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Indústria automobilística descarta "bolha" de crédito
Licenciamento de 648 mil veículos cresce 31,4% ante igual período de 2007
De acordo com a associação de fabricantes, ampliação do mercado, que bateu recorde no 1º trimestre, ocorre de forma sustentável
KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE
Sustentada pelas vendas no
mercado interno, a produção
de veículos bateu recordes em
março. A Anfavea (Associação
Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores) afirmou que a expansão não preocupa e negou que o setor viva
uma bolha de crédito.
Foram produzidos 280,6 mil
veículos em março, alta de
13,4% na comparação com
março de 2007. No trimestre, a
produção alcançou 783 mil unidades, alta de 19,3% em relação
a igual período do ano passado.
As vendas no mercado doméstico foram de 232,1 mil em
março, alta de 20% em relação
ao mesmo mês de 2007. Nos
três primeiros meses do ano, os
licenciamentos alcançaram o
recorde de 648 mil unidades,
aumento de 31,4% em relação
ao mesmo intervalo de 2007.
O presidente da Anfavea,
Jackson Schneider, apontou
como motivos para o aquecimento a expansão do crédito, a
manutenção dos juros e a estabilidade econômica, além do
aumento da massa salarial e do
emprego.
Segundo ele, o mercado cresce há seis anos consecutivos de
forma sustentável. "Não acho
que seja uma bolha, nem no setor nem no país."
Schneider afirmou que o
crescimento sustentável elimina qualquer necessidade de
restrição ao crédito, mencionada na semana passada, mas já
descartada pelo governo. "Nossas condições de crédito são
consistentes. Os financiamentos, no Brasil, são feitos com a
maior segurança, e os prazos
longos são residuais, a média é
de 42 meses", afirmou.
O saldo do crédito para aquisição de veículos no primeiro
bimestre cresceu 44,9% em
comparação ao mesmo período
de 2007, para R$ 116,8 bilhões,
segundo a Anef (associação das
financeiras das montadoras).
André Beer, ex-presidente da
Anfavea e consultor do setor,
afirmou que a indústria tem
condições de atender a demanda, e a expansão do crédito não
oferece risco.
Para ele, "o governo fez as
contas e descobriu que acabar
com o prazo longo teria impacto zero, por isso desistiu".
Beer ressaltou que o Brasil
tem 7,5 habitantes por veículo.
Para alcançar os níveis da Argentina ou do México, de cerca
de 5,5 habitantes por veículo, as
vendas teriam de manter esse
crescimento por cinco anos.
Exportações
As exportações registraram
queda de 8,8% em unidades
embarcadas em março, na
comparação com o mesmo mês
de 2007, com 62,5 mil veículos.
Em valores, no entanto, as vendas externas tiveram alta de
3%, sustentadas pelo aumento
de preço e pela venda de modelos de maior valor.
Segundo Schneider, os veículos de menor valor agregado estão perdendo espaço no exterior, e os mais caros são mais
competitivos. No trimestre, as
exportações somaram US$ 3,2
bilhões.
Em março, as importações
somaram 28.064 unidades, alta
de 46,1% na comparação com o
mesmo mês de 2007. No trimestre, foram 80.818 unidades,
alta de 59,8%.
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