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Para diretor do BCE,
taxa não explica freada
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o espanhol Eugenio Domingo Solans, 57, membro permanente do conselho de diretores
do Banco Central Europeu, o nível atual das taxas na região da zona do euro não pode ser apontado
como o responsável pela estagnação econômica do bloco. "A taxa
atual está no patamar -ou bem
próxima- do seu nível mais baixo nos últimos 50 anos."
Alinhado com a posição oficial
do banco de não antecipar os passos, Solans se esquivou de responder se haverá a taxa será mudada
na reunião de hoje.
Apesar disso, a expectativa do
mercado é que o BCE reduza a taxa para 2%, já que estudos realizados pelo próprio banco mostram
que a inflação -principal preocupação do BCE- está em queda, abaixo da meta de 2%.
A despeito das vozes eurocéticas, Solans também declara otimismo com a retomada do crescimento. "Nossa expectativa é que
no final deste ano veremos sinais
de um crescimento gradual do
PIB ", diz.
(CÍNTIA CARDOSO)
Folha - O sr. concorda com a afirmação segundo a qual o atual patamar de juros é uma barreira para
a retomada do crescimento na
União Européia?
Eugenio Domingo Solans - É fácil
explicar que esse não é o caso.
Basta lembrar que a taxa atual está
no patamar -ou bem próxima- do seu nível mais baixo nos
últimos 50 anos. Isso significa que
as atuais condições monetárias e
financeiras estabelecidas pelo
banco não são empecilho para gerar crescimento econômico.
Folha - O sr. não acredita no que o
mercado tem pregado, ou seja, que
um corte na taxa de juros é inevitável?
Solans - O conselho decidirá sobre isso no momento apropriado.
Estamos observando e coletando
informações.
Folha - Apesar das pressões, o
BCE manteve a decisão de não cortar a taxa de juros na última reunião em 8 de maio. Por quê?
Solans - Na ocasião, levamos em
consideração todas as informações sobre as condições econômicas, financeiras e monetárias da
zona do euro e diante delas decidimos que a manutenção da taxa
de juros era adequada.
Também levamos em consideração que houve uma redução
significativa das incertezas geopolíticas, com o fim da ação militar
no Iraque. Isso fez com que desaparecesse o risco de entraves à retomada da economia.
Folha - Como a UE poderá retomar o crescimento?
Solans - A recuperação vai se
basear na estabilidade das condições monetárias e financeiras da
região, sobretudo em taxas de juros em níveis baixos. A redução
de incertezas geopolíticas e a retomada do crescimento global também terão um papel importante.
No entanto temos consciência
de que ainda há um número razoável de riscos, tais como a lentidão de reformas econômicas e estruturais na zona do euro e as novas incertezas geradas pelo impacto da Sars nas economias asiáticas e também na economia
mundial.
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