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INTERNET
Sites transferem conexão automática e silenciosamente, quando usuário baixa programa apresentado como "grátis"
Golpe reconecta internauta a ligação DDI
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
Ao navegar por um site estranho -sempre pornográfico ou
de jogos-, o internauta recebe a
oferta: "Quer fazer esse download
grátis?". Se aceitar, ele pode estar,
sem saber, reconectando-se à internet, mas por um servidor estrangeiro -e pagando uma ligação internacional.
As companhias telefônicas já estão alertando, em seus sites e nas
contas, sobre a possibilidade de o
assinante receber a cobrança de ligações internacionais devido a
conexões na internet.
O Procon-SP já lançou até cartilha sobre o assunto. "Apesar de
não termos a estatística específica
desse tipo de reclamação, ela já é
bem expressiva", afirmou Fátima
Lemos, 39, técnica de serviços essenciais da entidade.
Descoberto em agosto do ano
passado, o golpe consiste em
atrair o internauta para uma oferta do site e, sem que perceba, refazer a conexão, mas pelo provedor
dessa página -localizado em outro país, o que provoca a cobrança
de tarifa internacional.
"As pessoas chegavam aqui
com ligações para Liechtenstein,
Reino Unido, Portugal, Ilhas Salomão e outras ilhas caribenhas e
não sabiam o que podia ter ocorrido. Fomos investigar e descobrimos que elas eram dirigidas a
provedores de sites", disse Lemos.
Mas como o usuário não percebe que está sendo feita uma nova
ligação telefônica? "O programa
corta o som da placa de fax-modem", afirmou Carlos Bernardi,
42, diretor-executivo da Abranet
(associação que representa os
provedores de internet).
Segundo Bernardi, todos os sites que a entidade localizou fazendo esse acesso são pornográficos
ou de jogos. "Ele faz uma proposta, por exemplo, oferece um striptease grátis, e o internauta é atraído. Ao fazer o download, ele está
na verdade refazendo a conexão."
De acordo com o executivo da
Abranet, o ganho desses sites está
em um acordo feito com a operadora de telefonia local. "Normalmente eles estão instalados em
pequenas ilhas, sem legislação
contra a prática e cuja operadora
tem pouco tráfego. Então eles fazem um acordo: atraem tráfego e
faturamento e ganham uma porcentagem dessa receita."
No caso de ligações feitas a países maiores, como Reino Unido
ou Portugal, Bernardi explicou
que deve haver uma localidade
próxima cuja operadora tem que
usar os serviços da operadora internacional daquele país.
Segundo a técnica do Procon, o
site atrai o internauta com palavras como "free", mas ele normalmente não entende tudo o que está escrito. Segundo ela, em muitos
deles não há o esclarecimento de
que está sendo feita uma nova conexão telefônica.
De acordo com Lemos, o Procon entende que, se o consumidor
não assinou nenhum contrato de
prestação de serviços com o provedor, não deve ser obrigado a pagar a conta, pois ele não foi informado de que teria o ônus. Para a
entidade, o consumidor deve impugnar o pagamento até ao menos esclarecer do que se trata. As
operadoras de telefonia sustentam que prestaram o serviço e
que, portanto, devem receber.
De qualquer forma, as teles, a
Abranet e o Procon firmaram um
acordo de esclarecimento aos
usuários, com alertas nos sites e
nas faturas, além de rastreamento
desses números de telefone.
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