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MERCOSUL
País defende código para padronizar captação de investimento externo e evitar vantagem de um membro do bloco
Argentina quer regulamentar incentivos
AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires
O governo argentino defende
que o Mercosul tenha um código
para regulamentar os benefícios
fiscais dados pelos quatro países
do bloco (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).
"Seria um código de conduta
para os incentivos aos investimentos em todos os setores", disse o
subsecretário de Comércio Exterior da Argentina, Felix Peña.
A proposta padronizaria as regras do Mercosul para captar investimentos externos e evitaria
que um país tivesse vantagem sobre o outro por oferecer diferentes
benefícios fiscais. A idéia ainda
não está sendo discutida pelos governos dos quatro países.
"O Mercosul não está estagnado, mas tem de resolver agora seus
problemas, porque eles podem se
tornar mais difíceis no futuro. Não
podemos esperar as eleições no
Brasil (1998) e na Argentina (1999)
para avançar", disse Peña.
Regime automotivo
Os incentivos brasileiros para as
montadoras estrangeiras impedem um acordo sobre o regime
automotivo do Mercosul. Há benefícios estaduais previstos para
acabar no próximo século.
A Argentina quer a eliminação
desses benefícios a partir do ano
2000 -quando entra em vigor o
regime automotivo comum-, ou
a aplicação de uma alíquota de
compensação para produtos subsidiados.
"Todos os quatro países têm incentivos que distorcem a competitividade, não é só o Brasil. Estamos procurando uma norma técnica para regular benefícios já dados", afirmou o ministro brasileiro José Botafogo Gonçalves (Indústria e Comércio).
Depois da negociação da semana
passada, Botafogo disse que os
países não chegarão a um acordo
completo até a reunião de cúpula
do Mercosul neste mês, em Ushuaia (extremo sul argentino).
Haveria apenas a "espinha dorsal" do regime.
Ushuaia
O governo argentino quer avançar na reunião de Ushuaia em
acordos nos setores de serviço e
compras governamentais. A legislação brasileira prevê restrições
para atuação de empresas estrangeiras no país.
"Não estou reivindicando nada
do Brasil, estou constatando que
as empresas brasileiras podem
operar livremente na Argentina e
nós, não", afirmou Felix Peña.
Uma das principais reivindicações do Brasil é a inclusão do açúcar, que tem norma específica por
pressão da Argentina, nas regras
comerciais do bloco.
A pendência dificilmente será
resolvida este mês. Segundo Peña,
somente agora técnicos dos países
começaram a discussão para elaborar parecer sobre o problema.
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