UOL


São Paulo, sábado, 05 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Incentivo de cooperativas é taxa de juro menor

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados pelas cooperativas de crédito são em média um terço das taxas aplicadas pelos bancos nos financiamentos mais baratos. Comparados com o cheque especial, os juros das cooperativas são inferiores a um quinto do cobrado pelos bancos.
Na cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, por exemplo, o juro médio para empréstimos é de 34% ao ano. Segundo dados do Banco Central, a taxa média do empréstimo pessoal nos bancos em fevereiro era de 98,9% ao ano. A do cheque especial, de 173,1%.
O modelo de microcrédito operado pelo BNDES via organizações não-governamentais aplica a TJLP, hoje em 12% ao ano. Nos primeiros cinco anos de funcionamento do programa, foram concedidos empréstimos em 491 municípios de 16 Estados. As ONGs se responsabilizam pela análise de crédito e têm prazo de oito anos para pagar, depois de carência de nove meses.
Para ter direito a tomar empréstimos numa cooperativa de crédito, o interessado precisa associar-se à cooperativa, "comprando" cotas, como se fossem de uma companhia. O valor crédito é dado de acordo com o número de cotas que a pessoa tem na cooperativa. Na cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, o valor da cota é de R$ 40. O limite para empréstimo é de cinco vezes o total integralizado pelo cooperado, desde que a primeira parcela do pagamento não supere um terço de seu salário.
Nas cooperativas, em caso de falência, o prejuízo fica com os associados. Os clientes dos bancos contam com o FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que cobre até R$ 20 mil dos correntistas se a instituição quebrar, independentemente de ações na Justiça para reaver o restante.
No lado da aplicação, a cooperativa dos bancários paulistas remunera o dinheiro do associado em 1% ao mês mais a TR (Taxa de Referência) -total de 1,5%, aproximadamente-, o dobro do que paga a poupança, 0,5% mais TR.
As cooperativas de crédito cresceram de forma significativa nos últimos anos, enquanto o número das instituições tradicionais, como bancos comerciais e financeiras, encolheu quase que na mesma velocidade. Hoje, são mais de 1,5 milhão de brasileiros associados a cooperativas de crédito. Mas elas representavam apenas 1,64% do total das operações de crédito em junho passado.

Agricultura
Uma das alternativas propostas pela área social do governo para ampliar o crédito à agricultura familiar é a redução dos custos das linhas operadas pelo Banco do Brasil. Depois de pelo menos duas rodadas de negociação, o banco ainda resiste.
Roberto Torres, gerente-executivo de Agronegócios do BB, disse que o banco estuda a redução de custos e que há disposição de simplificar o crédito: "Vamos entregar uma proposta ao governo até o final de maio".
No entanto, Torres afirmou que a redução das taxas só poderá ser confirmada após a conclusão do estudo. Ele antecipou que o valor da taxa de administração cobrada nesse tipo de contrato (R$ 8,99 mensais) já é baixa.
O governo planeja lançar ainda em maio um pacote de medidas de apoio à agricultura familiar, mostrando inclusive que os bancos públicos, ao reduzir taxas de administração e de risco, estão fazendo política social.
O objetivo político das medidas é sinalizar, por meio da concessão de crédito, que uma das prioridades do governo é fixar o homem no campo. As medidas serão anunciadas como uma ação do Fome Zero.
É a linha batizada de Pronaf Alimentos que terá maior "proximidade" com o Fome Zero em razão de seus recursos (R$ 700 milhões) serem direcionados para o plantio de feijão, arroz, mandioca e milho. Agricultores com renda anual de até R$ 30 mil poderão se candidatar ao recurso.


Texto Anterior: Soja: Governo reduz exigência para rotular transgênico
Próximo Texto: Opinião econômica: Concorrência ajuda a reduzir os juros
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.