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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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Para diretor do BCE, taxa não explica freada

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o espanhol Eugenio Domingo Solans, 57, membro permanente do conselho de diretores do Banco Central Europeu, o nível atual das taxas na região da zona do euro não pode ser apontado como o responsável pela estagnação econômica do bloco. "A taxa atual está no patamar -ou bem próxima- do seu nível mais baixo nos últimos 50 anos."
Alinhado com a posição oficial do banco de não antecipar os passos, Solans se esquivou de responder se haverá a taxa será mudada na reunião de hoje.
Apesar disso, a expectativa do mercado é que o BCE reduza a taxa para 2%, já que estudos realizados pelo próprio banco mostram que a inflação -principal preocupação do BCE- está em queda, abaixo da meta de 2%.
A despeito das vozes eurocéticas, Solans também declara otimismo com a retomada do crescimento. "Nossa expectativa é que no final deste ano veremos sinais de um crescimento gradual do PIB ", diz. (CÍNTIA CARDOSO)

Folha - O sr. concorda com a afirmação segundo a qual o atual patamar de juros é uma barreira para a retomada do crescimento na União Européia?
Eugenio Domingo Solans -
É fácil explicar que esse não é o caso. Basta lembrar que a taxa atual está no patamar -ou bem próxima- do seu nível mais baixo nos últimos 50 anos. Isso significa que as atuais condições monetárias e financeiras estabelecidas pelo banco não são empecilho para gerar crescimento econômico.

Folha - O sr. não acredita no que o mercado tem pregado, ou seja, que um corte na taxa de juros é inevitável?
Solans -
O conselho decidirá sobre isso no momento apropriado. Estamos observando e coletando informações.

Folha - Apesar das pressões, o BCE manteve a decisão de não cortar a taxa de juros na última reunião em 8 de maio. Por quê?
Solans -
Na ocasião, levamos em consideração todas as informações sobre as condições econômicas, financeiras e monetárias da zona do euro e diante delas decidimos que a manutenção da taxa de juros era adequada.
Também levamos em consideração que houve uma redução significativa das incertezas geopolíticas, com o fim da ação militar no Iraque. Isso fez com que desaparecesse o risco de entraves à retomada da economia.
Folha - Como a UE poderá retomar o crescimento?
Solans - A recuperação vai se basear na estabilidade das condições monetárias e financeiras da região, sobretudo em taxas de juros em níveis baixos. A redução de incertezas geopolíticas e a retomada do crescimento global também terão um papel importante.
No entanto temos consciência de que ainda há um número razoável de riscos, tais como a lentidão de reformas econômicas e estruturais na zona do euro e as novas incertezas geradas pelo impacto da Sars nas economias asiáticas e também na economia mundial.


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