RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande

As companhias telefônicas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, adquiridas em 98 pelo consórcio formado pelo banco Opportunity e pela Telecom Italia, demitiram de uma só vez 206 funcionários às vésperas do feriado.
Desde a privatização, as demissões chegam a 28,5% do total do quadro de funcionários, na companhia mato-grossense, e 41%, na sul-mato-grossense.
O presidente do sindicato dos empregados em telefonia em Mato Grosso, José Vicente Marques Filho, disse que os funcionários demitidos ficaram "psicologicamente abalados". Segundo ele, os demitidos tinham que abandonar imediatamente suas tarefas e deixar a empresa.
Toda a holding, denominada Tele Centro-Sul, que engloba sete Estados, o Distrito Federal e o município de Pelotas (RS), registrou um lucro líquido de R$ 300 milhões no ano passado.
Dos 890 funcionários existentes em Mato Grosso antes da privatização, 256 perderam o emprego.
No Mato Grosso do Sul, dos mil empregados, 414 foram demitidos, 300 deles por meio de um programa de desligamento voluntário. Os efeitos das demissões já estão sendo sentidos no Estado, segundo o presidente do sindicato dos empregados, André José.
A Telems liderou o ranking de empresas com maior volume de queixas no Procon em abril, com 72 reclamações, segundo o secretário de Estado de Justiça e Cidadania, Celso Philbois. Ele pretende iniciar um debate com a Telems para tentar melhorar os serviços oferecidos pela empresa privatizada. As maiores reclamações são por demora na instalação de linhas telefônicas e cobranças abusivas.

Adaptação
O diretor de recursos humanos da regional da Tele Centro-Sul (que compreende os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre e Rondônia), Eléu Magno Bacon, disse aos sindicalistas dos dois Estados onde ocorreram demissões que não haverá mais cortes de pessoal. A declaração foi feita em reuniões na terça e na quarta-feira.
Segundo o diretor teria dito aos sindicalistas, as medidas eram necessárias para cumprir orientações feitas por uma empresa de consultoria internacional para adaptar a empresa ao novo cenário de competição empresarial nas telecomunicações do país.
A Telems informou, na quarta-feira, que os funcionários demitidos receberão, além da verba rescisória legal, adicionais que vão levar em conta a idade e o tempo de serviço do demitido. A empresa informou que recorrerá aos serviços de uma empresa especializada para orientar a recolocação dos funcionários no mercado de trabalho.
Procurado ontem pela Agência Folha, Bacon não foi localizado. O setor administrativo da empresa não funcionou ontem em Campo Grande. Em Cuiabá, apenas alguns setores funcionaram. Outros, em expediente reduzido.


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