São Paulo, sexta-feira, 05 de julho de 2002

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Brasil não precisa de ajuda, diz FMI

DA REDAÇÃO

O FMI (Fundo Monetário Internacional) estaria pronto para ajudar o Brasil, caso seja necessário, mas este ainda não é o momento. Segundo o diretor-gerente da instituição, o economista alemão Horst Köhler, o país não vive uma crise econômica e não há motivos para um novo acordo de socorro agora.
"Tenho a convicção de que a situação brasileira é administrável, e faremos tudo para mantê-la administrável", afirmou Köhler, falando a um comitê de parlamentares britânicos, em Londres. "Não vejo, no momento, a necessidade de determinar um novo pacote de ajuda."
O "número 1" do órgão multilateral de ajuda econômica afirmou ainda que uma prova da disposição do FMI a ajudar o Brasil foi a rápida liberação, no mês passado, dos US$ 10 bilhões que o país tinha direito de sacar dentro do programa de socorro acertado no ano passado.
Köhler disse ainda aos parlamentares que, se o novo presidente brasileiro mantiver as linhas gerais da política econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso, o país não deverá passar por maiores dificuldades.
Mas boa parte dos analistas do mercado financeiro internacional não compartilha de tal opinião. O risco-país brasileiro, acima dos 1.700 pontos, indicaria, para o mercado, uma chance de 40% de o país dar um calote (ou ao menos reestruturar parte da dívida) dentro dos próximos 18 meses.

Histeria
Anteontem, durante uma entrevista em Frankfurt, o diretor do FMI falou que os mercados passavam por um "ataque histérico" em relação ao Brasil e que os fundamentos econômicos do país não justificam tal turbulência.
Köhler atribuiu a questões eleitorais a atual crise de confiança que o país enfrenta no momento. Mas afirmou que os investidores não deveriam temer uma vitória da oposição, que estaria comprometida com a responsabilidade fiscal e monetária.
O diretor-gerente do Fundo também disse aos parlamentares que os países ricos deveriam se abrir aos pobres, mas que estes têm a responsabilidade de também abrir as fronteiras e implantar políticas econômicas coerentes. "Os atuais padrões comerciais precisam mudar", disse Köhler.
De acordo com o diretor, países como Coréia do Sul, China, Cingapura e México são exemplos a serem seguidos por nações africanas. "Os países pobres não podem reivindicar mais acesso aos mercados internacionais se eles mesmos não exploram as oportunidades de comércio que há entre eles", disse Köhler.


Com agências internacionais


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