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TRABALHO
Funcionários poderão ficar afastados por mais de cinco meses, segundo alteração na medida provisória
Governo amplia a demissão temporária
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
O governo alterou a medida provisória da suspensão temporária
do contrato de trabalho, ampliando o tempo máximo que os trabalhadores podem ficar afastados de
suas funções.
Desde que foi criada, em novembro do ano passado, a suspensão
temporária do contrato de trabalho estava prevista para durar de
dois a cinco meses, uma única vez
a cada 16 meses.
Agora, a suspensão temporária
do contrato poderá ser renovada,
se tiver aprovação do sindicato de
trabalhadores e do empregado.
O Ministério do Trabalho incluiu
um parágrafo na medida provisória que permite prorrogar o limite
de cinco meses, sem definir um outro prazo máximo.
A medida provisória da suspensão temporária do contrato de trabalho, nº 1.779/11, foi reeditada ontem no "Diário Oficial" da União.
Durante a suspensão do contrato, o trabalhador afastado tem que
frequentar cursos ou programas
de qualificação profissional oferecidos pelo empregador.
Nesse período, ele recebe mensalmente uma bolsa no valor de
uma parcela do seguro-desemprego, de no máximo R$ 243, custeada
pelo FAT (Fundo de Amparo ao
Trabalhador).
O sindicato de trabalhadores e o
próprio empregado têm que aprovar a suspensão, podendo negociar com o empregador uma remuneração adicional à bolsa.
A suspensão temporária foi criada em novembro do ano passado
como uma compensação ao ajuste
fiscal anunciado pelo governo
após a crise da Rússia. Os sindicatos, prevendo recessão para 99, reivindicavam medidas emergenciais
de combate ao desemprego.
A Secretaria de Relações do Trabalho do ministério ainda não tem
dados consolidados sobre o número de acordos feitos suspendendo
o contrato de trabalho.
A medida, porém, foi usada por
montadoras de veículos e pequenas indústrias de autopeças, que
entraram em crise com a queda
nas vendas de automóveis.
O Ministério do Trabalho alterou
a medida provisória da suspensão
temporária atendendo a pedidos
dos dirigentes dos sindicatos de
metalúrgicos de São Paulo, ligado
à Força Sindical, e do ABC paulista, filiado à CUT.
Segundo a Folha apurou, os sindicalistas queriam ampliar o prazo
máximo da suspensão temporária
para tentar resolver a situação dos
cerca de 1.900 funcionários da
Ford que estão afastados desde o
início do ano.
Prevendo queda no mercado de
veículos neste ano, a montadora
norte-americana tentou demitir
em janeiro passado 2.800 trabalhadores ( 41% do seu efetivo) da fábrica de São Bernardo.
Além disso, a Ford alegava ter excedentes de funcionários nas unidades do Ipiranga, na capital paulista, e de Taubaté, no interior de
São Paulo. Depois de protestos e
intensas negociações com os sindicatos, a Ford decidiu abrir um programa de demissões voluntárias e
suspender o contrato de trabalho
dos funcionários excedentes que
não quisessem deixar a empresa.
Cerca de 1.900 metalúrgicos, nas
três unidades, ficaram com o contrato de trabalho suspenso, cujo
prazo máximo de afastamento está
acabando.
De acordo com os sindicalistas, a
Ford não teria interesse em reintegrar os trabalhadores. O período
de suspensão dos trabalhadores da
Ford em São Bernardo e em Taubaté acabou no início deste mês.
Eles ainda têm um mês de férias
coletivas.
"No retorno do pessoal, queremos ter a situação toda resolvida",
disse o presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho. No Ipiranga, a suspensão vai
até agosto.
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