São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Indústria automobilística descarta "bolha" de crédito

Licenciamento de 648 mil veículos cresce 31,4% ante igual período de 2007

De acordo com a associação de fabricantes, ampliação do mercado, que bateu recorde no 1º trimestre, ocorre de forma sustentável

KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE

Sustentada pelas vendas no mercado interno, a produção de veículos bateu recordes em março. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) afirmou que a expansão não preocupa e negou que o setor viva uma bolha de crédito.
Foram produzidos 280,6 mil veículos em março, alta de 13,4% na comparação com março de 2007. No trimestre, a produção alcançou 783 mil unidades, alta de 19,3% em relação a igual período do ano passado.
As vendas no mercado doméstico foram de 232,1 mil em março, alta de 20% em relação ao mesmo mês de 2007. Nos três primeiros meses do ano, os licenciamentos alcançaram o recorde de 648 mil unidades, aumento de 31,4% em relação ao mesmo intervalo de 2007.
O presidente da Anfavea, Jackson Schneider, apontou como motivos para o aquecimento a expansão do crédito, a manutenção dos juros e a estabilidade econômica, além do aumento da massa salarial e do emprego.
Segundo ele, o mercado cresce há seis anos consecutivos de forma sustentável. "Não acho que seja uma bolha, nem no setor nem no país."
Schneider afirmou que o crescimento sustentável elimina qualquer necessidade de restrição ao crédito, mencionada na semana passada, mas já descartada pelo governo. "Nossas condições de crédito são consistentes. Os financiamentos, no Brasil, são feitos com a maior segurança, e os prazos longos são residuais, a média é de 42 meses", afirmou.
O saldo do crédito para aquisição de veículos no primeiro bimestre cresceu 44,9% em comparação ao mesmo período de 2007, para R$ 116,8 bilhões, segundo a Anef (associação das financeiras das montadoras).
André Beer, ex-presidente da Anfavea e consultor do setor, afirmou que a indústria tem condições de atender a demanda, e a expansão do crédito não oferece risco.
Para ele, "o governo fez as contas e descobriu que acabar com o prazo longo teria impacto zero, por isso desistiu".
Beer ressaltou que o Brasil tem 7,5 habitantes por veículo. Para alcançar os níveis da Argentina ou do México, de cerca de 5,5 habitantes por veículo, as vendas teriam de manter esse crescimento por cinco anos.

Exportações
As exportações registraram queda de 8,8% em unidades embarcadas em março, na comparação com o mesmo mês de 2007, com 62,5 mil veículos. Em valores, no entanto, as vendas externas tiveram alta de 3%, sustentadas pelo aumento de preço e pela venda de modelos de maior valor.
Segundo Schneider, os veículos de menor valor agregado estão perdendo espaço no exterior, e os mais caros são mais competitivos. No trimestre, as exportações somaram US$ 3,2 bilhões.
Em março, as importações somaram 28.064 unidades, alta de 46,1% na comparação com o mesmo mês de 2007. No trimestre, foram 80.818 unidades, alta de 59,8%.


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