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São Paulo, sábado, 05 de abril de 2003

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EXUBERÂNCIA ARTIFICIAL

Brasil quer turbinar seios nos EUA

ANDREI KHALIP
DA REUTERS, NO RIO

Os seios exuberantes exibidos pelas rainhas da beleza no Carnaval do Rio ou aqueles que distendem os biquínis exibidos nas praias brasileiras muitas vezes têm pouco a ver com a generosidade da natureza.
De fato, uma pequena fábrica no subúrbio do Rio de Janeiro, produtora de implantes de silicone, responde pela maior parte dos decotes ditos "turbinados" neste país tropical famoso pelo culto aos corpos bonitos.
Além de ser responsável pelos implantes de silicone mamário de oito entre dez brasileiras, a Silimed exporta 65% de sua produção e é a terceira maior fornecedora mundial de implantes do gênero.
No terceiro trimestre deste ano, a Silimed abrirá uma nova fábrica, capaz de produzir 500 mil pacotes de implantes de silicone mamários ao ano, mais que três vezes as dimensões atuais de sua capacidade de produção, de 150 mil unidades anuais, enquanto prepara um ataque ao mercado dos EUA.
Usando matéria-prima certificada, importada dos EUA, a Silimed produz principalmente implantes mamários, mas também implantes faciais, glúteos e de testículos, todos fabricados com gel de silicone.
"Podemos conquistar 10% do mercado americano com facilidade, logo no começo das operações, em 2004 ou 2005", diz Antoine Robert, presidente da Silimed, francês que vive no Brasil desde 1974.
Por enquanto, os implantes da Silimed vêm passando por testes clínicos nos EUA. Mil pacientes precisam ser estudadas, em dois anos, para que a aprovação seja obtida.
Nos Estados Unidos, são realizados 350 mil implantes mamários ao ano -60% da demanda mundial.
No Brasil, entre 25 mil e 27 mil mulheres passam por cirurgias de aumento de seios a cada ano. Os pacotes de silicone com o logotipo da Silimed foram usados por 19 mil mulheres em 2003.
Robert e Margaret Figueiredo, sua sócia, criaram a empresa 25 anos atrás.
"Agora exportamos para 50 países, e o mercado local começou a florescer há cinco anos", diz Figueiredo, que era professora de francês e marchand antes de fundar a Silimed.
A empresa atravessou inúmeras crises econômicas e conseguiu construir sua fábrica, avaliada em US$ 4,5 milhões, com dinheiro gerado por seus próprios negócios.
Embora tamanhos maiores sejam fornecidos à Europa, a Silimed não produz os megapacotes populares no mundo da pornografia. "Uma norte-americana bem magrinha e com implantes enormes de silicone nos seios nos pediu recentemente que produzíssemos um novo implante de quatro litros, mas não fazemos essas coisas", disse Figueiredo.


Tradução de Paulo Migliacci


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