 1,03%.
A expansão da indústria paulista foi puxada pelos setores têxtil e
de materiais de transporte. O primeiro subiu 10,7% em relação a
dezembro, e o segundo, 7,5%.
Na contramão, o setor químico
registrou a maior queda, de 3,7%.
Outro ramo importante, o de papel e papelão, considerado um
dos "termômetros" da atividade
econômica, teve a segunda maior
redução no mês, de 1,1%.
Expectativas
No que diz respeito às expectativas para 2004, Vaz afirma que a
instituição mantém a previsão para o crescimento da economia.
"Ainda acreditamos que o país
crescerá 4% no ano, e a indústria,
um pouco acima disso. Mas a manutenção da taxa de juros (Selic)
pelo Banco Central em janeiro e
fevereiro postergará de março/abril para maio/junho as intenções
dos empresários de investir, contratar e repor os estoques."
No ano passado, a atividade da
indústria de São Paulo cresceu
0,8%, número revisado ante o
1,2% divulgado em janeiro.
A previsão para a retomada da
produção industrial, no entanto,
não é compartilhada por analistas. De acordo com Juan Jensen,
economista da consultoria Tendências, o "impacto das reduções
na Selic entre junho e dezembro
de 2003 [de 26,5% para 16,5% ao
ano] ainda não foi repassado integralmente à economia".
Jensen afirma que já é possível
detectar um desempenho melhor
nos setores industriais que produzem bens duráveis e de capital,
cujo consumo depende mais de
crédito. Mas os setores de bens
não-duráveis (alimentos) e semiduráveis (calçados e roupas), cujas vendas são mais dependentes
de renda, "que não se recupera",
ainda sofrem retração.
Segundo Jensen, a Tendências
prevê que a atividade industrial
medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
em 12 regiões do país fique negativa em 1% em janeiro -o dado será divulgado no dia 15.
"Os estoques estão baixos, em
algum momento a indústria vai
reagir. Fevereiro é um mês que
tem complicações, como o Carnaval, então a recuperação poderá
vir em março ou abril", afirma.
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