São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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Fiesp vai sugerir isenção de tributos

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) irá entregar um documento ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, em que cobrará do governo medidas afirmativas para a reativação da economia.
Entre as sugestões, a Fiesp irá propor isenção total de impostos, pelo período de um ano, sobre os recursos que forem usados para investimentos. A isenção abrange os seguintes tributos: 18% de ICMS, 3,5% de IPI e 9,25% de PIS/Cofins.
O presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, diz que essa proposta não representaria nenhuma perda de arrecadação por parte do governo pelo simples fato de que, hoje, não há investimentos do setor privado. "Não pode haver renúncia se hoje o investimento é zero", diz Piva.
A decisão de levar um documento com propostas e cobranças ao governo foi tomada durante reunião de diretoria da Fiesp, na segunda-feira passada. O objetivo do documento é deixar clara a preocupação e a insatisfação do empresariado com a política econômica. "O clima está tenso entre os empresários, e o horizonte está muito turvo. É preciso fazer alguma coisa", diz Piva.
Segundo Piva, "já se passou muito tempo e o governo precisa começar a ser cobrado pela sociedade". Para ele, "há uma coisa chamada desemprego a reclamar medidas do governo".
O documento que está sendo elaborado pela Fiesp será bastante amplo. Além da isenção de impostos para investimento, a Fiesp irá propor também outras medidas, como a flexibilização das metas de inflação para permitir que o Banco Central tenha condições de baixar os juros.
Piva diz que não é contra o regime de metas de inflação, mas acha que as metas estão exigindo um sacrifício muito grande da economia. "A meta pode estar adiando a recuperação econômica", afirma o presidente da Fiesp.
O grande problema, segundo Piva, é que o ano de 2004 começou com uma expectativa bastante otimista do empresário em relação ao desempenho da economia, mas esse ânimo está baixando. "O empresário está perdendo o fôlego", diz Piva.
No início do ano, Piva diz que houve previsões de um crescimento de 3,5% até 4% do PIB neste ano, mas, sem nenhuma injeção de ânimo, ele acha difícil atingir esses índices. Mesmo assim, Piva diz que um crescimento de 3%, depois de dois anos medíocres, será muito baixo. "O país tem de pensar em crescer a taxas superiores a 4%", diz Piva.

Governo de uma nota só
Para Mário Bernardini, vice-presidente da Fiesp, a lua-de-mel com o governo acabou. Para o empresário, nestes 15 primeiros meses, o governo cuidou apenas do combate à inflação e dos compromissos assumidos com o FMI (Fundo Monetário Internacional). "Até agora, foi um governo de uma nota só", diz Bernardini.
Segundo Bernardini, se o governo não começar a adotar medidas com o objetivo de acelerar o crescimento da economia, os empresários irão reagir. "Se eles não se mexerem, talvez tenhamos de dizer algumas coisas desagradáveis", afirma.


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