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Fiesp vai sugerir isenção de tributos
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) irá
entregar um documento ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, em que cobrará do governo medidas afirmativas para a
reativação da economia.
Entre as sugestões, a Fiesp irá
propor isenção total de impostos,
pelo período de um ano, sobre os
recursos que forem usados para
investimentos. A isenção abrange
os seguintes tributos: 18% de
ICMS, 3,5% de IPI e 9,25% de
PIS/Cofins.
O presidente da Fiesp, Horacio
Lafer Piva, diz que essa proposta
não representaria nenhuma perda de arrecadação por parte do
governo pelo simples fato de que,
hoje, não há investimentos do setor privado. "Não pode haver renúncia se hoje o investimento é
zero", diz Piva.
A decisão de levar um documento com propostas e cobranças ao governo foi tomada durante reunião de diretoria da Fiesp,
na segunda-feira passada. O objetivo do documento é deixar clara
a preocupação e a insatisfação do
empresariado com a política econômica. "O clima está tenso entre
os empresários, e o horizonte está
muito turvo. É preciso fazer alguma coisa", diz Piva.
Segundo Piva, "já se passou
muito tempo e o governo precisa
começar a ser cobrado pela sociedade". Para ele, "há uma coisa
chamada desemprego a reclamar
medidas do governo".
O documento que está sendo
elaborado pela Fiesp será bastante
amplo. Além da isenção de impostos para investimento, a Fiesp
irá propor também outras medidas, como a flexibilização das metas de inflação para permitir que o
Banco Central tenha condições de
baixar os juros.
Piva diz que não é contra o regime de metas de inflação, mas acha
que as metas estão exigindo um
sacrifício muito grande da economia. "A meta pode estar adiando
a recuperação econômica", afirma o presidente da Fiesp.
O grande problema, segundo
Piva, é que o ano de 2004 começou com uma expectativa bastante otimista do empresário em relação ao desempenho da economia, mas esse ânimo está baixando. "O empresário está perdendo
o fôlego", diz Piva.
No início do ano, Piva diz que
houve previsões de um crescimento de 3,5% até 4% do PIB neste ano, mas, sem nenhuma injeção de ânimo, ele acha difícil atingir esses índices. Mesmo assim,
Piva diz que um crescimento de
3%, depois de dois anos medíocres, será muito baixo. "O país
tem de pensar em crescer a taxas
superiores a 4%", diz Piva.
Governo de uma nota só
Para Mário Bernardini, vice-presidente da Fiesp, a lua-de-mel
com o governo acabou. Para o
empresário, nestes 15 primeiros
meses, o governo cuidou apenas
do combate à inflação e dos compromissos assumidos com o FMI
(Fundo Monetário Internacional). "Até agora, foi um governo
de uma nota só", diz Bernardini.
Segundo Bernardini, se o governo não começar a adotar medidas
com o objetivo de acelerar o crescimento da economia, os empresários irão reagir. "Se eles não se
mexerem, talvez tenhamos de dizer algumas coisas desagradáveis", afirma.
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