São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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Assessor econômico de Obama recebeu US$ 5 mi de fundo

Lawrence Summers também foi pago por serviços prestados a bancos como o Citi, que recebeu socorro do governo dos EUA

No total, assessor recebeu US$ 7,7 mi; Casa Branca nega conflito de interesses, ao dizer que, quando prestou serviços, Summers não era do governo

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Lawrence Summers, principal assessor econômico do presidente dos EUA, Barack Obama, recebeu ao menos US$ 7,7 milhões (R$ 17 milhões) nos últimos 16 meses trabalhando para o fundo de hedge (tipo de fundo de caráter agressivo) D. E. Shaw e concedendo palestras a bancos agora socorridos com dinheiro público.
Em 30 de julho de 2008, menos de dois meses antes de entrar em concordata e finalmente falir, o banco Lehman Brothers, por exemplo, pagou US$ 67,5 mil para Summers por uma palestra concedida a alguns de seus funcionários.
Do Citigroup, que já recebeu mais de US$ 45 bilhões em dinheiro dos contribuintes para se manter à tona, Summers, embolsou US$ 45 mil. Do JPMorgan, também socorrido, outros US$ 67,5 mil. Em 12 de novembro passado, quando a crise atual já se alastrara por todo o sistema financeiro e Obama já estava eleito presidente, Summers recebeu outros US$ 45 mil do Merrill Lynch.
Ao saber que o banco seria contemplado com ajuda estatal, ele decidiu doar o dinheiro para instituições de caridade.
Os dados fazem parte de uma série de informações divulgadas pelos principais assessores de Obama na Casa Branca, que são obrigados a prestar esclarecimentos sobre conduta e pagamentos recebidos para atuarem próximos ao presidente.
Summers, que é ex-presidente da Universidade Harvard e foi secretário do Tesouro do ex-presidente norte-americano Bill Clinton, recebeu só do fundo de hedge D. E. Shaw US$ 5 milhões. A exemplo do ex-presidente do Fed (o banco central dos EUA) Alan Greenspan, no passado Summers foi defensor da não regulamentação de uma série de atividades e produtos financeiros que levaram à crise financeira atual.
O D. E. Shaw é um dos maiores fundos de investimentos do mundo, com ativos de cerca de US$ 30 bilhões.
Ao negar o aparente conflito de interesses, o porta-voz da Casa Branca, Ben LaBolt, disse que "à época Summers não era assessor do presidente nem funcionário das empresas para as quais prestou serviços".
"Obviamente, desde que ingressou na Casa Branca, Summers tem obedecido a todas as regras éticas estritas e está impedido de tomar participação em qualquer decisão que inclua o fundo D. E. Shaw por um prazo mínimo de dois anos."
Outro assessor de Obama, Michael Froman, atualmente voltado a assuntos econômicos internacionais, também recebeu mais de US$ 7,4 milhões em 2008 do Citigroup. No valor, está incluso um bônus de US$ 2,2 milhões pago pelo banco, um dos que mais receberam dinheiro do Estado desde o agravamento da crise.


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