UOL


São Paulo, sábado, 05 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DISTENSÃO

Cotação da moeda dos EUA voltou a cair ontem e fechou R$ 3,223, queda de 0,98% no dia e de 4,42% na semana

Palocci e BC descartam ação no câmbio

Caio Guatelli/Folha Imagem
Ministro Antonio Palocci Filho e operadores da Bovespa


DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disseram ontem que o governo não fará intervenções no mercado de câmbio, nem que o dólar atinja uma cotação que atrapalhe as exportações. Ontem a moeda norte-americana fechou em baixa de 0,98%, cotada a R$ 3,223. Na semana, a queda foi de 4,42%.
De acordo com Meirelles, a única meta da autoridade monetária é a inflação baixa. "O Banco Central tem que ter foco. O modelo de administração de sucesso é daquele BC que trabalha com uma única meta. O Banco Central do Brasil trabalha com metas de inflação. Não temos outras metas".
Sobre a possibilidade de intervenção do BC no mercado de câmbio, Meirelles disse que a atual política será mantida, onde a autoridade monetária só atua diretamente para, segundo ele, "resolver problemas de liquidez".
Após se reunir com os 27 secretários estaduais da Fazenda de todo o país, em Salvador, Antonio Palocci também foi categórico. "O governo não intervirá no mercado de câmbio. Repito: o governo não intervirá no mercado de câmbio."
Segundo o ministro, no Brasil o câmbio é livre. "E câmbio livre significa simplesmente câmbio livre." Palocci disse que não existem motivos para temores sobre eventuais efeitos negativos nas exportações com a queda do dólar.
"Seria um contra-senso imaginar que, ao cair o risco do Brasil, ao valorizar a nossa moeda, ao equacionar os grandes problemas como estamos equacionando, isso possa significar algum problema para a economia."
Para o ministro, "imaginar que controlar o câmbio melhora alguma coisa seria esquecer a história recente do país". "Durante quatro anos o câmbio foi controlado e o resultado foi um desastre para as contas públicas."
Para Palocci, as exportações brasileiras vão continuar crescendo, mesmo com a queda do dólar no mercado interno. "As exportações vão continuar fortes porque o Brasil conquistou novos mercados e os preços dos produtos primários estão se valorizando no mercado internacional."
Para estimular as exportações, o ministro anunciou políticas voltadas para o setor, como a redução do custo do transporte e dos impostos.
O ministro admitiu também a possibilidade de redução das taxas de juros, mas não quis fixar uma data para tomar a decisão. "Os índices dos institutos apontam uma queda da inflação, mas é prematuro definir uma data para que os juros possam cair."
O presidente do Banco Central também fez o mesmo discurso em São Paulo e disse que a "serenidade nos momentos de otimismo do mercado externo será mantida, assim como foi nos momentos de pessimismo".
Apesar dos indicadores inflacionários indicarem desaceleração da inflação, Meirrelles disse que o viés de alta da Selic (taxa básica de juros) adotado na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) é necessário devido à elevação de preços não relacionados com o câmbio observada nos últimos meses. Ou seja, a inflação inercial está causando reajustes em produtos que não estão atrelados ao dólar.
O presidente do BC ressaltou a relação entre inflação baixa e crescimento econômico. Segundo ele, é necessário que os juros de equilíbrio - ou seja, aqueles que mantém a inflação a um nível estável -caiam, pois atualmente eles se situam em um patamar em torno de 9%. Para isso, é necessário que outros componentes estruturais se alterem, como a confiança de que os contratos serão mantidos e a diminuição da relação entre a dívida e o PIB.

Palocci na Bolsa
Durante visita à Bolsa de Valores de São Paulo na tarde de ontem, Palocci fez questão de elogiar a recuperação do mercado de capitais nos últimos dias, "fruto de muito trabalho", segundo ele.
Palocci falou rapidamente aos operadores durante o pregão -que não foi interrompido - e foi muito aplaudido. O presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, agradeceu a presença e ressalvou a importância da conversa entre o Ministério da Fazenda e o mercado de capitais.
Palocci disse que estão sendo estudadas as solicitações da Bolsa de redução do Imposto de Renda de 20% para 10% para as operações de renda variável e também a opção de que as pessoas possam direcionar seus recursos do FGTS para investimentos.


Texto Anterior: Imposto de renda: Entrega pela internet chega a 20%
Próximo Texto: Bancos captam mais US$ 350 mi lá fora
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.