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Assessor econômico de Obama recebeu US$ 5 mi de fundo
Lawrence Summers também foi pago por serviços prestados a bancos como o Citi, que recebeu socorro do governo dos EUA
No total, assessor recebeu
US$ 7,7 mi; Casa Branca nega
conflito de interesses, ao dizer
que, quando prestou serviços,
Summers não era do governo
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Lawrence Summers, principal assessor econômico do presidente dos EUA, Barack Obama, recebeu ao menos US$ 7,7
milhões (R$ 17 milhões) nos últimos 16 meses trabalhando
para o fundo de hedge (tipo de
fundo de caráter agressivo) D.
E. Shaw e concedendo palestras a bancos agora socorridos
com dinheiro público.
Em 30 de julho de 2008, menos de dois meses antes de entrar em concordata e finalmente falir, o banco Lehman Brothers, por exemplo, pagou US$
67,5 mil para Summers por
uma palestra concedida a alguns de seus funcionários.
Do Citigroup, que já recebeu
mais de US$ 45 bilhões em dinheiro dos contribuintes para
se manter à tona, Summers,
embolsou US$ 45 mil. Do
JPMorgan, também socorrido,
outros US$ 67,5 mil. Em 12 de
novembro passado, quando a
crise atual já se alastrara por todo o sistema financeiro e Obama já estava eleito presidente,
Summers recebeu outros US$
45 mil do Merrill Lynch.
Ao saber que o banco seria
contemplado com ajuda estatal, ele decidiu doar o dinheiro
para instituições de caridade.
Os dados fazem parte de uma
série de informações divulgadas pelos principais assessores
de Obama na Casa Branca, que
são obrigados a prestar esclarecimentos sobre conduta e pagamentos recebidos para atuarem próximos ao presidente.
Summers, que é ex-presidente da Universidade Harvard e
foi secretário do Tesouro do ex-presidente norte-americano
Bill Clinton, recebeu só do fundo de hedge D. E. Shaw US$ 5
milhões. A exemplo do ex-presidente do Fed (o banco central
dos EUA) Alan Greenspan, no
passado Summers foi defensor
da não regulamentação de uma
série de atividades e produtos
financeiros que levaram à crise
financeira atual.
O D. E. Shaw é um dos maiores fundos de investimentos do
mundo, com ativos de cerca de
US$ 30 bilhões.
Ao negar o aparente conflito
de interesses, o porta-voz da
Casa Branca, Ben LaBolt, disse
que "à época Summers não era
assessor do presidente nem
funcionário das empresas para
as quais prestou serviços".
"Obviamente, desde que ingressou na Casa Branca, Summers tem obedecido a todas as
regras éticas estritas e está impedido de tomar participação
em qualquer decisão que inclua
o fundo D. E. Shaw por um prazo mínimo de dois anos."
Outro assessor de Obama,
Michael Froman, atualmente
voltado a assuntos econômicos
internacionais, também recebeu mais de US$ 7,4 milhões
em 2008 do Citigroup. No valor, está incluso um bônus de
US$ 2,2 milhões pago pelo banco, um dos que mais receberam
dinheiro do Estado desde o
agravamento da crise.
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