São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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Gasto com investimentos da Petrobras aumenta 66%

Desembolso previsto sobe de R$ 52,4 bi em 2006/10 para R$ 87,1 bi em 2007/11

Projetos de exploração e produção de gás e óleo leve são destaque; importação de gás da Bolívia continuará em 30 mi de metros cúbicos

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A inclusão de novos projetos, especialmente na área de exploração e produção, e um forte aumento de custos com a aquisição de bens e serviços levaram à Petrobras a elevar os investimentos previstos em seu plano estratégico de R$ 52,4 bilhões de 2006 a 2010 para R$ 87,1 bilhões de 2007 a 2011. Trata-se de um incremento de 66%, ou R$ 34,7 bilhões.
Em novos projetos, a estatal investirá R$ 17,4 bilhões a mais no plano atual, principalmente na área de exploração e produção (R$ 5,2 bilhões).
Segundo o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o foco é aumentar a produção de gás com o objetivo de atender o aumento anual de 17% do consumo de 2007 a 2011 e de óleo leve -de maior valor comercial do que o óleo pesado produzido majoritariamente pela estatal.
Passaram a integrar o plano de negócios da empresa quatro novos projetos de plataformas, com capacidade de produção de 560 mil barris de petróleo por dia.
Gabrielli disse que os problemas na Bolívia não foram considerados na elaboração do plano. A companhia manteve a previsão de importar 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia do país vizinho, conforme prevê o contrato assinado com a YPFB (a estatal boliviana de petróleo e gás).

Mais unidades
Todo o consumo adicional será suprido pelo aumento da produção nacional e pelas importações por meio de GNL (Gás Liqüefeito de Petróleo), comprimido sob a forma líqüida e transportado em navios.
A instalação de duas unidades de reconversão do gás para a forma gasosa estão contempladas no novo plano da estatal.
A Petrobras projeta que o mercado de gás natural crescerá dos atuais 38,8 milhões de metros cúbicos por dia para 99,2 milhões de metros cúbicos por dia em 2011.
Já o aumento de custos nas contratações de bens e serviços representaram incremento de US$ 7,8 bilhões do antigo para o novo plano.
De acordo com Gabrielli, esse é um "fenômeno de toda a indústria", que sofre com a elevação de custos decorrente dos altos preços do petróleo e do aquecimento do setor.

Correção cambial
No seu novo plano, a Petrobras também corrigiu a taxa de câmbio projetada, de R$ 3,01 para R$ 2,50. Essa alteração provocou o aumento de US$ 4,2 bilhões em razão da valorização do real.
Novos projetos, custos maiores e a valorização do real são os principais fatores para o aumento dos investimentos.
Em seu novo plano, a Petrobras também traçou metas de produção, que não subirá na mesma proporção dos investimentos.
A extração de óleo no Brasil passará de 1,880 milhão de barris por dia em 2006 para 2,374 milhões em 2011 -alta de 26%.
Considerando os campos no exterior, subirá de 2,403 milhões de barris por dia para 3,493 milhões. A Petrobras revisou ainda a projeção para o aumento do consumo -de 2,6% para 3% ao ano.
Para sustentar seu plano de investimentos (de US$ 17,4 bilhões ao ano), a Petrobras irá captar US$ 3,1 bilhões no exterior de 2007 a 2011 -o restante virá do próprio caixa da companhia.

Interferência política
Indagado sobre uma suposta influência do calendário eleitoral, Gabrielli disse que não foi feita "nenhuma avaliação" política na elaboração do plano.
Ele afirmou ainda que os investimentos serão feitos mesmo se, no próximo governo, houver a troca de comando na estatal: "A empresa continua depois das eleições."
O executivo ressaltou, no entanto, que o novo plano de negócios da estatal irá gerar 840 mil empregos diretos e indiretos por ano.


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