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São Paulo, sábado, 05 de abril de 2003

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INTERNET

Sites transferem conexão automática e silenciosamente, quando usuário baixa programa apresentado como "grátis"

Golpe reconecta internauta a ligação DDI

FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

Ao navegar por um site estranho -sempre pornográfico ou de jogos-, o internauta recebe a oferta: "Quer fazer esse download grátis?". Se aceitar, ele pode estar, sem saber, reconectando-se à internet, mas por um servidor estrangeiro -e pagando uma ligação internacional.
As companhias telefônicas já estão alertando, em seus sites e nas contas, sobre a possibilidade de o assinante receber a cobrança de ligações internacionais devido a conexões na internet.
O Procon-SP já lançou até cartilha sobre o assunto. "Apesar de não termos a estatística específica desse tipo de reclamação, ela já é bem expressiva", afirmou Fátima Lemos, 39, técnica de serviços essenciais da entidade.
Descoberto em agosto do ano passado, o golpe consiste em atrair o internauta para uma oferta do site e, sem que perceba, refazer a conexão, mas pelo provedor dessa página -localizado em outro país, o que provoca a cobrança de tarifa internacional.
"As pessoas chegavam aqui com ligações para Liechtenstein, Reino Unido, Portugal, Ilhas Salomão e outras ilhas caribenhas e não sabiam o que podia ter ocorrido. Fomos investigar e descobrimos que elas eram dirigidas a provedores de sites", disse Lemos.
Mas como o usuário não percebe que está sendo feita uma nova ligação telefônica? "O programa corta o som da placa de fax-modem", afirmou Carlos Bernardi, 42, diretor-executivo da Abranet (associação que representa os provedores de internet).
Segundo Bernardi, todos os sites que a entidade localizou fazendo esse acesso são pornográficos ou de jogos. "Ele faz uma proposta, por exemplo, oferece um striptease grátis, e o internauta é atraído. Ao fazer o download, ele está na verdade refazendo a conexão."
De acordo com o executivo da Abranet, o ganho desses sites está em um acordo feito com a operadora de telefonia local. "Normalmente eles estão instalados em pequenas ilhas, sem legislação contra a prática e cuja operadora tem pouco tráfego. Então eles fazem um acordo: atraem tráfego e faturamento e ganham uma porcentagem dessa receita."
No caso de ligações feitas a países maiores, como Reino Unido ou Portugal, Bernardi explicou que deve haver uma localidade próxima cuja operadora tem que usar os serviços da operadora internacional daquele país.
Segundo a técnica do Procon, o site atrai o internauta com palavras como "free", mas ele normalmente não entende tudo o que está escrito. Segundo ela, em muitos deles não há o esclarecimento de que está sendo feita uma nova conexão telefônica.
De acordo com Lemos, o Procon entende que, se o consumidor não assinou nenhum contrato de prestação de serviços com o provedor, não deve ser obrigado a pagar a conta, pois ele não foi informado de que teria o ônus. Para a entidade, o consumidor deve impugnar o pagamento até ao menos esclarecer do que se trata. As operadoras de telefonia sustentam que prestaram o serviço e que, portanto, devem receber.
De qualquer forma, as teles, a Abranet e o Procon firmaram um acordo de esclarecimento aos usuários, com alertas nos sites e nas faturas, além de rastreamento desses números de telefone.


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